A baixa taxa de desemprego no Brasil

Fonte: Confederação Nacional do Comércio Fonte: Confederação Nacional do Comércio[/caption]

Os últimos meses para a economia brasileira não têm sido fáceis: rebaixamento do rating soberano, meta de superávit primário colocada em dúvida, inflação ascendente, contas públicas descontroladas, escândalos relativos a gestão da Petrobras, etc. Contudo, um indicador tem mostrado de forma consistente um panorama positivo: a baixa taxa de desemprego. Segundo o IBGE, em março, a taxa de 5%[1] foi a menor para o mês desde o início da série histórica em 2001.

Quais seriam os motivos para a manutenção de um baixo número de desempregados? Afinal, se a economia vai mal, qual o motivo da taxa de desemprego permanecer baixa? Há diversos fatores, mas é possível enxergar mais claramente os listados abaixo:

Um fator que não pode ser negligenciado é a redução na procura por emprego por parte dos jovens.  Comparando-se a evolução da População em Idade Ativa (PIA) e a População Economicamente Ativa (PEA), ambos indicadores medidos pelo IBGE, nota-se que prossegue constante o percentual daqueles que não procuraram empregos nos últimos meses, haja vista que a PIA é composta por toda população com 15 ou mais anos de idade, enquanto que a PEA indica os trabalhadores ocupados e os desocupados (aqueles que, embora estejam fora do mercado de trabalho, buscaram uma colocação nos últimos meses).[2] [caption id="attachment_499" align="aligncenter" width="569"]Fonte: IBGE Fonte: IBGE[/caption]

Assim, o gráfico indica que parte dos jovens está optando por ficar fora do mercado de trabalho. Muitos escolheram permanecer nos estudos a fim de obter melhor qualificação (como uma pós ou MBA especializado).

Segundo, a renda média do brasileiro vem crescendo nos últimos anos de forma contínua. Com uma “folga” no orçamento, a pressão para a inserção dos mais novos no mercado de trabalho se reduziu. Um dos caminhos tomados por eles pode ter sido o aprimoramento nos estudos, como mencionado acima.

Por último, é possível citar a resistência dos patrões em demitir o corpo de funcionários, devido a aspectos legais (multas, questões com sindicatos, FGTS, férias, etc), assim como por motivos sociais (não ser malvisto pela sociedade por causa das demissões), principalmente no setor bancário. Os empregadores aguardam um melhor momento econômico antes de realizar demissões.

Ao empresário, sobram as opções de reduzir o investimento e aprimorar o processo produtivo, elevando a eficiência da produção. Nesse último caso, podem ocorrer demissões de funcionários, principalmente no setor industrial e automotivo. Nas últimas semanas, voltou-se a debater as demissões voluntárias nas montadoras de veículos, resultado das vendas fracas no início do ano.

De qualquer forma, o fato é que possuímos uma das menores taxas de desemprego do mundo. Enquanto na Europa se fala em 10- 20% (Na Espanha a taxa é de 25%, sendo próxima a 50% para os mais jovens), nos EUA a taxa é próxima de 7%.

O que não podemos esquecer é que a produtividade média dos trabalhadores brasileiros é muito baixa se comparada aos EUA e à Europa. Segundo estudos[3], o Brasil está na 81posição de 122 países considerando a produtividade do trabalho. Segundo a teoria econômica, a capacidade de produzir mais com menos é estritamente relacionado ao crescimento econômico. Devido à baixa especialização e a dificuldade das empresas de reter talentos, o Brasil deixa de crescer no seu potencial.

Sem dúvidas, um ajuste no mercado de trabalho terá de ser realizado futuramente, seja pelo lado da produtividade (oferta de trabalho) ou pelo crescimento pífio da economia (demanda por trabalho). Contudo, como sabemos, isso é assunto para 2015, afinal estamos em ano de eleição! E em ano de eleição, bem, deixa pra lá…

Arthur Solow 10170219_10203335365288648_276252663_o

  [1] http://economia.terra.com.br/taxa-de-desemprego-no-brasil-cai-a-recorde-de-5-em-marco,42939b8d50a65410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html [2] Para mais detalhes, http://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o_em_idade_ativa [3] http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/04/saiba-como-produtividade-no-trabalho-afeta-economia-de-um-pais.html

Arthur Solow

Economista nato da Escola de Economia de São Paulo da FGV. Parente distante - diz ele - do prêmio Nobel de Economia Robert Solow, que, segundo rumores, utilizava um nome artístico haja vista a complexidade do sobrenome. Pós graduado na FGV em Business Analytics e Big Data, pois, afinal, a verdade encontra-se nos dados. Fez de tudo um pouco: foi analista de crédito e carteiras para FIDCs; depois trabalhou com planejamento estratégico e análise de dados; em seguida uma experiência em assessoria política na ALESP e atualmente é especialista em Educação Financeira em uma fintech. E no meio do caminho ainda arrumou tempo para fundar o Terraço Econômico em 2014 =)

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