Como aumentar impostos? Obama vs. Dilma

Convidados Especiais | Sérgio Praça

dilma versus obamaApós um primeiro mandato desastroso na condução econômica do país – crescimento pífio, inflação longe do centro da meta, falta de transparência orçamentária – etc, a presidenta Dilma se vê obrigada a pagar seus próprios erros neste segundo mandato.

Uma maneira bastante impopular de começar a fazer isso é aumentar impostos. O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou há alguns dias medidas como a volta da Cide, imposto que incide sobre a comercialização de combustíveis e aumentar o PIS-Cofins sobre bens importados, entre outras. As propostas serão enviadas ao Congresso através de medidas provisórias – ou seja, entrarão em vigor imediatamente.

Isto significa que não haverá um bom debate sobre as medidas e que, provavelmente, os parlamentares não irão vetá-las. Se o fizerem, a presidenta pode culpá-los por “causar incerteza” e “atrapalhar o governo”.

Mas algo bem difícil de explicar à população é: por que aumentar impostos se a carga tributária já é cerca de 34% do PIB , bastante alta para um serviço público relativamente ruim? E se o governo quer arrecadar mais, por que não taxar os mais ricos logo de uma vez?

Barack Obama está em situação bem mais confortável. Em seu discurso anual ao Congresso norte-americano, Obama defendeu aumentar a tributação de pessoas ricas e empresas do setor financeiro para custear corte de impostos para a classe média. Ou seja, o oposto de Dilma.

Se o Itaú foi tão criticado por “ceder” Neca Setubal à campanha de Marina Silva, por que não iniciar o segundo mandato taxando bancos? Ou grandes empresas? A resposta é simples: porque essas instituições têm como se organizar para frear esse possível aumento, ao contrário da população (dispersa, coordenação quase impossível) e de setores fracos da economia (como o dos cosméticos, que será mais tributado).

Obama propõe aumentar os impostos de quem tem mais poder de fogo no financiamento de campanhas políticas. Proposta polêmica e corajosa. Dilma aumenta impostos para compensar as graves falhas de seu primeiro mandato – deixando de onerar os mais ricos. Proposta tão necessária quanto desastrosa. A presidenta deverá pagar caro por isso nos próximos anos.

Sérgio Praça é doutor em Ciência Política pela USP, pesquisador do Cepesp da FGV-SP e professor de políticas públicas da UFABC

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3 Comentários

  1. Bem, o artigo é interessante para demonstrar que doutorado não é sinônimo de inteligência ou conhecimento além da média, infelizmente parece indicar um padrão sub mediano. Naturalmente tenho algumas divergências com o autor.
    O autor está correto em afirmar que muitas decisões do governo são tomadas tendo como objetivo a satisfação das empresas financiadoras de sua campanha. Isso é não é um fato contra as empresas e sim contra o governo que incentiva tal prática.
    Mas o autor comete dois equívocos, um ao tentar fingir esquecer a quantia de dinheiro que o governo US anualmente destina a grandes empresas nos infinitos formatos pseudo elegantes que a corrupção americana existe. Como exemplo rápido, pense na diversidade de empresas que teriam falido e deveriam ter falido nos últimos anos que foram resgatadas (Hey, com dinheiro alheio até o diabo faz bondade) pelo governo. Não vamos fingir que o governo americano atual é composto de um bando de ripongas socialistas anti-burguesia ou qualquer estupidez do tipo, ele é composto pela mesma corja medíocre de ladrãozinhos de terno que a maioria dos países, Brasil incluso.
    Bem, o primeiro erro pode ser atribuído a um lapso de memória pontual, nada demais, idade chega a todos. Agora o crime real do artigo acima se dá pela solução proposta pelo autor. Tributar os ricos, por que não? É a solução mais lógica possível, não? Se eu tenho sede, eu vou até o rio beber, se eu tenho fome eu pego uma fruta ou mato um animal, se tenho frio faço uma roupa… E no caso de um governo corrupto e falido (BR ou US, tanto faz)? Simples, roubo da pessoa com mais dinheiro. Mérito deve ser dado ao autor, poucos primatas conseguiriam tão incrível extrapolação lógica.
    Sede -> Água
    Fome -> Comida
    Frio -> Roupa
    Governo falido -> Gente rica
    Seria digno de um prêmio Nobel se não fosse por um pequeno detalhe… gente rica não gosta de ser roubada!
    “Como assim? Bando de burguês capitalista filho da puta, como assim eles não gostam de ser roubados?”
    É, eu sei, insano. Mas aparentemente eles não gostam, e não só isso. Eu ouvi dizer que nenhuma pessoa, rica ou pobre, gosta de ser roubada, que nenhuma pessoa gosta de ter sua propriedade privada removida e de ter seu trabalho destituído para benefício de terceiros. Parece que escravidão saiu de moda a algum tempo.
    Mas naturalmente isso não aflige o autor, como poderia? O cara tem um doutorado.
    É o seguinte cara, a tua sub espécie teria sido extinta a muito tempo se não fosse pelo homem que pensou na roda, que pensou em como manter o fogo aceso, que pensou em como afiar uma pedra, em como fundir metal, em como plantar uma semente, em como dimensionar uma viga, em como desenhar uma asa,…
    A sua habilidade em justificar roubo de pessoas produtivas não é útil, você não é útil, você não é produtivo, você não é relevante.
    Mas você está certo que palavras não são necessárias para roubar dinheiro de outra pessoa, o processo de roubo não é voluntário, só precisa-se de uma arma carregada ou de um porrete bem longo. Mas por que quanto tempo você acha que essa estratégia pode ser mantida, por quanto tempo você acha que as pessoas vão voluntariamente concordar em serem vacas leiteiras?
    Eis a minha solução: Deixe cada pessoa ser responsável por si, receber os lucros do seu trabalho e da sua inteligência e de ser penalizada pelas suas decisões erradas. Deixa ela ser livre para produzir e trocar a sua produção pela produção de outras pessoas. Cada pessoa nasce com o direito absoluto sobre sua própria vida e os frutos gerados pelo seu corpo e pela sua mente, qualquer sociedade que diga o contrário está fadada a sua própria destruição, é apenas uma questão de tempo.
    Eu entendo que você tenha medo da proposição acima, não haveria mercado pelos serviços de um burocrata de universidade. Não haveria nenhum governo para roubar de pessoa produtivas e dar para parasitas, infelizmente inanição é uma possibilidade real.
    Mas como eu disse, a sua sub espécie não é relevante. Nunca foi.

    1. Você fala do autor e dá uma sugestão com data vencida há pelo menos uns duzentos anos. Vá se tratar, liberal. Acham que não fazer nada é a solução.Vocês são o câncer da economia.

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