Intervencionismo ingênuo e a sua conta de luz estratosférica

Economia em Pílula. Uma dose rápida de economia no seu dia | por Victor Candido

Em Maio de 2012 o governo tentou uma medida (MP579) arrojada para reduzir em até 18% o custo da energia elétrica brasileira, uma das mais caras do mundo. Porém o intervencionismo foi feito de forma ingênua, ao invés de reduzir fortemente os impostos que oneram a geração de energia, o governo decidiu mexer em complicados mecanismos financeiros que remuneravam os investimentos feitos nas usinas geradoras por seus respectivos operadores. Somasse a isso um dos piores regimes hídricos dos últimos anos, usinas térmicas operando a 100% da capacidade 24 horas por dia e uma conta de luz que pode ter reajustes próximos a 50%.  A energia no chamado mercado livre saiu dos R$50,00 e foi parar nos R$800,00 e devido à chuva nas últimas semanas iniciou uma tendência de queda, agora está na casa dos R$388,00.

[caption id="attachment_2691" align="aligncenter" width="660"]energia mercado livre Fonte: CCEE – Câmara de comercialização de energia elétrica[/caption]

Por consequência o governo criou um imenso rombo nas empresas distribuidoras de energia, inclusive em uma estatal. A perdas em valor de mercado já chegam perto de 50% no caso das empresas privadas e passa desse patamar nas estatais.

[caption id="attachment_2690" align="aligncenter" width="610"]cemigxeletrobrás Fonte: Bloomberg[/caption]

Intervencionismo ingênuo gera efeitos malvados, o que faz sentido no PowerPoint apresentado em Brasília, pode chegar a colocar em cheque toda a estrutura energética nacional.

Victor Candido

Mestre em economia pela Universidade de Brasília (UnB). Economista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Foi economista-chefe de uma das maiores corretoras de valores do país, economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento e atualmente é sócio e economista de uma gestora de fundos de investimento. Foi pesquisador do CPDOC (O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) da FGV-RJ. Ajudou a fundar o Terraço Econômico em 2014.

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