O homem mais pobre do Brasil

Nesta imagem vocês podem contemplar a miséria em que vive o homem mais pobre do Brasil.

Parece piada, mas há quem diga que não é. Sabe aquele estudo que diz que 8 pessoas têm a mesma riqueza que os 50% mais pobres da humanidade? Para chegar na conclusão que Eike é a pessoa mais pobre do Brasil, basta aplicar a mesma metodologia desse estudo sobre desigualdade da Oxfam para “avaliar a riqueza” de Eike Batista.

A definição de riqueza da Oxfam é na verdade “riqueza líquida”. O que significa isso? Significa pegar todos os ativos de alguém e SUBTRAIR a dívida que ele possui. Sim, para a Oxfam você pode ter riqueza negativa.

Com a desvalorização das empresas do Grupo X que quebraram, Eike perdeu bilhões em ativos e ficou com dívidas bilionárias a pagar. No começo de 2015, a “riqueza líquida” de Eike era de R$1 bilhão NEGATIVOS. Pela metodologia da Oxfam, ele era mais pobre que eu e você, era mais pobre até que todos os moradores de rua do Brasil. Agora em 2017, com as dívidas de R$3 bilhões ligadas ao Porto de Açu que podem virar responsabilidade de Eike, talvez ele continue sendo o homem mais pobre do Brasil por algum tempo. Isso não o impedirá de andar de Lamborghini, viajar, não trabalhar, enfim, fazer tudo que eu e você que para a Oxfam “somos mais ricos que ele” jamais conseguiremos fazer.

Para quem leva economia a sério, é realmente triste todo ano ver esse estudo da Oxfam sendo tomado como verdade literal sobre a desigualdade. E a metodologia duvidosa não é a única fragilidade do estudo. As bases de dados que eles utilizam para fazer as inferências também o são. Os dados de dívida das pessoas são muito mais difíceis de acessar do que os de patrimônio, os dados de patrimônio são mais difíceis de acessar dos que os de renda, e os de renda também não são lá muito fáceis de achar dependendo do país que você quer analisar.

Meu conselho é: sejam céticos. Mesmo com esses dados da Oxfam não tendo utilidade para praticamente nenhum pesquisador que trabalha com desigualdade (devido a essas graves limitações), os títulos que noticiam esse estudo de forma sensacionalista como se fosse uma verdade absoluta serão um chamariz anual garantido.

Para saber mais: https://www.ft.com/content/bc09a15d-d04d-3f15-9b61-8bad80392947

Thomas Victor Conti, é doutorando em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp na área de História Econômica

 

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