Os dois grupos investigados na Lava-Jato: quem participou do esquema e quem tentou silenciar os acusados

A delação premiada de Delcídio do Amaral mexeu nas estruturas políticas brasileiras, ao mencionar políticos de diversos partidos, em diversas ocasiões (não só na Lava-Jato, como na CPI dos Correios, Mensalão, entre outros eventos). A repercussão foi arrasadora: governo e oposição não sabem o que está por vir a partir dos fatos narrados pelo ex-líder do governo no Senado, assim como o encorajamento de novas delações dos mencionados por Delcídio.

O corpo está estatelado na sala. Uma hecatombe política sem precedentes. E ninguém sabe muito bem como reagir.

O fato é que, depois de mais de dois anos do início das fases da Operação Lava-Jato, parece que vai se delineando dois grupos de investigados:

  • Aqueles que efetivamente participaram do esquema de desvio de recursos na Petrobras, como os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, o doleiro Yousseff e o lobista Fernando Baiano, entre outros.
  • Aqueles que tentaram silenciar os do grupo acima, como é o caso do próprio Delcídio do Amaral [1], posteriormente preso e autor de uma nova delação; e o mais novo nome: Aloísio Mercadante, atual Ministro da Educação, e pessoa muito próxima de Dilma Rousseff.

O juiz Sergio Moro já deve ter duas pastas para separar os casos. É tantos nomes que fica difícil definir em qual se aprofundar. E pensar que a investigação poderia nem ter ocorrido caso as empreiteiras acusadas tivessem aceitado um acordo de leniência proposto pela Justiça.

O preço era assumir a culpa em atos de corrupção envolvendo a Petrobras e pagar uma indenização a ser rateada entre as empresas. Algo estimado, na época, em R$ 1 bilhão, valor que teria surgido a partir de conversas de Bastos com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A proposta foi recusada. Dois meses depois, a Polícia Federal começou a prender executivos de empresas como Camargo Corrêa, OAS, Engevix, UTC, Andrade Gutierrez e Odebrecht.

No fim das contas, a vida acaba imitando a arte. Como no seriado House of Cards, é preciso esperar até o último momento para descobrir as reais motivações e como as intrigas políticas podem impactar no futuro do Brasil. Novos capítulos da saga estão por vir, e os efeitos são cada vez mais incertos.

Arthur Solowiejczyk

Editor do Terraço Econômico

[1] E quase que a gravação do filho de Nestor Cerveró, Bernardo, que deu origem as investigações contra Delcídio e André Esteves, do BTG, não deu certo. Ver mais detalhes em: http://goo.gl/vSUkqn

[2] Ver mais detalhes em: http://goo.gl/oHgWgB

Arthur Solow

Economista nato da Escola de Economia de São Paulo da FGV. Parente distante - diz ele - do prêmio Nobel de Economia Robert Solow, que, segundo rumores, utilizava um nome artístico haja vista a complexidade do sobrenome. Pós graduado na FGV em Business Analytics e Big Data, pois, afinal, a verdade encontra-se nos dados. Fez de tudo um pouco: foi analista de crédito e carteiras para FIDCs; depois trabalhou com planejamento estratégico e análise de dados; em seguida uma experiência em assessoria política na ALESP e atualmente é especialista em Educação Financeira em uma fintech. E no meio do caminho ainda arrumou tempo para fundar o Terraço Econômico em 2014 =)

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