Processo de ajuste em curso?

Economia em Pílula. Uma dose rápida de economia no seu dia | por Victor Wong

Ontem, o IBGE divulgou a sua pesquisa mensal de emprego (PME). Os dados não são nada alentadores para nossa atividade: aumento da taxa de desemprego de 5,4% para 5,6% em termos dessazonalizados, segundo cálculos do Itaú. Para piorar, a renda real que estava crescendo moderadamente começou a cair. Isso significa que os salários já não estão sendo reajustados acima da inflação [1]. Juntando os dois efeitos, temos uma massa salarial [2] despencando!

Mas o que isso significa? Por que a massa salarial é importante? A massa salarial mede o montante de dinheiro que gira a economia. Menor massa salarial significa menor consumo e demanda, gerando assim menor crescimento, ou até mesmo recessão. Normalmente o processo acontece como uma bola de neve: menor massa salarial, menos consumo, menor demanda por produtos, menores lucros das empresas, mais pessoas demitidas, e novamente menor massa salarial.

Pelo lado bom, se o ajuste for rápido como acontece em outros países [3], a meta de inflação de 4,5% parece factível em 2016. Mas nada que não sabíamos que iria acontecer: em uma economia que não cresce, é difícil manter a taxa de desemprego em níveis baixos.

desemprego salarios massa [1] A metodologia da pesquisa, que é feita por domicílio, faz com que os salários sejam calculados de forma pouco precisa, causando volatilidades espúrias. O último movimento dos salários parece ter sido exagerado, mas sua tendência de queda muito provavelmente continuará. [2] Massa salarial = número de pessoas ocupadas x salário médio das pessoas ocupadas [3] https://terracoeconomico.com.br/crescimento-economico-reversao-a-media-ou-processo-autoalimentado/ Fonte dos gráficos: https://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/macro-brasil/novo-aumento-na-taxa-de-desemprego

Victor Wong

Mestrando pela Escola de Economia de São Paulo da FGV. Já trabalhou no mercado financeiro na área de Pesquisa Econômica. Interessa-se pelas questões fiscais e monetárias, além do fator político de cada uma das decisões tomadas no âmbito nacional e internacional. Em outras palavras, a "macro" é com ele! Porém, bons argumentos nem sempre são suficientes para ganhar discussões. Dessa forma, utiliza-se de suas (poucas) habilidades de barman para embriagar as contrapartes: nada como saber o ponto fraco de seus adversários. Escreveu para o Terraço Econômico entre 2014 e 2015.

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