A relação entre liberdade econômica, escolaridade e renda de um país

Você é um defensor do liberalismo econômico? Mais do que isto, você acredita na melhora no nível de educação do país como propulsor de aumento de renda generalizado?

Pois é, aqui vamos apresentar gráficos gêmeos apontando para esse diagnóstico. Antes de mais nada, devemos frisar que correlações positivas não implicam necessariamente causalidade, mas tais relações passaram nos testes estatísticos de causalidades (Granger).

No gráfico abaixo estamos relacionando o Índice de Liberdade Econômica, cuja metodologia e elaboração pertencem à Heritage Foundation, com a renda per capita de um país. Nas palavras da instituição:

Em uma sociedade economicamente livre, as pessoas são livres para trabalhar, produzir, consumir e investir em qualquer coisa que quiserem. Além disto, os governos permitem que os fatores trabalho e capital se movam livremente, e abstém-se de coação ou restrição da liberdade além do que é necessário para proteger e manter a própria liberdade.[1]

O índice é construído baseando-se em 10 fatores quantitativos e qualitativos, agrupados em quatro grandes categorias, ou pilares, de liberdade econômica:

  • Estado de direito (direitos de propriedade, nível de corrupção);
  • Limitações do governo (liberdade fiscal, gastos do governo);
  • Eficiência regulamentar (liberdade comercial, liberdade de trabalho, liberdade monetária);
  • Mercado aberto (liberdade de comércio, liberdade de investimento, liberdade financeira).

Pois bem, relacionando uma série de 119 países com suas respectivas rendas per capita (em paridade poder de compra), chegamos ao gráfico abaixo, no qual nota-se forte relação positiva entras as duas séries. Em outras palavras, quanto maior a liberdade econômica de um país, maior a sua renda. Encabeçando esta relação temos Singapura, os Estados Unidos e a Alemanha, ao passo que o Brasil se encontra num nível bem abaixo desses países ou de parceiros como o caso do Chile.

[caption id="attachment_7316" align="aligncenter" width="684"]l1 Fonte: Heritage Foundation, Banco Mundial. Elaboração própria.[/caption]

Aproveitando dos mesmos Índices de Liberdade, relacionando-os com o nível médio de escolaridade em anos, calculado pelas Nações Unidas, enxergamos a mesma relação positiva. Aqui no caso, quanto maior for a liberdade econômica de um país, maior o nível de instrução de seus habitantes (o contrário não foi capaz de passar no teste de causalidade Granger[2]). Os mesmos países do exercício anterior encabeçam a relação.

[caption id="attachment_7317" align="aligncenter" width="684"]l2 Fonte: UNDP e Heritage Foundation. Elaboração própria.[/caption]

Por fim, embora a análise aqui confessadamente seja superficial, dado que uma porção de outras variáveis não são levadas em conta, não podemos descartar a importância da liberdade econômica de um país para um maior nível de escolaridade da sua população e assim atingir uma renda maior. A mão invisível tão criticada por algumas linhas aqui no Brasil parece ter ajudado e muito alguns países amantes a individualidade.

Arthur Lula Mota

Editor Terraço Econômico

[1] http://www.heritage.org/index/about

[2] Devemos pontuar que o teste de Granger não se propõe a identificar uma relação de causalidade no seu sentido de endogeneidade, mas que visa superar as limitações do uso de simples correlações entre variáveis, determinando o sentido causal entre duas variáveis.

Arthur Lula Mota

Mestre em Economia Aplicada pela Universidade de São Paulo (USP/ESALQ) e Bacharel em Economia pela Universidade Federal de São Paulo. Já trabalhou no mercado financeiro, auxiliando mesa de operações de fundos institucionais e departamento econômico com análises macroeconômicas.
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