Um convite para apoiadores de Jair Bolsonaro

Vamos bater um papo sério aqui, eu e você, eleitor/admirador/apoiador/fã do Jair Bolsonaro (doravante apenas “apoiador”). Será o popular “papo reto”. Ao contrário de artigos anteriores meus publicados aqui no Terraço, não usarei notas de rodapé, ou fontes. Nem usarei a linguagem ou o discurso que muitos setores da esquerda nacional usam contigo. Haverá palavrões, mas só porque estamos falando aqui entre adultos.

Noto também que daqui em diante falo com o apoiador médio de Jair Bolsonaro. Não tenho como adivinhar as nuances de cada um de seus apoiadores, então me referirei às características suas já amplamente documentadas por institutos de pesquisa e grupos acadêmicos de renome.

Me parece estupidamente óbvio que o que mais lhe chama a atenção em Jair Bolsonaro é que ele vem tratando da questão de segurança pública há tempos, ao contrário de praticamente quaisquer outros candidatos e partidos. Ademais, também lhe chamou a atenção que Bolsonaro passou batido nos dois principais escândalos de corrupção dos governos petistas (Mensalão e Petrolão). Somado à sua histórica oposição ao PT, deixou-lhe muito satisfeito encontrar alguém que aparenta ter sempre sabido que Lula e cia nunca prestaram para nada.

O deputado fluminense vem sendo alvo de uma infindável barragem de críticas – na mesa de jantar, online, pelos principais veículos noticiosos – desde que surgiu como possível candidato lá no primeiro mandato de Dilma. Houve quem o admirasse por razões culturais e sociais. Eu estou propositalmente ignorando esse aspecto da campanha do deputado. Me interessa muito mais seu foco em segurança pública e criminalidade, assim como em suas críticas ao PT. Entendo haver um overlap, mas também entendo que meu espaço e sua paciência são limitados.

O que uma parte vigorosa da intelligentsia nacional não entende de modo algum é que há certas questões que são a priori. Por exemplo, não pode ser aceitável, em hipótese alguma, matar qualquer um senão em legítima defesa. Não interessa o que levou fulano a matar sicrano: se não foi para se defender, é imoral. Ponto. Fim de história. Parece -concordo contigo!- uma obviedade, mas escapa a um sem-número de brasileiros.


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Circula há tempos no Brasil a ideia de que, a depender das circunstâncias sócio-econômicas de fulano, está-se de fato autorizado o assassinato. É como se houvesse, por exemplo, um limiar de renda domiciliar abaixo do qual seu detentor fizesse por merecer infinito perdão por qualquer crime que viesse a cometer. Sequestro, latrocínio, homicídio, estupro: se o meliante for suficientemente fodido na vida, ele pode tudo.

Circula a ideia, notadamente na esquerda tupiniquim, que só podemos passar a punir infrações cometidas por aqueles que vem de condições ruins ou péssimas de vida uma vez que tratarmos a contento destas mesmas condições. Ou seja, só poderíamos punir um estuprador pobre ou miserável uma vez que acabássemos de vez com a pobreza e a miséria.

É inegável que essa linha de raciocínio teve, entre suas consequências, os níveis surreais de criminalidade que assolam o Brasil. Chama especial atenção o índice de homicídios, que em 2017 superaram 63 mil. Ficou claro há tempos que a vida no Brasil não vale porra nenhuma.

Causa nojo também a absoluta ineficiência do Judiciário e da Academia (esta largamente dominada pela Esquerda, algo tão óbvio quanto a cor azul do céu) para lidar com o problema. O crime explodiu no Brasil nos anos 80, e nunca se viu uma período de trégua. Com a notável exceção do Estado de São Paulo a partir de 99/00, os crimes hediondos (por exemplo) não param de crescer.

No entanto, sei que não são os números que mais lhe afligem, e sim a aparente falta de compreensão de muitos em entender o que há de errado no ato do crime. É incrível como tanta gente não aparenta compreender que é inaceitável matar, estuprar ou roubar como princípio. Se você tem seu relógio roubado à mão armada, vem alguém te falar que errado mesmo era ter o relógio. Se roubam sua residência, o erro está em você morar num lar aconchegante e convidativo enquanto outros moram em favelas. Se te estupraram, é porque a pobreza e miséria torna as pessoas violentas. Causa revolta que no mar de insegurança que tormenta o País, tão poucos, em especial os mais letrados e estudados, consigam enxergar que a certas coisas que não se deve fazer e PONTO. Não se pode roubar o fruto do trabalho e suor alheios; não se pode assassinar ninguém pela razão que seja; não se pode violar a dignidade de ninguém.

O apoiador médio de Jair Bolsonaro, a depender da idade, já sabe disso há tempos. Provavelmente desde sempre, mas em especial desde a explosão do crime no década de 80. Vem avisando quem quisesse ouvi-lo sobre o absurdo inominável que é relativizar o que deveria ser a priori. Nos últimos 35-40 anos, vem sendo achincalhado por se revoltar contra o crime e a insegurança. Vem sendo vilipendiado sem dó, num crescendo abominável, por pessoas que dizem deter notório saber a respeito da humanidade e que, mesmo assim, consideram a escalada do crime um assunto meramente acadêmico, a ser tratado num sala de aula ou num centro acadêmico.

Eu, inclusive, já fui uma dessas pessoas. Tive um parente sequestrado, fui assaltado, conheci quem teve sua residência roubada a mão armada, tive um vizinho espancado por ladrões, conheci pelo menos três mulheres que foram estupradas por parentes quando crianças. E até meados de 2012-13, fui da galera que dava de ombros à barbárie, racionalizando que os problemas de ordem social do Brasil legitimavam – em algum grau, de alguma forma – a selvageria que eu via e sentia a minha volta.

As circunstâncias políticas do País entre 2009-2013, as pessoas que fui conhecendo ao longo da vida; vários fatores me forçaram a reavaliar inúmeras certezas, nenhuma mais clara e chamativa que aquela em que ser suficientemente fodido na vida autoriza o cidadão a fazer o que bem entender sem que haja consequências cabíveis.

Como disse, muito apoiador do Bolsonaro já sabe disso há tempos e não é de surpreender que tenha encontrado no deputado fluminense a única representação cabível no que tange ao Executivo federal. É o único candidato que tem um histórico de tratar do tema há tempos, e o único que fala de solucionar o problema. E é o único com projeção nacional que faz um claro link entre a criminalidade e, pelo menos em parte, a Esquerda nacional.


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Como prometido, não fiz menção às posições do candidato em relações a questões culturais. Francamente, não as vejo como assunto prioritário. Nem fiz menção ao seu saudosismo vis-à-vis a ditadura militar. Também não me é urgente. São assuntos interessantes e importantes, adoro discuti-los, mas vejo em relação a Bolsonaro que essa discussão não importa. Você, apoiador médio, também não tem esses assuntos como prioridade. E mesmo que os tivesse, acho difícil que discordaria com o candidato a tal ponto que seu apoio viesse a perigar esvaimento. A diferença entre eu e você, suponho, reside na minha (embasada) certeza que as questões econômica e institucional sejam muito mais importantes que a de segurança, e minha igual certeza que Bolsonaro nem entende desses assuntos, nem tem capacidade de, ou interesse em, entender.

O desdém do deputado por assuntos intelectuais é notório. Já te falaram disso, tenho certeza. Sua resposta deve ter flutuado em torna da resposta média: “ele vai chamar quem entende”. Mas é aquela história; fazer isso qualquer idiota faz (menos Dilma Rousseff, já que quem mais entende de tudo, segundo ela, é ela própria). Alguns fazem isso bem: FHC montou-se exímio time econômico; Lula também (e até 2008 deixou a parte talentosa de seu time trabalhar). Já Sarney chamou Dilson Funaro. O que separa FHC e Lula, de um lado, e Sarney do outro não é apenas o talento de um Antonio Palocci contra um Funaro, mas especialmente as qualidades de liderança. Sarney não foi líder de porra nenhuma a nível federal; já Lula e FHC tiveram momentos de liderança incontestável.

Lembra um pouco o caso da Alemanha Ocidental (a comparação, óbvio, é imperfeita). Dificilmente aquele país teria tido tamanho sucesso no pós-guerra somente devido a sua importância geo-estratégica. Foi uma combinação exemplar de grandes líderes (Adenauer, Khol, Merkel) que montaram e lideraram grandes equipes. É notável como a Inglaterra do pós-guerra, seguindo a orientação contrária, vive declínios relativo e absoluto desde 1945. Nem Margaret Thatcher, com seus indiscutíveis talentos, conseguiu impedir o declínio que vemos em tempo real.

Não adianta Bolsonaro terceirizar a economia a quem quer que seja. O Brasil é um país presidencialista, fortemente autoritário e com uma constituição pateticamente ruim;. Dado as condições de temperatura e pressão, liderança competente e presente no Executivo é condição mínima para obter-se qualquer tipo de êxito em qualquer área de atuação do governo. Estou de pleno acordo contigo quando diz que nosso presidencialismo é ruim, mas é difícil acreditar que um presidente que se orgulha de sua preguiça e falta de curiosidade intelectual possa começar a pôr o País nos trilhos (pelo menos no que concerne a sua parte deste empreendimento).

Se fosse apenas essa preguiça administrativa a respeito da Economia (“deixa que o Paulo Guedes cuida”, ou algo assim), já seria terrível. Mas como Economia é DE LONGE a área mais importante de atuação de qualquer governo em qualquer país, o resultado será, na melhor das hipóteses, estagnação (algo próximo a 0% de crescimento do PIB). Afinal, Bolsonaro presidente pode chamar o grupo mais foda e brilhante de economistas do mundo para tocar a área que de nada vai adiantar se ele não lidera.

Porque liderança ou se dá na porrada ou se dá pela Lei. Política econômica no Brasil acontece na intersecção do Executivo com o Congresso. Fora uma eventual medida provisória, grandes mudanças econômicas precisam, no Brasil, do aval do Legislativo (quando não do Judiciário). Como Jair Bolsonaro não consegue nem fazer alianças, nem selecionar vice-presidente; e como ele tem uma carreira legislativa de dois projetos aprovados em 26 anos como deputado, fica abundantemente claro que nenhuma grande e profunda mudança econômica será possível num eventual governo seu. Mesmo que ele de fato seja o liberal que ele agora finge ser (seu passado legislativo indica o exato contrário), quaisquer reformas suas afundarão no Congresso.

Uma opção seria Bolsonaro tentar governar sozinho, sem fazer política. Nossos exemplos de presidentes assim, contudo, devam levar você, apoiador dele, a refletir. Getúlio, quando foi obrigado a fazer política, apanhou tanto no ringue que preferiu se matar. Jânio renunciou, em parte pela pressão política que sofria (um pedido de impeachment circulava no Congresso já no seu sétimo mês de mandato), em parte pela força de seu ego. Collor foi deposto, pois faltava-lhe traquejo político (disse que o Congresso não fez mais que a obrigação quando este autorizou o Plano Collor I, para ficarmos em um exemplo) e disposição em roubar do erário junto aos congressistas. E Dilma Rousseff era tão ruim de política, tão avessa à esta, que montou uma vasta aliança para se reeleger e conseguiu que seu candidato à Presidente da Câmara perdesse para Eduardo Cunha. É extraordinariamente difícil levar a sério a ideia que, apesar do histórico que temos no Brasil, Jair Bolsonaro será o mito que finalmente conseguirá domar o Congresso e governar de maneira solitária e bem sucedida.

A única outra opção que vejo, e que muitos apoiadores médios de Bolsonaro enxergam como desejável (senão necessária), seria o deputado governar pela força. Entendo que seja sedutora essa opção. Nossas classes política e empresarial são tóxicas e incompetentes, isso é inegável. Causam revolta e são povoadas por inconsequentes. Nosso Judiciário é pitoresco. Nossa academia é em grande parte lastimável e internacionalmente insignificante. Nosso Estado, quando presente, é grotescamente ineficiente, e por vezes um pesadelo.

Falta aqui, no entanto, você, apoiador de um Bolsonaro strongman, ilustrar ou explicar como isso torna um regime autoritário necessário. Até compreendo você querer, pelo menos de maneira temporária, uma nova ditadura, mas não há evidências de que aquilo que você deseja seja de fato necessário ou bem vindo. É aqui que tanto o deputado quanto seu apoiador médio falham em sua compreensão de quão importante é a questão institucional.  

Pense no seguinte: qual exemplo há, desde 1776 (data da Publicação de A Riqueza das Nações, de Adam Smith, que entenderemos como o início da Primeira Revolução Industrial), de um país cuja prosperidade atual não esteja diretamente correlacionada a um secular respeito pelas instituições, assim como ao desenvolvimento pleno destas? Onde há prosperidade sem o Estado de Direito? Ou sem uma moeda estável? Ou sem respeito a contratos?

Ou sem segurança pública?

O problema que vejo aqui com você, apoiador do Bolsonaro, é que seu mais-do-que-justo anseio por um país com níveis aceitáveis de criminalidade (ou seja, baixíssimos); com respeito a sua dignidade física e emocional (e não apenas econômica); com respeito a você como pessoa, e não apenas assunto sócio-econômico a ser estudado em universidades; sua absolutamente justificável fúria a respeito do estado das coisas, do País!, te ceguem de maneira igualmente furiosa àquilo que realmente torna um país um entidade política e geográfica que funcione a pleno contento para quem nele mora.

Você passa hoje, em alguma medida, mesmo que numa comparação imperfeita, pela mesma coisa que passavam espanhóis e alemães nos anos 30; húngaros no final dos anos 2000; venezuelanos em meados dos anos 90; argentinos em 2001-02; turcos desde pelo menos 2010; peruanos em 1992; chineses ao final da segunda guerra; estadunidenses desde 2008; e brasileiros em 63/64. A violência, a política, a pobreza e o desemprego, o cinismo dos intelectuais, tudo isso e mais te dão um nojo visceral que te faz apoiar, de algum modo, as mesmas medidas drásticas tomadas pelos povos acima citados.

E como bom brasileiro que você é, você quer uma jabuticaba. Você almeja basicamente o impossível: você quer um regime que seja em algum grau autoritário para resolver o mar de merda que assola seu país, preferivelmente com um messias dando as ordens. Mas sob a doce ilusão de que, ao contrário de todos os exemplos prévios que você quer seguir, dessa vez – sob a égide de sua ira casada com os poderes quase sobrenaturais do seu herói da vez – as coisas vão dar certo. Dessa vez, só porque trata-se do seu país, só porque trata-se de você, o erro cabal de pôr no poder uma figura populista, demagoga e avessa seriedade vai resultar em avassalador sucesso. Você quer repetir o mesmo erro colossal de lulista e petistas; de fascistas portugueses, espanhóis, alemães e húngaros; de socialistas e comunistas chineses, chilenos, argentinos e tchecos; de nacionalistas turcos, árabes e da África subsaariana; você quer repetir as mesmas cagadas pelas mesmas razões, mas quer que dessa vez dê certo.

Você percebe, então, que não estou aqui para te xingar e vilipendiar; e que não estou aqui para te diminuir e denegrir. Quero que você reflita não apenas sobre o candidato (hoje é o Bolsonaro, amanhã é outra pessoa parecida), mas sobre como anda enxergando o mundo, a política, suas escolhas. Não quero sugerir como você deve votar, como você deve agir, como você deve ser. Quero apenas convidar-lhe a refletir sobre as possíveis consequências de seus atos, e às soluções que você enxerga ou deixa de enxergar para os problemas que te afligem. Nós vivemos num país horroroso, terrível, selvagem. Nosso povo é assustador, nossos líderes incompetentes e criminosos. Nossa situação é abissal. Sua raiva e seu desejo de mudança são legítimos (não que você precise de mim para saber disso). E o que é mais importante: você quer algo melhor para seu futuro porque ele não é apenas seu. Ele inclui sua família, seus amigos, inclui aqueles que você ama e a quem você deseja proteger de todo mal que há nesse mundo. Esse desejo, esse seu amor, não vão sumir depois dessa eleição, nem deixarão de existir se Jair Bolsonaro perdê-la e não mais concorrer.

Mas a depender do que você fizer, o que já é um pesadelo vira algo pior. Eu compreendo mais do que você imagina que o horizonte político é niilista. Entendo que não temos boas opções. Mas entendo (talvez sem sua compreensão) que jogar a toalha e eleger para presidente alguém que só funcionaria no poder como ditador é um caminho garantido para absolutamente aniquilar qualquer chance do Brasil ser um lugar minimamente decente. Nenhuma desilusão, nenhuma ira ou fúria, vai mudar o fato que o Bolsonaro, como a Dilma, é absolutamente a pessoa errada para ser presidente. As consequências de um Executivo chefiado por ele seriam desastrosas e irreparáveis, como teriam sido caso Dilma Rousseff tivesse chegado ao fim de seu mandato. Peço, então, que evite os erros tão comumente vistos aqui e lá fora, erros que você presentemente cogita repetir e pense com carinho a respeito do que você realmente desejo para você, aqueles que você ama e o Brasil.

Rafael Kasinski Formado em composição popular pela Berklee College of Music, Boston, EUA, é produtor musical, vocalista, locutor e ex-baterista. Está atônito de ainda poder publicar no Terraço Econômico.


Uma nota sobre o autor:

Me é abundantemente claro que não há como solucionar a contento, e de maneira duradoura, quaisquer problemas ligados a direitos civis, políticos ou sociais se a economia de um país não funciona a pleno vapor. O governo Dilma deixou claro para além do óbvio que, no geral, a Esquerda nacional não se interessa por fazer conta e continua presa a uma mentalidade e a uma série de narrativas propagadas por e para um mundo que já não mais existe. O resultado de seu desastroso governo é a devastação econômica e social que nos assola agora e que em parte me levou a escrever esse ensaio.

Ao contrário de muitos LGBTs Brasil afora, eu desacredito por completo que eventuais leis ou entendimentos do Judiciário vão melhorar a situação de grupos que são em algum grau e de alguma maneira desfavorecidos. Fico estupefato vendo a esquerda querendo discutir gênero, racismo, homofobia e machismo (todos problemas bastante reais com consequências idem) enquanto estamos atolados nesse oceano de merda. Considero risível militantes LGBT discutindo as asneiras que pastores evangélicos semi-analfabetos proclamam enquanto há desemprego em massa, uma economia estanque, uma lei tributária de sete toneladas quando impressa por completo e metade dos lares da nação sem acesso a tratamento de esgoto. Nós não temos competência para fazer valer o artigo 121 do Código Penal (aquele que explicita que é proibido o assassinato), mas esse mesmo grupo de delirantes insiste em criar agravantes mil na Lei (Maria da Penha, feminicídio, crime de ódio, etc.). É um carnaval de gente sem noção.

Então hoje me encontro sem representação política cabível. Não vejo na classe política do Brasil quem entenda que liberdade econômica e social devem andar de mãos dadas. Aqueles mais economicamente liberais no geral insistem num conservadorismo de costumes que chega a ser caricato de tão arcaico. E os mais liberais nos costumes são ainda os mesmos que nos levariam a novas depressões econômicas como a de 1980-1995 e a mais recente q vivemos porque, como crianças histéricas, desafiam o mundo real a mostra-lhes que sua visão de mundo é fantasiosa e derrotada. Na média, então, quando o ator político brasileiro não está preocupado em te tornar mais pobre e doente, ele labuta dia e noite pra te fiscalizar em nome dos bons costumes e do Nosso Senhor. É como um interminável deserto onde o único oásis foi desapropriado para construir uma repartição pública povoada por incompetentes chefiados por um pastor.

Rafael Kasinski

Formado em composição popular pela Berklee College of Music, Boston, EUA, é produtor musical, vocalista, locutor e ex-baterista. Está atônito de ainda poder publicar no Terraço Econômico. Interessa-se principalmente pela (falta de) racionalidade no discurso público e na vida individual das pessoas. Deu aula durante anos e ficou muito mal impressionado com as decisões que cidadãos tomam, ou deixam de tomar. Ocasionalmente discute música, em especial Prince e King Crimson e a importância de dançar.
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