Ruptura no Terraço é uma colaboração de conteúdo entre The Shift, a plataforma de jornalismo de dados da ÍON 89 e Terraço Econômico. Neste espaço a disrupção tecnológica, especialidade da primeira, se une aos temas do segundo: economia e política.
Os CEOs cedem a um novo capitalismo
Propósito é uma das palavras mais usadas nesses tempos de startups, empreendedorismo e economia digital. E qual seria o propósito de uma corporação? Até a semana passada, segundo os Princípios da Governança Corporativa escritos desde 1978 (versão mais recente de 1997) pela coalizão de empresas norte-americanas The Business Roundtable, uma corporação servia com o único propósito de atender seus acionistas.
Na semana passada o jogo mudou, quando um grupo de 188 empresas integrantes da Business Roundtable capitulou ao rolo compressor da disrupção digital e da crise de confiança dos consumidores, e lançou um novo Statement on the Purpose of a Corporation (Declaração de Propósito de uma Corporação) a ser incorporado aos princípios da governança, que estabelece que o propósito das corporações é atender o interesse de vários stakeholders, antes dos shareholders. E fazer isso garantindo inclusão e diversidade, duas outras palavras repetidas à exaustão nesses tempos digitais.
E a lista de stakeholders inclui, nessa ordem, os clientes, os funcionários, fornecedores, comunidades e acionistas. No comunicado liberado para a mídia, Jamie Dimon, presidente e CEO da JPMorgan Chase & Co. e presidente da Business Roundtable, declara que “O sonho americano está vivo, mas desgastado “. “Os principais empregadores estão investindo em seus trabalhadores e comunidades porque sabem que é a única maneira de ter sucesso a longo prazo”.
Parece um adeus definitivo aos princípios formalizados pelo economista Milton Friedman, Nobel de Economia, em 1970, que escreveu que “a primeira e única responsabilidade de uma empresa era se engajar em atividades que aumentassem seus lucros” para fazer dinheiro para os acionistas. Resta saber se as 300 palavras do texto serão colocadas em prática para gerar esse novo modelo de capitalismo consciente.
A terceira recessão tem raízes tecnológicas
Nouriel Roubini é taxativo: diferente da crise financeira global de 2008, que foi principalmente um grande choque negativo na demanda agregada, a próxima recessão (que é esperada para 2020) terá origem em três diferentes choques de oferta negativos permanentes resultantes da guerra comercial e tecnológica entre Estados Unidos e China. E essa recessão não poderá ser contida por estímulos monetários e fiscais, como a outra.
Um desses choques envolve a competição pelo domínio sobre as indústrias do futuro: inteligência artificial (IA), robótica e 5G, entre elas. Na visão de Roubini, a guerra comercial e cambial e a competição pela tecnologia se amplificarão mutuamente. “Com empresas nos EUA, Europa, China e outras partes da Ásia tendo refreado as despesas de capital, o setor global de tecnologia já está em recessão. E a única razão pela qual isso ainda não se traduziu em uma crise global é que o consumo privado permanece forte”, diz.
Partindo desse cenário, a equipe do The Information decidiu perguntar a analistas, empresários e economistas como uma recessão poderia impactar diferentes setores da economia digital. E como ela afetaria, por exemplo, o humor do venture capital, fundamental para a expansão das startups. Nesse caso, 2020 pode não se comportar como 2008, já que muitas lições foram aprendidas e há um certo vigor de caixa em fundos como o bilionário Softbank Vision Fund 2. Mas alerta para cautela dos empreendedores, especialmente os que queimam muito caixa, como entregas e micromobilidade.
E a União Europeia engrossa o caldo
Autoridades da União Europeia elaboraram um plano agressivo de 173 páginas que visa, ao mesmo tempo, combater as mudanças comerciais protecionistas de Donald Trump e proteger as empresas europeias de tecnologia na briga contra as Big Tech dos EUA (Apple, Amazon, Facebook, Google e Microsoft) e da China (Baidu, Alibaba e Tencent).
O plano – que ainda não teria sido apresentado à nova presidente da UE, Ursula von der Leyen – é criar um “Fundo Europeu para o Futuro”, que investiria mais de US$ 100 bilhões em participações acionárias em empresas europeias de alto potencial, capazes de concorrer com as gigantes da tecnologia americanas e chinesas.
O documento também busca medidas mais rigorosas para impedir que companhias chinesas participem de licitações na Europa para penalizá-las pelo nível de subsídios que recebem do governo em Pequim. Já para enfrentar as ameaças de Donald Trump, os burocratas europeus propõem uma nova estrutura altamente agressiva para aplicar tarifas unilateralmente aos Estados Unidos.
A UE e alguns países europeus têm estado na vanguarda da regulamentação da privacidade dos dados, com medidas antitruste e tributárias, como o GDPR, o imposto digital de 3% da França sobre as Big Tech e as multas por conduta anticompetitiva. Fortalecer as empresas locais através de investimentos é outro jeito de atacar a falta de competitividade em tech. Para o colunista da Bloomberg, Ferdinando Giugliano, esta seria a próxima “má ideia” da UE.
Venture capital aumenta aposta no Brasil
Os investimentos dos fundos de venture capital e private equity no Brasil continuam crescendo e, se o ritmo se mantiver, vão ultrapassar 2018 com alguma folga. A Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e a KPMG soltaram relatório mostrando que, entre janeiro e junho de 2019, startups locais receberam um total de R$ 7,4 bilhões em investimento, somando aportes de R$ 3,4 bilhões de venture capital e R$ 4 bilhões de private equity.
A soma de todos os investimentos representa 54% do total de 2018 (R$ 13,5 bilhões). A projeção do estudo é de 2019 terminar com R$ 6,8 bilhões em investimento de venture capital. O total de empresas investidas foi 115 – 76 em venture capital e 39 em private equity. Em 2018, o total do ano foram 202 empresas. O destaque é a atração cada vez maior de investidores estrangeiros.
O setor que mais atraiu investimentos foi o de Fintechs e Insurtechs (21 empresas), seguido de software (13 empresas) e de healthtech (10 empresas). O valor médio investido por empresa na primeira metade de 2019 foi de R$ 64 milhões.
Como extrair beleza dos dados complexos
O jornalista e artista visual David McCandless é especialista em transformar conjuntos complexos de dados em belos modelos de data visualization para contar histórias. Autor dos livros Information is Beautiful (2009) e Knowledge is Beautiful (2014), o escritor apresenta nessa palestra no TED Talk suas técnicas para transformar dados em informação valiosa que atraem pela beleza dos padrões gráficos que apresentam. Um bom jeito de chamar a atenção da audiência em uma reunião chata de negócios.
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