Como grandes lideranças femininas se comportaram diante da crise Covid-19

Há exatamente 1 ano eu estava completando mais uma prova de 10km de corrida e ao mesmo tempo, aqui no Brasil, ainda tentávamos entender o que estava acontecendo pelo mundo em relação ao Coronavírus. Por aqui ainda registrávamos apenas 25 casos e nenhuma morte, enquanto o mundo registrava pelo menos 109.500 casos e 3.801 óbitos.

Um ano se passou e parece que, como um dejavú, aqui no Brasil estamos diante do pior momento da pandemia. Até ontem, 07 de março de 2021 registramos cerca de 2,5 milhões de mortes no mundo, sendo dessas quase 270 mil aqui no Brasil e, diante desse dia de homenagens a mulher, quero aproveitar para falar de coisas positivas e da atuação de grandes lideranças femininas, sejam elas figuras de Estado, celebridades ou anônimas que tiveram papel importantíssimo e de impacto no combate a pandemia.

Para começar, precisamos falar da importância da mulher para a área da saúde já que, segundo o relatório “Covid-19: Um Olhar para Gênero” do Fundo de População das Nações Unidas, 70% da força de trabalho ligada à área da saúde no mundo é feminina e no Brasil os números são parecidos. O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), indica que 65% dos seis milhões de profissionais do setor são do sexo feminino.

E como foi e ainda é o impacto da liderança feminina diante de toda essa crise que o mundo está vivendo?

Primeiro vamos aos dados. Um estudo publicado que analisou uma base de dados com 194 países indicou que os países liderados por mulheres apresentaram políticas mais eficazes (menos mortes e número de casos) durante a primeira onda da pandemia. Nos EUA, outro estudo apontou que estados governados por mulheres apresentaram um menor número de mortes relacionadas à covid-19.

Essa mesma questão motivou estudo da Zenger Folkman (consultoria de desenvolvimento de liderança) e artigo publicado na Harvard Business Review, que apresentou os seguintes resultados: as líderes mulheres foram, de modo geral, classificadas de forma mais positiva que os líderes homens e foram vistas como mais efetivas na liderança – com uma diferença de pontuação média para os homens maior do que a consultoria vira antes da pandemia. Essa diferença maior, segundo a consultoria, tende a indicar que as mulheres performaram melhor durante a crise.

As competências que mais diferenciaram na pontuação feminina foram: tomar iniciativa, capacidade de aprender rápido e habilidade de inspirar e motivar os outros. Também apareceram com vantagem na habilidade de se comunicar bem e de valorizar a diversidade.

E agora como forma de “homenagem”, quero destacar algumas mulheres brasileiras, até então anônimas, que tiveram e continuam tendo papel importante no combate à crise do Covid-19:

A Margareth Dalcolmo é pneumologista, pesquisadora clínica da Fiocruz e é membro das discussões e protocolos de orientação sobre a Covid-19. Enquanto pesquisadora da Fiocruz, Margareth tem o desafio de analisar estudos e todo o material científico produzido sobre o novo coronavírus, a fim de propor as melhores saídas em tratamento e orientação à população.

A Eloisa Bonfá é reumatologista e diretora Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Atua na gestão do Hospital das Clínicas e em sua transformação em centro para tratamento de Covid-19, é também coordenadora do comitê de crise do HC.

Já a Ester Sabino é imunologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foi responsável pelo sequenciamento do genoma do vírus no Brasil em 48h – ah, e sua equipe é composta 60% por mulheres.

E para finalizar os exemplos dessas grandes mulheres, não poderia faltar o rosto e a voz conhecidos por muitos de nós, a Natalia Pasternak. Ela é formada em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), PhD com pós-doutorado em Microbiologia, na área de Genética Molecular de Bactérias pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). Atualmente é publisher da Revista Questão de Ciência e diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência (www.iqc.org.br), o primeiro Instituto brasileiro para promoção de pensamento crítico e racional e políticas públicas baseadas em evidências científicas. Em 2020, tornou-se membro do Committee for Skeptical Inquiry (EUA) e foi agraciada com o prêmio internacional de promoção do ceticismo “The Ockham Award” (Navalha de Ockham).

As lideranças políticas femininas também merecem destaque e se mostraram extremamente efetivas no combate a crise da Covida-19. Aqui trago alguns exemplos de como elas conduziram suas nações.

Países como: Nova Zelândia, Islândia, Alemanha, Noruega, Finlândia, Dinamarca e Taiwan, liderados por mulheres, estão sendo mais eficientes no combate à covid-19 do que outros de porte e condições econômicas semelhantes. Discutirei a seguir dois exemplos:

O caso da Nova Zelândia é simbólico. Lá, a epidemia foi extremamente controlada. A primeira-ministra, Jacinda Ardern, 39 anos, liderou com sucesso o projeto ambicioso de não apenas diminuir a curva de contaminação, mas eliminar o vírus o mais rápido possível e, para isso, ela não teve receio de tomar medidas que pudessem soar antipopulares: fechou as fronteiras, apertou as regras da quarentena quando necessário e chegou a decretar lockdown. Mas fez tudo isso com transparência, respeito às diretrizes da ciência e cada novo passo foi comunicado à população diretamente pela primeira-ministra.

A Angela Merkel, da Alemanha, também foi firme e não teve medo de tomar medidas impopulares, anunciou rapidamente que a covid-19 era uma ameaça “muito séria”. Em números absolutos, seu país criou o maior esquema de testagem, rastreamento e isolamento da Europa. Ainda prestou auxílio a países Europeus que estavam diante do colapso. Merkel vem sendo apontada na Europa como ‘campeã’ entre líderes do continente no combate ao coronavírus.

As celebridades também tiveram a sua importância já que elas têm a grande capacidade de influenciar seus fãs e seguidores. Seja com doações ou manifestações em suas redes sociais, citarei alguns exemplos que julgo positivo principalmente por influência.

A apresentadora Oprah Winfrey doou 10 milhões de dólares para ajudar no combate contra a Covid-19.

Rihanna realizou a doação de 5 milhões de dólares à ONG Clara Lionel Foundation, da qual ela é uma das fundadoras, e será repassada à Organização Mundial da Saúde.

Com o aporte de R$ 1 milhão, a Gisele Bündchen acabou de lançou o fundo Luz Alliance em parceria com a BrazilFoundation. O objetivo do fundo é apoiar causas emergenciais durante a pandemia do coronavírus, que vem impactando a vida de milhares de famílias no Brasil.

Gal Gadot, a Mulher-Maravilha nos cinemas atualmente, publicou em seu Instagram uma imagem em sua casa com a legenda: “Ficar em casa é meu superpoder e o seu! Por favor, tomem conta de si mesmos, dos seus entes queridos e de todos nós. Essa situação não deve ser abordada de maneira leviana. Quanto mais cedo nós ficarmos em casa e nos prevenirmos de contrair este vírus super contagioso, mais cedo poderemos retornar às nossas rotinas sem perdermos vidas”.

Lady Gaga fez um texto de apelo aos fãs: “Falei com alguns médicos e cientistas. Não é o mais fácil para todos no momento, mas a coisa mais gentil e saudável a fazer é quarentena e não sair com pessoas com mais de 65 anos ou em grupos grandes. Eu gostaria de poder ver meus pais e avós agora, mas é mais seguro não fazer isso para eu não deixá-los doentes caso eu tenha isso. Estou em casa com meus cachorros. Eu te amo, mundo, vamos passar por isso. Confiem em mim, eu falei com Deus – e ela me disse que vamos ficar bem”.

A também cantora Ariana Grande escreveu que é “incrivelmente perigoso e egoísta levar a situação com tanta leveza. O pensamento de ‘ficaremos bem porque somos jovens’ coloca em risco pessoas que não são jovens e/ou saudáveis”.

Nossa querida atriz, Juliana Paes, publicou um vídeo com seu marido e filhos, pedindo que as pessoas “fiquem em casa, para que todos possam sair em breve”. “Quanto mais rápido agirmos, mais rápido acabará. Mantendo distância, salvamos vidas”, dizem eles, com cartazes.

Grandes exemplos precisam sempre ser lembrados e reconhecidos. Conheço e sei que temos muitas mulheres se sacrificando e atuando de forma eficiente no combate a pandemia para que essa crise e esse grande trauma mundial seja superada da melhor maneira possível. Torço para que tenhamos cada vez mais mulheres competentes se destacando em posições de liderança buscando fazer o melhor por nossa sociedade seja em momentos críticos ou normais.

Desejo um feliz dia das mulheres e que possamos ser cada vez mais reconhecidas e admiradas por toda a nossa dedicação a tudo aquilo que nos propomos realizar.

Nara Borges

Relações Públicas com mais de 15 anos de experiência em comunicação em marketing, Chefe de Gabinete do Deputado Estadual Daniel José (Partido NOVO – SP) e mestranda em Política e Comunicação Contemporânea pela Cásper Líbero, sobre os seguintes temas.

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