Na última sexta-feira (2), servidores do Banco Central deflagraram greve, por tempo indeterminado, para que o governo aplique o reajuste salarial da categoria em 2022. Outras categorias do setor público federal também podem entrar em greve, visando o aumento de salários, nos próximos meses. No entanto, o momento em que atravessamos pede que os servidores façam um sacrifício.
Inicialmente, cabe ressaltar que o Banco Mundial apontou que, entre 2008 e 2018, houve crescimento real médio da folha de pagamentos de servidores ativos do governo federal de 2,5% ao ano, passando de R$ 105,4 bilhões para R$ 132,7 bilhões. Além disso, segundo o mesmo Banco Mundial, os servidores federais têm, em média, um salário 96% maior que profissionais da iniciativa privada em cargos semelhantes, na mesma área de atuação, de acordo com dados de 2017.
Enquanto isso, o Brasil e o mundo acabam de superar a pandemia da Covid-19, que desacelerou a economia e levou o país a ter a quarta maior taxa de desemprego do mundo, segundo levantamento da agência de risco Austin Rating. Como reflexo da pandemia, a massa de salários mensal caiu R$ 18 bilhões ao longo de 2020 e 2021, apontando que a crise atingiu em cheio os trabalhadores do setor privado.
O governo federal, que já vinha em situação fiscal frágil, precisou gastar um montante elevadíssimo de recursos para socorrer os demais entes da federação e a população em situação de maior vulnerabilidade. Foram mais de R$ 500 bilhões gastos, com destaque para o auxílio-emergencial, usado para socorrer pequenos empreendedores, que tiveram perda da renda com o fechamento do comércio.
Os servidores federais possuem estabilidade no cargo, não tiveram receio de perder o emprego devido à crise econômica. Também possuem boas remunerações, acima daquelas pagas no setor privado. Sendo assim, em meio à recuperação econômica e fiscal do país, o reajuste salarial dos servidores pode ficar para um momento posterior.
O foco agora deve ser o auxílio aos mais vulneráveis e a volta da solidez fiscal do país.
Victor Oliveira
é mestre em Instituições e Organizações e especialista em Marketing Político e Comunicação Eleitoral.