Alan Turing foi um matemático e cientista da computação britânico conhecido por seu trabalho em inteligência artificial e criptografia. Ele é famoso por propor o teste de Turing, uma medida da capacidade de uma máquina de exibir um comportamento inteligente indistinguível de um ser humano. O teste de Turing envolve um avaliador humano envolvido em conversas em linguagem natural com um humano e uma máquina, sem saber qual é qual. Se o avaliador não conseguir diferenciar as respostas do humano e da máquina, considera-se que a máquina passou no teste.
Chatbots são programas de computador projetados para simular conversas com usuários humanos por meio do processamento de linguagem natural. Eles existem desde a década de 1960, mas evoluíram significativamente ao longo do tempo com os avanços da tecnologia. Hoje, os chatbots são usados em vários setores, desde atendimento ao cliente até assistência médica, para auxiliar e interagir com os usuários.
Um avanço recente nessa tecnologia é o ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI. Esse modelo permite que os chatbots gerem respostas semelhantes às humanas para a entrada do usuário de maneira conversacional. Isso abriu novas possibilidades para os chatbots, como fornecer recomendações personalizadas ou auxiliar nas tarefas de tomada de decisão.
O uso de chatbots avançados pode ter diversos impactos positivos na produtividade humana. Por exemplo, os chatbots podem automatizar tarefas repetitivas e tediosas, permitindo que os humanos se concentrem em trabalhos mais complexos e criativos.
No entanto, também há temores de que o uso crescente de chatbots avançados possa levar à perda de empregos para humanos. À medida que os chatbots se tornam mais capazes de realizar tarefas que antes eram feitas por humanos, alguns trabalhadores podem ser substituídos por máquinas. Isto levanta preocupações sobre o potencial impacto no emprego e a necessidade de os trabalhadores se adaptarem e adquirirem novas competências para se manterem competitivos no mercado de trabalho.
Ao longo da história, houve muitos casos em que os humanos demonstraram esse medo que as novas tecnologias perturbassem os mercados de trabalho e levassem à perda generalizada de empregos. Por exemplo, durante a Revolução Industrial, a introdução de novas máquinas na manufatura gerou preocupações de que os trabalhadores manuais seriam substituídos. No entanto, com o tempo, a economia se ajustou e novos empregos foram criados em indústrias possibilitadas pelas novas tecnologias. Da mesma forma, o surgimento de computadores e automação no século 20 gerou temores, mas acabou criando áreas como programação de computadores e análise de dados.
No geral, embora as novas tecnologias certamente possam perturbar os mercados de trabalho e levar à perda de empregos no curto prazo, a história mostra que, no longo prazo, a economia tende a se ajustar e novas oportunidades são criadas.
“Podemos ver apenas uma curta distância à frente, mas podemos ver que há muito lá a ser feito”, disse Alan Turing. O medo e ansiedade causados pela introdução de certas tecnologias disruptivas são frutos da nossa incapacidade de enxergar mais longe.
Sobre os chatbots, “há muito lá a ser feito”, mas não deixam de ser impressionantes os avanços recentes. Pelo critério do teste de Turing, a distância entre a inteligência humana e a artificial está cada vez mais diminuta. Se você duvida, saiba que todos os textos em itálico acima foram escritos pelo ChatGPT, a partir de quatro instituições simples, de uma frase cada, com mínimas edições minhas.
Creio que Turing ficaria estupefato.
João Marco Braga da Cunha
Doutor em engenharia elétrica pela PUC-RJ e mestre em economia pela FGV