Bitcoin: você sabe mesmo o que é isso e como funciona?

Um artigo completo para você entender tudo sobre a primeira criptomoeda lançada em meados de 2010 e que ainda dá muito o que falar!

Toda crise financeira traz consigo um conjunto de aprendizados, lições e “não vamos repetir isso novamente amanhã”. Mas, infelizmente, também estão presentes em todas as crises elementos que não são resolvidos e que acabam se tornando em novas crises no futuro. A fim de fazer diferente, ainda no coração da crise financeira global de 2008, Satoshi Nakamoto disponibilizou a apresentação de um meio novo e alternativo ao sistema financeiro: o Bitcoin.

Em seu white paper, que é basicamente o material no qual seu funcionamento original é apresentado, Nakamoto explica em termos técnicos e de programação como seria possível ter um sistema diferente de envio e recebimento de dinheiro, buscando assim criar um caminho alternativo àquele sistema centralizado que, teoricamente, estaria fadado a cometer os mesmos erros no futuro várias outras vezes.

Não, não é nesse artigo que contaremos quem é Satoshi Nakamoto – até porque ninguém sabe mesmo quem é essa pessoa ou grupo de pessoas. Mas é aqui que você ficará sabendo de motivos que deixam bastante clara a verdadeira revolução que se iniciou a partir do momento em que Satoshi decidiu abrir essa avenida de possibilidades que é o universo cripto, começando pelo Bitcoin. Vamos lá?

O que é o Bitcoin?

De acordo com a própria definição presente no white paper, Bitcoin é uma versão eletrônica e on-line de dinheiro que permite transações puras entre duas partes (o chamado peer-to-peer) sem a necessidade de uma instituição financeira para intermediar essa operação. Tudo isso seria possível através de confirmações de transações feitas dentro de um sistema chamado blockchain, que assegura que as transações não só aconteçam como também sejam registradas.

Calma, vamos por partes, realmente colocamos muitas informações no parágrafo anterior, mas para agora abrirmos um pouco melhor cada uma delas.

Transações entre duas partes (peer-to-peer)

Transações entre duas partes, ou peer-to-peer, é quando chamamos quando uma parte decide transferir recursos a outra sem que precise haver alguma instituição que faça a garantia ou a intermediação daquela operação.

Sabe qual o peer-to-peer mais fácil que existe? Quando você paga alguém com dinheiro em espécie. Sabe aquele botijão de gás que acabou em pleno almoço de sábado e, quando chegou, você pagou com dinheiro? Ao entregar aquelas notas, você fez a mais simples e arcaica transação entre duas partes possível.

A inovação trazida pelo Bitcoin nesse aspecto é a seguinte: qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, poderia agora por meio dessa estrutura enviar e receber recursos de maneira direta. Carregando Bitcoin em uma carteira eletrônica (wallet), você pode fazer exatamente isso.

Blockchain: a nave mãe da revolução cripto

Quando você faz uma transação bancária, como pode ter certeza que aquele dinheiro que enviou irá mesmo para a outra ponta? E como saber que o histórico que ficou ali no extrato bancário corresponde ao que você realmente fez de transferências e recebimentos? Levando em conta que tudo isso é centralizado em uma instituição financeira e no Bitcoin não há essa presença, uma outra solução precisaria responder essas perguntas.

Essa solução tem nome: blockchain. Através dessa rede, ainda que não exista alguma instituição financeira supervisionando todas as transações, os registros de todas elas ficam “marcados na pedra”, sem possibilidade de serem alterados por alguma parte externa, o que garante muito mais segurança.

Um exemplo pode ajudar a ilustrar como isso acontece. Imagine uma rede com dez mil computadores que conversam entre si e fazem um backup de dados a cada cinco minutos. Em um desses computadores, o 3.782, você salva um arquivo de texto. Cinco minutos depois, ele estará salvo em todos os outros 9.999. Se você apagar, após cinco minutos esse registro também irá para os computadores restantes. Seria necessário invadir dez mil computadores em cinco minutos para “sumir” com aquele registro e fazer com que nunca tenha acontecido.

Nosso exemplo foi apenas para ilustrar o funcionamento geral de uma rede de Blockchain, mas existem aspectos mais específicos. Em todo caso, a grande vantagem trazida por essa tecnologia é justamente o fato de que todo o histórico de transações fica marcado, é transparente e muito seguro.

Existem diversas instituições financeiras do sistema tradicional que usam hoje o Blockchain para dar base a suas operações – financeiras e também relacionadas ao funcionamento dos seus negócios. Mas foi justamente no universo cripto que essa ferramenta abriu a porta para possibilidades.

Outro ponto que não pode ser deixado de lado é a criptografia: essa tecnologia que “embaralha” os dados importantes de modo a torná-los inacessíveis diante de alguma invasão ou tentativa de invasão representa uma adição importante de segurança nesse processo todo.

Então, me diga: o que é o Bitcoin?

Bitcoin nada mais é do que uma criptomoeda com rede de Blockchain própria que permite que duas partes transacionem sem intermediários de modo a ter, de maneira acessível e imutável, todo o histórico de operações ali realizadas – tudo isso com a segurança da criptografia.

O objetivo do Bitcoin é, desde o princípio, servir como alternativa direta ao sistema financeiro como conhecemos, seja para o aspecto de transferência de dinheiro como também de utilização como moeda.

Seu lançamento ocorreu em 31 de outubro de 2008 – como já pontuamos, no coração da crise financeira global iniciada naquele ano, quando Satoshi Nakamoto enviou a alguns endereços de e-mail que discutiam criptografia aquele white paper do qual já comentamos aqui.

Através de uma oferta limitada a apenas 21 milhões de unidades, das quais 19 milhões já estão em circulação, e que passa a ser acessível pelo chamado processo de mineração (que depende de algoritmos de computação e não de decisões centralizadas em pessoas ou instituições)

Como funciona o Bitcoin? E como faz para usar?

Trata-se de uma moeda digital (não existe em meio físico) que pode ser enviada, recebida e armazenada em carteiras digitais.

Quanto aos meios que você pode ter acesso, são basicamente dois: através de uma transação direta com outra carteira digital ou utilizando uma corretora, como é o caso da Bitso.

Quando o assunto são as transferências diretas entre duas pontas, é necessário que você tenha uma carteira digital e a outra parte também. Afinal de contas, é justamente o “fio” entre essas duas carteiras que permitirá que a transação aconteça e seja registrada na rede Blockchain.

Já quando se pensa na compra e venda por meio de uma corretora (ou exchange, como costumam ser chamadas), basta abrir uma conta em uma, enviar seu dinheiro fiduciário para ela e então comprar Bitcoin.

A partir do momento em que você já tem Bitcoin em sua carteira (que é virtual, ressaltamos), passa a poder utilizá-lo nas mais diversas funcionalidades possíveis, desde comprar produtos ou serviços onde Bitcoin é aceito ou mesmo trocar essa criptomoeda por outras criptomoedas (o que geralmente é feito dentro de uma exchange).

Troca de moedas: uma nova – e bem mais acessível – casa de câmbio

Sobre essa possibilidade de trocar Bitcoin por outras criptomoedas, um adendo importante: é tudo muito parecido com o que acontece quando você vai a uma casa de câmbio. Imagine que você vai viajar para a Inglaterra em breve. Lá, a moeda usada é a Libra Esterlina. Você então entrega seus Reais e pega uma certa quantidade de moeda da Terra da Rainha.

Aqui a situação é muito parecida, mas com possibilidades muito mais amplas e que independem de territórios geográficos. Enquanto no caso da viagem para a Inglaterra você deve usar suas Libras apenas lá (pois outros países usam outras moedas), quando falamos das criptomoedas você pode realizar trocas que te permitem funções diferentes globalmente.

Você pode, por exemplo, trocar Bitcoin por Litecoin e utilizar em alguma loja que aceite, ou mesmo trocar Bitcoin pelo token do seu time do coração para poder, tal qual em um programa de sócios, ter benefícios e até mesmo poder opinar na gestão dele: para isso basta que exista a possibilidade dessa troca entre Bitcoin e a outra moeda digital que você procure.

Tudo isso com a praticidade de fazer essas transações com um aplicativo baixado para smartphone, realizando transações com outras pontas que você nem precisa conhecer, sob o olhar atento de uma exchange.

Tome cuidado com ofertas tentadoras (e elas são muitas)

Cotações que variam muito (principalmente se forem para cima) chamam a atenção das pessoas. Infelizmente, não existem apenas as pessoas bem intencionadas de olho nesse tipo de caminhar de preços, e é aí que você pode cair em alguma armadilha.

Como você bem leu até agora, Bitcoin não é “o investimento do século” nem qualquer garantia de que você vai enriquecer da noite para o dia. Na verdade, Bitcoin é uma maneira bastante inovadora de enviar, receber e armazenar recursos que, para além de ter chamado a atenção para outros projetos, acabou se valorizando muito em cotação desde sua criação até agora.

Essa valorização é tão grande que, enquanto logo nos primórdios duas pizzas foram compradas por dez mil unidades dessa moeda digital, hoje apenas uma delas tem cotação de algumas dezenas de milhares de dólares. Tudo isso de meados de 2010 até hoje.

Certamente apareceram (ou ainda vão aparecer) para você ofertas que tratam o Bitcoin de maneira única e exclusivamente relacionada a investimentos que buscam apelar para seus instintos de “não ficar de fora dessa oportunidade”, o que também é chamado por aí de FOMO, Fear Of Missing Out. Mas você não deve ceder a tais instintos, sobretudo se tiver informações a respeito de como essa tecnologia de fato funciona.

Antes de tomar qualquer decisão, seja de compra de alguma criptomoeda ou mesmo de entrar em algum “meio seguro de investimento”, pesquise tanto sobre como aquela moeda digital funciona e quais são os problemas que ela busca resolver, quanto sobre como é o funcionamento dessa “ferramenta incrível”. Não tendo as respostas firmes para as duas perguntas, é melhor não arriscar seu suado dinheiro com isso.

“Mas onde consigo encontrar esse tipo de informação?”. Lendo esse artigo você tem uma das respostas: essa coluna aqui no Terraço Econômico.

Bitcoin é moeda? E é investimento?

Essas duas são perguntas muito feitas ultimamente. As respostas são amplas, mas daremos a você certo insumo para pensar e chegar na resposta por você, ainda que tenhamos a nossa.

Bitcoin como moeda

Seguindo o que conhecemos como teoria da moeda, as três funções de uma são: funcionar como instrumento de troca, servir como unidade de medida (podendo agregar em si o valor de diferentes mercadorias) e também representar reserva de valor (ter valor que vale ao longo do tempo e pode ser liquidado).

Levando em conta que o Bitcoin consegue entregar todas essas características, é sim uma moeda. Digital, em constante evolução e ainda com uma aceitação bastante reduzida se formos comparar com as moedas fiduciárias que conhecemos (principalmente o dólar), mas é sim uma moeda.

Bitcoin como investimento

Todo ativo que tenha como objetivo a transação que envolva buscar ganhos financeiros pode ser chamado de investimento.

Uma empresa, ao comprar estoques por exemplo, está fazendo um investimento: compra itens a um preço e deseja vender a outro preço superior que cubra os custos de operação e ainda traga lucro.

No caso de criptomoedas como o Bitcoin, isso é bem diferente. Seja pela oscilação enorme de preços, ou ainda por não haver expectativa no recebimento de lucros ou dividendos, ou pelo fato de ser apenas uma moeda como qualquer outra, o entendimento é que o ato de comprar criptomoedas não deve ser considerado investimento; o que realmente é relevante é a funcionalidade nova que os projetos do universo cripto trazem.

Apenas comprar sem ter nada em mente, nem que seja meramente esperar (o que costuma ser chamado de HODL nesse universo cripto), pode até ser se enganar, mas não se pode chamar de investimento.

Há ainda as aplicações em Finanças Descentralizadas (DeFI) que possibilitam fazer o dinheiro render de fato ao contribuir com pools de liquidez em projetos específicos. Esse aqui, inclusive, tem mais a ‘cara’ de investimentos conforme foi discutido anteriormente, pois há uma aplicação inicial com a expectativa de recebimento de juros no final do período.

Como comprar e vender Bitcoin?

Conforme já discutimos aqui, as compras e vendas de um criptoativo podem ser feitas por uma exchange ou de maneira direta com alguma outra ponta. Como as transações peer-to-peer são diretas, não há muita explicação a oferecer, mas no caso das operações por meio de uma corretora, vale apresentar alguns passos. Vamos utilizar aqui a estrutura da Bitso:

  • Abra sua conta na Bitso;
  • Envie recursos fiduciários (como reais) para sua conta via PIX;
  • Com os recursos já disponíveis, busque o Bitcoin na prateleira de criptos que estão disponíveis na tela do app da Bitso;
  • Faça a conversão de maneira rápida e transparente!

A partir desses simples passos você passa a deter Bitcoin em sua carteira.

Se você vai utilizar como moeda, como investimento ou para trocar com outras criptomoedas não sabemos, mas temos certeza de que, com todo o conjunto de informações que te apresentamos neste artigo, dificilmente você cairá em alguma das tantas arapucas disfarçadas de “oportunidade de uma vida” que te oferecem por aí, combinado?

Caio Augusto

Formado em Economia Empresarial e Controladoria pela Universidade de São Paulo (FEA-RP), atualmente cursando o MBA de Gestão Empresarial na FGV. Gosta de discutir economia , política e finanças pessoais de maneira descontraída, simples sem ser simplista. Trabalha como diretor financeiro de negócios familiares no interior de São Paulo e arquiva suas publicações no WordPress Questão de Incentivos. É bastante interessado nos campos de políticas públicas e incentivos econômicos.
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