Na tarefa de disseminar o conhecimento sobre educação financeira, são muitos os que encontro e apresentam uma dúvida: ter cartão de crédito, é certo ou não? Sempre é necessário entender que cada realidade deve ser respeitada, nem sempre o que é critério para um, também serve para outro. Afinal, cada ser humano possui a própria vida, sonhos e objetivos.
Todavia, não tem como fechar os olhos para a realidade do endividamento das famílias brasileiras justamente no cartão de crédito. Não que o problema esteja pura e simplesmente nele, mas, a falta de alguns cuidados tem feito com que pessoas trabalhadoras, como eu e você, façam parte da assustadora turma dos “enrolados” com o cartão de crédito.
Em muitos casos, o cartão de crédito é oferecido sem instruções sobre como utilizá-lo. O resultado disso é ruim porque, para muitos, o cartão fornece uma falsa sensação de poder de compra. As pessoas acabam enxergando, de forma errada, que o limite seria um adicional da própria renda. Portanto, se esquecem que deverão pagar no futuro o valor gasto hoje. O cartão na mão dá a sensação de poder e as pessoas saem comprando o que encontram pela frente.
É como se o cartão conferisse asas ao seu portador. Aqueles que ainda não aprenderam a ter essa devida organização voam, infelizmente, em direção ao Sol. Contudo, não percebendo que as asas são feitas de cera, logo se dão conta de que o voo era passageiro, quanto mais perto chegam do Sol, mais se aproximam de situações complicadas.
Cada vez mais, é importante saber que nem todo cartão ofertado deve ser aceito. Pois, quanto maior a quantidade de cartões, além das taxas envolvidas, maior a facilidade de se “enrolar”, principalmente para aqueles que não controlam bem essa questão.
Múltiplos cartões convidam outro erro: a dificuldade de conhecer os vários limites em relação à própria renda, pois, o limite deve ser compatível com o seu padrão de vida, Quando falo do limite, quero dizer a soma dos limites de todos os cartões!
Esta falsa sensação de poder de compra pode ser um grande vilão, atrapalhando a nossa mente na hora de filtrar as boas ofertas. Um bom exemplo para isto é a compra daqueles objetos que pouco tempo depois se demonstram serem desperdícios. Contudo, o falso poder de compra não permitiu àquela pessoa ver antes, afinal “é só passar o cartão”.
Deve-se tomar muito cuidado com questões como as apontadas, pois, sair das dívidas contraídas exige tempo e deixa cicatrizes. Além do mais, esse mesmo dinheiro poderia ter sido utilizado de outra forma. O que dizer então das restrições impostas para nós e para as pessoas próximas, simplesmente porque faltaram alguns cuidados na organização financeira?
Estou ciente que imprevistos acontecem e não podemos controlá-los. Entretanto, aquilo que é previsível não pode se tornar uma surpresa, como é o caso do valor da fatura do cartão de crédito. Ter o controle e conhecimento do valor a ser pago para não cair no “mínimo” ou “rotativo” é fundamental para uma vida financeira saudável.
Saúde financeira a todos nós!
Ricardo de Souza
É pós-graduado em finanças e Autor do livro de educação Financeira “Diálogo de Valor”. Instagram: @rsouzaadm.