Venhamos e convenhamos: Dilma Rousseff está caindo pois foi totalmente incapaz de governar. Simples assim!
Sim, houve o crime de responsabilidade praticado principalmente nas pedaladas fiscais. E ser este o motivo que levará Dilma para a história como a pior de nossos líderes a ocupar o Palácio da Alvorada deveria ser comemorado (pelo menos por nós, economistas). A disciplina fiscal, conquistada a duras penas em um país que prima por escolher líderes populistas é um bem público inegociável.
Porém, não somos inocentes a ponto de achar sequer por um segundo que a Câmara dos Deputados votou e o Senado votará a favor do impedimento da nossa presidente somente porque preza por uma política fiscal regrada e responsável.
Dilma Rousseff está sendo escorraçada do Planalto por sua imensa incompetência política, aliada ao descalabro econômico no qual colocou o país.
A presidente recebeu um país crescendo a exagerados e irreais 7,5% ao ano e com inflação em 5,9%. Isso só para dar a dimensão que vivíamos um momento de euforia. Vínhamos de uma década muito boa de crescimento e inclusão social que era esperada para durar mais alguns anos.
Mas Dilma Rousseff quis assumir o comando pessoal da área econômica, manteve ministros incapazes ou substituiu o gabinete herdado de Lula por uma equipe menos qualificada. Ainda: segundo reza a lenda, dava ordens econômicas diretas, acatadas por súditos que preferem seus cargos ao bem estar econômico. Em suma: foi incapaz de reconhecer seus erros na área econômica e repará-los a tempo, em nome de um suposto compromisso com o social e com as bases. Apostou cada vez mais na sua ideia mágica de apertar botões numa sala de controle para fazer a economia crescer. Naufragou ao insistir no erro e ver o tentador cofre dos bancos públicos abertos, mesmo com a plaquinha de “Não entre” na porta.
Sem que a economia desse uma sustentação popular firme, não há presidente que resista a escândalos que envolvam seu nome ou daqueles ao seu redor.
Presidentes cometem deslizes perdoáveis e imperdoáveis. E no Brasil costumamos perdoar condutas pouco republicanas se a economia continua em alta – vide Mensalão. Caso Dilma entregasse o que prometera na economia não uma, mas duas vezes, talvez sua inépcia política passaria despercebida e chegaríamos a 2018 sem a ruptura do mandato. E talvez a fonte de recursos que mantinha os aliados bem próximos não teria secado, mesmo sob ataques pesados da Operação Lava Jato.
Assim, sem economia em dia, qualquer distúrbio político tornaria Dilma Rousseff presa fácil no Planalto. E como presidentes inevitavelmente comentem deslizes ao longo de seus mandatos, encontrar algum crime para justificar a derrubada de Dilma era o objetivo. São as perversas regras do jogo político! E o (grave) deslize com as pedaladas fiscais provê o que mais se buscava: uma manobra fiscal que colocou uma pá de cal na política econômica desastrada e que possui a sustentação legal para afastar a presidente.
Não foi Eduardo Cunha, o politicamente morto-vivo e bandido favorito de Roberto Jefferson, que derrubou Dilma Rousseff. Não foram a CIA nem o juiz Sérgio Moro, o monarca da República de Curitiba. Não foi a crise econômica internacional que somente existe na cabeça dos aliados de Dilma. Não foi o “Congresso mais conservador da história”. Não foram os fascistas e nem a Rede Globo. Não foi a bancada BBB, da bala, bíblia e boi. E nem os fisiologistas de partidos que soubemos que existem apenas durante o processo de impeachment na Câmara e, com menor intensidade, no Senado.
Dilma Rousseff está sendo derrubada por Dilma Rousseff.