No início do século XXI erguia-se em terras tupis talvez o império mais robusto que o continente sul-americano já viu. Se não tão duradouro como o Império de seus colonizadores, o Império Lulo-Petista certamente foi uma exceção à regra. Sabemos que impérios não são bem quistos pela população, sobretudo os mais pobres, por isso a exceção à regra.
Luis Inacio da Silva (ou Lula), ex-sindicalista e ex-metalúrgico brasileiro, venceu 4 das 7 eleições que disputou. Sim, 7, pois eu e você sabemos que a presidente Dilma foi eleita, pura e simplesmente, por transcender a imagem do imperador que a precedeu.
Dilma tem um carisma e simpatia que beira o ridículo. Lula não. Lula é um diplomata ardiloso, versado na arte dos sofistas, e com uma história de vida que sustenta sua posição.
Certamente um fenômeno. Com moral duvidosa, mas certamente um fenômeno.
Surfando na bonança externa e nos espólios das reformas efetuadas por FHC, Lula colocou em prática o plano de poder que hoje ruina em celas de prisão e delações premiadas.
Lula encerrava o seu mandato em 2010 com aprovação de 83% de ótimo/bom, após o PIB ter crescido 7,5% naquele ano. Mais do que isto, a economia brasileira cresceu – em média – 4,1% de 2003 a 2010, computando a recessão de 2009. Se houve um melhor período para se governa o país, Lula teve a felicidade de ter caído em seu colo.
Como vivemos num país democrático e um imperador não vive em seu trono para sempre, houve a necessidade de um novo nome. Eis que Dilma surge como Imperatriz Lulo-Petista. De fato, em seu primeiro mandato, aparentemente a nova governanta tomou as rédeas do governo para si, e ambientada num ciclo econômico totalmente desfavorável, deu sentido aquela velha expressão: “deu com os burros n’água”.
Após diversos equívocos de politicas macroeconômicas, que convencionou-se chamar de Nova Matriz Econômica, o país entrou ladeira abaixo, a aprovação do governo atingiu 31% em 2014, véspera das eleições.
Assistindo parcialmente de fora, o velho Imperador Lula sentiu-se obrigado a intervir e usando todo seu capital político, conseguiu reeleger sua pupila. Mas agora, sua imagem já estava associada a ela. Ele foi obrigado a voltar ao jogo. Só que o jogo não estava mais a seu favor. Não havia mais “tail winds”. E isso foi/será seu calcanhar de Aquiles.
Tivesse ele ficado apenas dando palestras ou qualquer coisa do tipo, provavelmente seria enterrado como o maior político da história do país. Hoje corre o risco de ser lembrado pela alcunha de maior bandido.
A queda do Império
Para que se tenha a queda de um Império, é necessário que suas bases se mostrem insustentáveis. Você entendeu a mensagem.
A base Lulo-Petista consiste na camada mais necessitada da população, sobretudo localizada nas regiões nordestes e norte do país. Pensando de forma fria, alguns radicais de direita chamam está população de “cartas marcadas”, etc e tal.
[caption id="attachment_6177" align="aligncenter" width="442"] Fonte: Globo.com[/caption]Esta situação é facilmente verificada nas últimas eleições e mesmo em 2014, eleição acirrada, ainda há essa concentração dos votos.
Passado a período de eleição, 2015 veio para ser um divisor de águas. A recessão é generalizada, e como bem disse Gustavo Loyola “inflação é um imposto regressivo que penaliza especialmente as camadas assalariadas e de menor renda da sociedade”.
A recessão abraçou não só o Sudeste, mas todas as regiões do país, sendo muito mais cruel com as pessoas de baixa renda.
[caption id="attachment_6178" align="aligncenter" width="682"] Fonte: Banco Central[/caption]A inflação em algum desses lugares do Norte e Nordeste do país já mostra taxas muito maiores do que em outras regiões.
[caption id="attachment_6179" align="aligncenter" width="716"] Fonte: IBGE[/caption]Isso é explicado pelo fato de estas regiões serem regadas pelo setor de serviços, que é mais ligado à renda e tem pouca concorrência externa, de modo que mostra uma inflação mais resiliente e indexada que a região Sudeste, dotada de indústria, ainda que declinante.
Outra consequência disto, é que a recessão doméstica – com queda da renda real – gera mais desemprego em regiões com predominância do setor de serviços.
[caption id="attachment_6180" align="aligncenter" width="714"] Fonte: IBGE[/caption]Em outras palavras, a dobradinha de alta de desemprego e alta de inflação (anomalia brasileira) impactou diretamente a aprovação do governo, a nível nacional, chegando à avaliação como ruim/péssimo em 71% em meados de 2015.
As “cartas marcadas” parecem ter se rebelado. A crise econômica fez o papel sujo que a bonança econômica havia criado.
Em meio a tudo isto, estourou um dos maiores escândalos de corrupção que a humanidade já viu. Cifras jamais equiparadas. Não havia como salvar a imagem do imperador, que já estava em uma simbiose com a da imperatriz.
Esta outra dobradinha de recessão econômica e crise política mataram politicamente o governo. Mas não Lula. De alguma forma a velha jararaca saia pela tangente.
Aliás, jararaca, do tupi yara′raka, significa o que agarra e envenena. Não havia como melhor se descrever. O Imperador vendo seu império ruir começou a bater em sua própria calda, tentando dissociar sua imagem ao barco que agora está afundando.
A sombra do impeachment, anteriormente ligado a um conteúdo técnico como as pedaladas fiscais, hoje ressurge por outros crimes, como o financiamento ilícito de campanhas.
Aparentemente, conforme disse Marcos Troyjo, não há na estufa política as plantas necessárias para efetuar o processo de impeachment. Entretanto, caso as manifestações deste domingo (13/03) seja um sucesso de adesão, haverá a semente necessária para a constituição legitima deste processo.
A imperatriz está virtualmente morta. O imperador, mais letal, resiste temerosamente à queda de sua dinastia.
Há algo de podre no reino Lulo-Petista.
Arthur Editor do Terraço Econômico
Parece haver algo de podre em um texto que insiste em legitimar um processo de Impechment sem sustentação jurídica e que infere de maneira tendenciosa sobre conjuntura política atual através de dados estatísticos extremamente superficiais e insufucientes.