- The Courage to Act – Ben Bernanke O homem que guiou o FED, o Banco Central americano, durante a crise de 2007/08, discute suas memórias e analisa todos passos tomados para conter a maior crise financeira desde 1929. O livro é bem interessante, pois é um exercício de reconhecimento dos limites de um policymaker e também de como a política monetária precisou ser rediscutida de forma bastante ampla para a solução da crise. Bernanke desenhou os programas de afrouxamento quantitativo, ou quantitativing easing, que foram decisivos para a recuperação da economia americana. Se você quiser ler apenas um livro sobre economia nas férias, recomendo esse catatal de 600 páginas.
- The Wright Brothers – David McMcullough Automaticamente todos vão dizer: que mané irmãos Wright, aqui é Santos Dumont. Esse livro tira o mito dos irmãos e os analisa de uma forma ímpar. E infelizmente, sim, eles voaram antes do nosso Santos Dumont. Inclusive no ano que St. Dumont voou o 14 bis, os irmãos Wright já tinham um avião que decolava normalmente. O interessante da história deles, é a vontade de criar uma máquina que imitasse os pássaros. Wilbur e Orville Wright estudaram até o ensino médio, eram modestos, aprenderam tudo sozinhos. Possuiam um pequeno negócio de produção de bicicletas, onde aprenderam as habilidades mecânicas necessárias para construir seu primeiro avião, o histórico Flyer. Uma passagem interessante é quando eles precisam comprar um motor para o avião e nenhuma fabricante se habilita a vender, os próprios decidem produzir seu motor, mais leve e de alumínio, uma inovação para época, tudo isso sem nunca antes terem colocado as mãos em um motor. Leitura mais que recomendada.
- Os números (não) mentem – Charles Seife. A profissão de economista demanda que sempre tenhamos à mente provas do que estamos falando – e, na maioria dos casos, coloca-se como preferencialmente que estes dados sejam numéricos. Contra o senso comum, este livro mostra que existem diversos truques matemáticos que moldam mensagens. No fundo, o livro é um lembrete importante: é sempre sadio manter o ceticismo e procurar entender as razões dos eventos econômicos, porque ter os dados sozinhos – ou montar correlações espúrias, como alguns economistas costumam fazer – não irá fazer sua explicação ser mais convincente.
- Cartas a um jovem economista – Gustavo H. B. Franco. Um livro que discute temáticas quase atemporais dentro da economia, servindo para orientar quem pretende se encaminhar por esta área no ensino superior e levantar questionamentos diretos a quem já está na área há algum tempo. O autor dispensa maiores apresentações e viveu o que narra, o que torna a leitura ainda mais interessante. Se você gosta da discussão econômica mas tem dúvidas sobre se encaixar ou não neste campo, o segundo capítulo é um excelente tira-teima.
- A alquimia das finanças, Lendo a mente do mercado – Georges Soros. O livro é uma especie de diário do grande especulador e filantropo George Soros, escrito após o episódio em que ficou mundialmente famoso ao apostar contra o banco central britânico (e a libra), acertar e quase quebrar a instituição. A linguagem é simples e didática, em que Soros demonstra o dia a dia de suas posições em seu hedge fund, desenvolve a teoria que batiza de “teoria de reflexividade”, evidencias as limitações das premissas de mercado e faz duras criticas ao sistema – apesar de ser um dos seus maiores expoentes.
- Sociedade com custo marginal zero – Jeremy Rifkin. O autor elenca uma grande quantidade de dados e exemplos para sustentar sua tese de que: as novas tecnologias estão quebrando paradigmas e patrocinando o florescer de uma novo sistema econômico, que pode ser considerado um novo capitalismo ou um rompimento com o mesmo. Rifkin explica como a Internet das Coisas em conjunto com as tecnologias de energia e transportes estão alcançando grau gigantesco de interconexão, elevando a produtividade dos processos, solapando o custo marginal e compartilhando os benefícios entre todos os usuários dessa grande rede. Como resultado, o lucro passa a ter um papel secundário. Leitura obrigatória para compreender as mudanças recentes em nossa sociedade.
- Central banking in theory and practice – Alan S. Blinder. O livro é uma compilação de palestras na LSE (London School of Economics) cujo objetivo é contar como é a “vida” de um banqueiro central. Une a experiência acadêmica e prática de um homem que foi vice chairman do Fed (Banco Central Americano) na Era Greenspan. Trata da variedade de complicações que um dirigente de banco central precisa enfrentar na tentativa de implementar, na pratica, a abordagem clássica de metas e instrumentos. Descreve como foi o início da utilização dos modelos para a política monetária, algo que hoje é básico para nós. Na época, ele os defendia como guia, mas com um certo ceticismo. Outro debate importante do livro, e que recentemente nos visitou, é a importância do Banco Central independente.
- O desafio brasileiro – Ensaios sobre desenvolvimento, globalização e moeda – Gustavo H. B. Franco. Um clássico, escrito por uma lenda. Um dos heróis do Plano Real, Gustavo Franco descreve com maestria o debate em relação as diversas visões de como se estabelece o desenvolvimento, abertura comercial e o combate a busca pela moeda sadia (fim da hiperinflação). Seu sarcasmo já muito conhecido tomou a melhor forma neste livro, sobretudo ao tratar da escola Inflacionista do espectro do pensamento econômico
- Economic Facts and Fallacies – Thomas Sowell. Basicamente sobre como alguns fatos podem ser mais bem explicados com rigor econômico mais apurado e como políticas podem ser enganosas a priori, mesmo que com boas intenções. Exemplo clássico do livro: problema de moradia em cidades americanas que tentaram resolver com regulação errada. Resultado: maior déficit habitacional e maior preço de aluguel.
- Ludwig Erhard: a biography – Alfred C. Mierzejewski. Biografia do ministro das finanças da Alemanha no pós-guerra, durante o governo Adenauer. Foi o responsável pela liberalização dos mercados na Alemanha, tnato de bens quanto de fatores, indo contra as recomendações dos Aliados de ter uma economia mais controlada, como na França. Co-responsável pelo milagre alemão, foi primeiro-ministro por um breve período depois do Adenauer, mas não era muito político. Era bem técnico e as ideias e políticas dele foram responsáveis por colocar a Alemanha onde está hoje. E ele ainda fumava durante entrevistas.
- Trópicos utópicos – Eduardo Giannetti. Uma espécie de apanhado de divagações do cientista social e economista, o livro trata desde questões de cunho histórico-filosófico como a proximidade de política e religião ao longo dos séculos, quanto de tecnicalidades do debate econômico atual como padrões de desenvolvimento e sustentabilidade. De leitura leve apesar da densidade dos assuntos, o livro traz um olhar diferente ao indagar o que devemos desejar e esperar do Brasil como economia e país de incrível multiplicidade étnica e cultural.
- Temos extremos – Míriam Leitão. Romance de estréia da jornalista econômica Míriam Leitão. A história se passa em uma fazenda mineira, na verdade duas histórias, que se conectam por essa fazenda. A primeira é sobre uma família que sofreu muito com a ditadura militar e vai para a fazenda comemorar o aniversário da matriarca. Enquanto a segunda história é sobre dois irmãos, escravos, que viviam na fazenda e que lutavam contra a escrivadão. Como as histórias se conectam? Não vou falar, leia o livro, vale a pena.
- A Riqueza das nações no século XXI – Bernardo Guimarães. O livro aborda questões econômica de uma maneira racional e sem se deixar tentar por apelos políticos. Questões como deveria o BNDES emprestar tanto como empresta a juros subsidiados, lei do conteúdo local de fato impulsiona uma economia,entre outras são respondidas. Bernardo, faz um livro muito simples e didática, capaz de ser lido em 15 dias. A leitura é prazerosa e enriquecedora de como raciocinar economicamente.
- O fator Churchill – Boris Johnson. Quando Boris escreveu este livro era apenas um Jornalista entusiasmado. Hoje ele é ex-prefeito de Londres e chanceler das relações exteriores britânicas. Gosto do Livro por mostrar – ao contrário do que muitos pensam – que Churchill foi um desacreditado a vida inteira. Seu próprio pai foi um dos que acharam que ele não seria ninguém na vida. Não só desacreditado, Churchill em mais de uma vez na carreira foi colocado no Limbo, como quando comandou a operação de Galipoli e perdeu de maneira vergonhosa. Mas Churchill se reinventava, começou a se expor em rodas que as pessoas o ouviam e se tornou num dos maiores – senão o maior – líder da Inglaterra moderna.
- Como matar a borboleta azul: Uma crônica da era Dilma – Monica B. de Bolle. O livro mostra a linha do tempo do governo Dilma, desde o início, no qual a Presidente usufruía de amplo apoio popular, aproveitando a carona de seu padrinho político (Lula), até o momento mais dramático de sua passagem na presidência com o afastamento e posterior confirmação do Impeachment. Uma crise política e econômica dessa magnitude não surge da noite pro dia; pelo contrário, como é mostrado no livro que mistura dados econômicos, literatura popular e uma dose de sarcasmo, as políticas adotadas foram as responsáveis pela situação que vivenciamos atualmente.
- Sonho Grande – Cristiane Correa. A história de sucesso de Jorge Paulo Lehman, e seus fiéis escudeiros Marcel Telles e Beto Sicupira é interessante do início ao fim. De uma promissora carreira no tênis até a formação da maior cervejaria do mundo, Lehman soube como poucos delegar funções e responsabilidades para aumentar seu próprio patrimônio. Seu trabalho, na maioria das vezes, foi resgatar empresas que não apresentavam bons resultados e transformá-las em exemplo de gestão e lucratividade. E, claro, com uma pitada de sorte no meio do caminho; embora, no todo, o esforço e a dedicação dessas três figuras do empreendedorismo tenham contado muito mais.
- Condições de Liberdade – Ernest Gellner. Neste livro denso e original, Ernest Gellner demonstra que a grande diferença entre as ideologias totalitárias e o liberalismo ocidental é a existência da sociedade civil – idéia que nos ajuda a entender como uma determinada sociedade funciona de fato, e como difere das formas alternativas de organização social. Além disso, mostra a influência do islamismo no mundo contemporâneo, sustentando que o fracasso do marxismo foi um dos fatores que propiciou o fortalecimento progressivo do Islã.
- Por que as nações fracassam – Daron Acemoglu e James Robinson. Por meio de um texto instigante, Por que as nações fracassam responde à pergunta que há séculos instiga diversos estudiosos: por que algumas nações são ricas e outras são pobres, divididas por riqueza e pobreza, saúde e doença, comida e fome? Neste livro, Daron Acemoglu e James Robinson tratam das diferenças abissais de receita e padrão de vida que separam os países ricos do mundo, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, dos pobres, como os da África subsaariana, América Central e do Sul da Ásia; Os autores fazem uma demonstração cabal de que são as instituições políticas e econômicas que estão por trás do êxito econômico (ou da falta dele). Trata-se de uma leitura que oferece um vastíssimo leque de exemplos históricos para demonstrar como mudanças podem contribuir para instituições favoráveis, inovações progressistas e êxito econômico ou, ao contrário, para instituições repressoras e, em última instância, decadência ou estagnação.