Um dos grandes entusiastas do setor industrial do século XX foi o economista húngaro Nicolas Kaldor. Além de afirmar que o setor industrial é o “motor da economia”, ele também elaborou 3 leis:
a )O crescimento do produto industrial possui forte correlação positiva com o produto interno;
b )Existe uma forte relação causal entre o crescimento da produção industrial e o crescimento da produtividade na indústria;
c) Relação causal positiva entre o crescimento do setor industrial e o crescimento da produtividade fora da indústria.
Neste artigo, focaremos na primeira lei (lei a).
Apesar da recuperação tímida no final do trimestre do ano passado, 2019 foi bem difícil para o setor industrial brasileiro. De janeiro a outubro, a produção industrial acumulou declínio de 1,1% ante o mesmo período do ano anterior. Somente na passagem de agosto para setembro houve um aumento da produção física da indústria de transformação em 0,9%. Devido aos péssimos resultados dos meses anteriores, o setor deverá fechar em baixa, mas com uma tendência para o crescimento.
A taxa de desemprego de dois dígitos que acompanha a nação, também é outro fator que prejudica a retomada econômica. Mas nem tudo é má notícia: no último trimestre de 2019 houve sinais positivos na ocupação total, no emprego formal e na ocupação industrial. O ritmo de contratação da indústria de transformação, por exemplo, entre o segundo o terceiro trimestre de 2019 mais que dobrou (passando de 0,6% a 1,3%). Resultados ainda pouco expressivos, mas com uma clara tendência à recuperação econômica.
Um conjunto de fatores fazem com que o final do ano passado seja promissor para o início de 2020. Aumento do consumo, proveniente da criação de novos empregos e, consequentemente, da renda das famílias, a queda da taxa de juros a patamares históricos e a injeção de recursos com a liberação do FGTS, são fatores que geram uma percepção que 2020 consolide a recuperação econômica iniciado no final de 2019.
O Banco Central também está otimista. O último relatório feito pela instituição destaca um aumento na previsão em relação ao PIB de 2020. A previsão aumentou de 1.8% para 2.2%. Esse otimismo reflete a perspectiva da continuidade das reformas que foram iniciadas ano passado e o aumento da confiança por parte dos agentes econômicos.
De acordo com o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) publicado pela CNI em dezembro de 2019, o empresário nutre uma confiança elevada para o ano de 2020. Com o aumento da confiança por parte dos empresários, há um estímulo nas decisões de investimento e produção que auxilia esse momento de reativação econômica.
O cenário macroeconômico em 2020 – até o momento pelo menos -, tende a ser propício para o crescimento dos países em desenvolvimento. Com a guerra comercial entre China e EUA caminhando para um acordo, os investimentos devem aumentar e, com a confiança do empresário seguindo em alta, o Brasil se beneficiará.
O que se espera em relação às atitudes do governo federal é que haja ações para que o setor industrial continue crescendo. A continuação das reformas que estão beneficiando o País precisam ser discutidas o quanto antes para que o essa reativação econômica não se torne apenas um voo de galinha.
Maxwell Marcos
Estudante de graduação do curso de Economia pela Universidade de Taubaté. Apreciador das obras de Nelson Rodrigues e Theodore Dalrymple, acredita que o papel de uma Universidade é criar uma elite intelectual que discuta os problemas do país ou se possível da humanidade.
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