Até o momento não é possível avaliar com precisão os impactos do coronavírus na economia mundial e brasileira. Dia após dia o vírus impõe novas perdas à economia mundial. Desde o fim do carnaval, as 285 empresas que atuam na bolsa de valores brasileira perderam aproximadamente 1 trilhão de reais de valor de mercado, ou seja, o equivalente a 13,7% do PIB brasileiro. Esta crise já é maior que as de 2001 e 2008, uma verdadeira hecatombe global.
A incerteza na economia mundial é gigantesca e o futuro nebuloso. Pelo mundo observa-se governos das mais diversas matizes ideológicas cunharem pacotes anticíclicos buscando reduzir os impactos da crise sobre o lado da oferta e da demanda.
Os Estados Unidos anunciaram um pacote de estímulo à economia de US$ 2 trilhões (aproximadamente, 10 trilhões de reais), ou seja, 10% do PIB americano. Dentre as várias medidas tem-se: a. envio de mil dólares para cada americano; b auxílio financeiro para a indústria da aviação e c. pequenos e médios negócios que foram duramente atingidos pelo surto do vírus. O Banco Central Europeu irá aportar por volta de 1,1 trilhões de euros (5,51 trilhões de reais).
No Brasil, mesmo de forma atrapalhada, o governo federal anunciou um conjunto de medidas econômicas objetivando mitigar os impactos econômicos negativos da ordem de R$ 184,6 bilhões de reais, ou seja, aproximadamente 2,7% do PIB brasileiro. É preciso destacar que um conjunto de medidas do governo federal é de apenas postergar o recebimento de impostos, ou seja, os empresários terão que pagá-los.
A pouco o presidente da câmara dos deputados Rodrigo Maia anunciou que o pacote de estímulo à economia vai oscilar entre 400 a 500 bilhões de reais. É muito pouco perante o tamanho da crise. E neste contexto, o Banco Central, até o momento pelo menos, mostra-se apático.
Independente do montante e quais políticas de combate a hecatombe econômica, precisamos de um novo plano Marshall para salvar a economia mundial, principalmente para o Brasil.
Até o momento as ações governamentais brasileiras são tímidas e descoordenadas frente a atual e futura crise econômica. Algo que de algum modo deve ser alterado devido a gravidade da crise. Além disso, o governo parece ainda insiste em manter políticas econômicas que irão inexoravelmente reduzir a demanda agregada e a arrecadação fiscal.
Políticas de redução salarial possuem dois impactos de imediato, redução da demanda e da arrecadação do governo, ou seja, o governo combate a recessão com mais recessão, isto é análogo a combater a fome com regime!
Temos uma oportunidade de testar o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), ou simplesmente Banco do BRICS, no fomento a políticas públicas de desenvolvimento e anticíclicas. Além disso, tem-se o Banco Mundial e outras instituições de fomento ao desenvolvimento.
Precisamos de um novo plano Marshall sem a doutrina Truman. A pergunta que fica é:
- O mundo e o Brasil possuem líderes com capacidade suficiente para superar esta hecatombe?
Perante esta crise sem precedentes, cabe uma segunda pergunta:
- Essa crise fortelecerá as ideias de keynesianas?
E por fim, se todos devem contribuir para mitigar os efeitos adversos desta crise, qual seria a contribuição dos bancos privados? Seria o momento para propor uma tributação das grandes fortunas? São questões ainda difíceis de se responder.
Rubicleis Gomes da Silva
Prof. de Economia da UFAC.