Bolsa de valores ou Bitcoin? O que é mais indicado para você?

Embora não seja a única ótica do universo cripto, não podemos negar que um aspecto que chama muita atenção quando se fala desse assunto é a esfera financeira. Valores enormes, variações que enchem os olhos ou mesmo que causam sustos enormes quando caem muito. Para quem se assusta com a Bolsa de Valores, Bitcoin é algo que tem uma volatilidade de preços ainda mais intensa.

Seria possível mensurar o que cabe melhor para você? Neste artigo faremos justamente essa discussão.

Antes de tudo, vale apontarmos que a melhor ideia para começar a pesquisar mais sobre investimentos de qualquer natureza é conhecer seu próprio perfil de investidor. Isso acontece porque nesse mundo não há “certo” nem “errado”, mas sim o “mais adequado” ou “menos adequado” para pessoas diferentes em termos de risco.

Nesse teste, procure responder com a maior honestidade possível sobre o quanto você suporta riscos, variações no capital aplicado e também qual seria seu horizonte de tempo. Existem outros aspectos questionados também, mas ao final você chega no perfil, que geralmente estará entre os espectros conservador, moderado e arrojado (mudam as nomenclaturas, mas isso significa que o perfil de risco vai de “suporto poucas variações” a “não tenho muito receio com volatilidade elevada”).

Outro ponto que vale apontarmos é que, tanto Bolsa de Valores como Bitcoin, são aplicações para pessoas que têm perfil de maior risco, e não para quem passa por sustos com grandes variações.

Por que levantar todos esses aspectos antes de seguir com o artigo? Porque não conhecemos você que nos lê, então seria uma irresponsabilidade de nossa parte soltar algo tão vazio quanto “Bitcoin/Bolsa de Valores é para você” sem que minimamente tenhamos te contado o que é preciso fazer antes de tomar essa decisão, beleza?

Em todo caso, sendo você uma pessoa que quer saber mais sobre essa comparação entre Bitcoin e Bolsa de Valores e, além disso, tem interesse sobre as possibilidades existentes nos dois casos, então recomendamos que siga adiante neste artigo!

Qual o melhor tipo de investimento?

Bitcoin e Bolsa de Valores acabam tendo foco de maior prazo e apresentam volatilidade elevada de preços e cotações. A diferença entre eles é no que se baseiam: enquanto Bitcoin é uma rede blockchain com o objetivo de servir como meio de pagamento e reserva de valor (como uma moeda), na Bolsa de Valores você vai encontrar ações, que são partes bem pequenas de empresas.

Quando você compra uma ação na Bolsa de Valores está comprando o futuro de uma empresa, a expectativa de que aquele negócio fique cada vez maior ao longo do tempo. Enquanto isso, ao comprar Bitcoin, você apoia um projeto de pagamentos que, tendo começado bem pequeno como quase um protesto social em 2008, apresenta quantidade limitada e comportamento anti-inflacionário desde o começo.

Como você pode perceber desde já, são coisas então bastante diferentes, então tudo vai depender do que você tem maior interesse ou em que magnitude seu interesse está presente. Nada impede que você tenha um pouco de cada em sua carteira de investimentos, desde que saiba que são investimentos que vão em direções diferentes.

Como olhar retornos passados não garante ganhos futuros – lei clássica de finanças! -, um aspecto interessante a ser observado é a volatilidade existente em cada um desses dois antes de tomar uma decisão. Na Bolsa de Valores os riscos que geram volatilidade são os da própria empresa e também o do mercado como um todo e, no caso do Bitcoin, o maior dos riscos está relacionado a aspectos de tecnologia (da rede blockchain) e também aceitação (uso das pessoas).

Tendemos a visualizar Bitcoin como sendo um item com maior volatilidade por ter sua cotação baseada em aspectos menos palpáveis (empresas você consegue visualizar resultados trimestrais, contas, decisões e outros pontos), então pode ser apontado o Bitcoin como investimento mais arriscado justamente por ter maior dificuldade de verificação da “situação atual”.

Assim sendo, se seu critério for o risco, a Bolsa de Valores tende a ganhar do Bitcoin em termos de “maior segurança”, pelo menos no quesito “verificação de informações que ajudem a formar o preço que se vê na tela”.

Criptomoedas podem ser consideradas como investimentos?

Essa questão é bastante ampla e pode suscitar diversas e intermináveis discussões filosóficas a respeito do que seria investimento. Mas um aspecto que deve ser levado em consideração é a utilização de algum ativo, financeiro ou não, antes de chegar a uma resposta.

Deixemos de lado a Bolsa de Valores e o Bitcoin. Pensemos na árvore que deu nome ao nosso país, o Pau-Brasil. Se perguntarmos “Pau-Brasil é investimento?”, o que você responderia? Que sim ou que não?

Não sabemos o que você pensa, mas podemos depreender que, antes de responder, você deve ter pensado na utilização que é dada a essa árvore. A pessoa que comprou fez isso para fazer um móvel e decorar sua casa de campo ou fez isso com a intenção de revender em um mercado existente?

No caso do mundo dos investimentos essa analogia é bastante válida: para o caso das ações que você encontra na Bolsa de Valores é mais fácil de inferir que se trata de um investimento porque existe um mercado… (no qual você pode comprar e vender ações), mas quando falamos de criptomoedas não é uma relação tão direta assim, porque apesar de haver um mercado disponível as pessoas podem comprar por acreditarem no projeto.

Isso precisa ser dito porque, novamente, a ótica financeira pode até ser a que mais chama a atenção quando o assunto são as criptomoedas, mas definitivamente não é o único ponto existente. Temos projetos, por exemplo, que servem mais para funções gerenciais (os chamados utility tokens) do que necessariamente para transacionar em um mercado.

Um caso clássico é o token Chiliz, cujo objetivo principal é fornecer poder de decisão a torcedores de times esportivos. Quem compra esses tokens teoricamente tem maior interesse em ajudar nas decisões do time do coração do que ganhar dinheiro com isso.

Então, no fim das contas, o ato de comprar Bitcoin ou outras criptomoedas não deve ser considerado um investimento. Afinal, você está adquirindo uma moeda que é considerado um ativo, mas que não tem todas as propriedades para ser considerado um investimento, como rendimentos associados ou dividendos recebidos, beleza?

Cuidados para tomar com cada uma dessas aplicações

O conselho principal em relação a tomadas de decisão que envolvam qualquer um deles é olhar os riscos aos quais estão relacionados.

Olhando para Bolsa de Valores, é possível que você tenha envolvimento de duas maneiras: comprando ações diretamente ou então com algum ETF, que é um meio de comprar um papel que replique o índice inteiro. A vantagem de se comprar ações diretamente é que os retornos são o daquele papel e o risco é que você precisa olhar o desempenho dele e também do mercado. Já no caso do ETF, se por um lado é ruim porque você não pode escolher e fica sujeito ao mercado, por outro, apenas existe o risco do mercado como um todo (não é preciso olhar o risco de cada papel individualmente).

Numa analogia, a diferença entre comprar ações diretamente e um ETF é a diferença entre comprar uma lancha em uma marina (que pode ser mais ou menos potente que as outras ali disponíveis) e comprar um direito de usar todas as lanchas dali (e aí a maior preocupação vai ser com o comportamento da maré naquele dia, não com o motor de uma lancha ou outra especificamente).

Observando o lado do Bitcoin, o cuidado principal envolve entender um pouco mais a respeito dos riscos do mercado de criptomoedas como um todo (que seria como o ambiente da Bolsa de Valores, mas em diferentes exchanges) e também a utilização dessa criptomoeda em diferentes possibilidades. Como já informamos, trata-se de algo mais complicado de ser feito, porque os critérios aqui costumam ser bem menos objetivos do que por exemplo observar balanços trimestrais e o desempenho financeiro real da companhia.

Aspectos tecnológicos impactam muito mais o andamento futuro do Bitcoin do que o mercado de criptomoedas em si, mas se existem dois pontos que devem levantar atenção caso você queira estar com essa criptomoeda em sua carteira, são exatamente esses explicados acima..

Quais os riscos e benefícios desses mercados?

Como todo mercado de longo prazo – e tanto Bolsa de Valores quanto Bitcoin têm esse horizonte de investimento -, os maiores ganhos podem ser observados ao longo do tempo. Novas utilizações no caso da criptomoeda, novos mercados conquistados no caso das empresas ou dos índices envolvidos com a Bolsa de Valores.

Com todo o cuidado e ressalvas possíveis nessa afirmação, em qualquer um dos dois, ainda que sejam diferentes, você quando compra e coloca em sua carteira está fazendo uma aposta positiva sobre o futuro. Não que você esteja em um cassino ou algo do tipo, mas coloca seu dinheiro onde há maior expectativa de valorização da cotação no futuro.

Os riscos estão ligados a aspectos que já te apresentamos aqui, mas os benefícios e resultados têm ligação direta com o quanto esses investimentos podem ganhar em possibilidades no futuro, como o uso no caso do Bitcoin e mercados no caso da Bolsa de Valores. Nos dois casos temos que a renda é variável, o que significa que não há “garantia de ganho futuro” mas as variações podem ser as mais diversas possíveis.

Essa oscilação forte de cotações tem tudo a ver com o que já comentamos, desde o início, de perfil de investimento. Considerando os pontos do IBOVESPA como analogia da Bolsa de Valores, por exemplo, só nos últimos dez anos vimos o mínimo ser próximo de 29 mil pontos e o máximo ao redor de 130 mil, enquanto no caso do Bitcoin o mínimo foi de aproximadamente US$10 e o máximo foi de quase US$67.000,00.

Oscilações dessa magnitude passam a seguinte mensagem: só vale ter em sua carteira e chamar de investimento o que você realmente acredita e vê potencial de valorização futura, mas desde o início tenha em mente que o caminho pode até no longo prazo sinalizar uma subida de rampa, mas no trajeto muitos solavancos podem acontecer.

Desculpe se parecemos repetitivos neste aspecto, mas é justamente essa a importância de verificar seu perfil de investimento antes mesmo de começar.

Qual desses é para você? Bolsa ou Bitcoin?

A boa informação é sempre o melhor início: conheça um pouco mais sobre como funciona a Bolsa de Valores e pesquise sobre a origem do Bitcoin e suas utilidades. Passando desse ponto, verifique qual o nível de risco que você é capaz de encarar sem grandes problemas, lembrando que nos dois casos temos aplicações focadas em pessoas com perfil arriscado, combinado?

Tendo definido tudo isso, passe a avaliar qual a proporção de cada um (ou de um ou outro individualmente) melhor se encaixa para sua carteira.

Seria muito pretensioso de nossa parte partir do pressuposto que qualquer pessoa que lê esse artigo encontraria aqui a proporção ideal de investimentos em Bolsa de Valores, Bitcoin ou ambos. Mas, se tem uma coisa que somos capazes de apostar, é que você sai desse artigo pensando com mais detalhes entre a comparação de investir em cada uma dessas duas possibilidades.

Ah, e não se esqueça: continue acompanhando a sequência de conteúdos aqui desta coluna e também lá do Blog da Bitso para ficar por dentro do universo cripto!

Caio Augusto

Formado em Economia Empresarial e Controladoria pela Universidade de São Paulo (FEA-RP), atualmente cursando o MBA de Gestão Empresarial na FGV. Gosta de discutir economia , política e finanças pessoais de maneira descontraída, simples sem ser simplista. Trabalha como diretor financeiro de negócios familiares no interior de São Paulo e arquiva suas publicações no WordPress Questão de Incentivos. É bastante interessado nos campos de políticas públicas e incentivos econômicos.
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