Why Nations Fail?

Obra obrigatória, especialmente para ano de eleição. Os autores já bem no início apresentam a linha de pensamento que será utilizada ao longo de todo o livro, e me agrada muito a clareza com que o mindset é abordado. Eles argumentam que há dois tipos de instituições políticas e econômicas: as inclusivas e as extrativas. Todo o resto é baseado nessa premissa.

Além disso, há a defesa de que a geração de riqueza – objetivo maior do capitalismo – a partir de instituições inclusivas, historicamente, é o caminho mais sustentável a se seguir.

Apesar da economia não ser uma ciência exata, é bem tentador achar que Acemoglu e Robinson tentam elaborar uma receita de bolo. Porém, a intenção não é essa.

Os capítulos mostram, em uma ordem cronológica – iniciada no período da América Espanhola -, sempre que autoridades elaboraram um ambiente que favorecia a livre iniciativa por parte da população, o crescimento orgânico fora observado. De maneira surpreendente, isso se mostrou algo infinitamente mais complexo do que parecia, e com muitas variáveis em jogo.

No tocante à realidade brasileira, um exemplo claro de instituições extrativas é a relação do poder público com as grandes empreiteiras, que obtiveram vantagens desleais na execução de grandes obras. Outro exemplo é a chegada do Uber.

Para este caso, o livro também fala, de forma brilhante, sobre a Destruição Criativa de Joseph Schumpeter. Grupos de taxistas pressionaram as autoridades por terem se sentido ameaçados frente à inovação que chegara, pois sabiam que certamente perderiam muito espaço.


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O que o livro mostra é que essa “troca de vencedores” é apenas uma das consequências do progresso pela inovação. Sem ela, talvez ainda estaríamos nos locomovendo de carroça. A essa altura, parece trivial concluir que os governos que tentam ao máximo bloquear a Destruição Criativa acabam fazendo a nação parar no tempo pelo interesse de uma minoria.

Quem ler até o último capítulo vai perceber algo curioso quando os autores falam sobre o Brasil. Bom, vale lembrar que o livro foi publicado pela primeira vez em 2012, logo, Acemoglu e Robinson fizeram a pesquisa em um período no qual a economia brasileira andava em um ritmo bem diferente, e classifica o Governo Lula como um que criou instituições inclusivas.

Em um eventual retorno de ambos ao país hoje para uma nova pesquisa, um novo capítulo muito provavelmente seria escrito sobre o caso brasileiro, e por consequência, a abordagem não seria a mesma.

O motivo para a mudança é simples: naquela época pouquíssimos tinham noção do tamanho da máquina perversa que estava implantada aqui há bastante tempo, e as descobertas vieram à tona depois da publicação da obra. Mesmo assim, a leitura é extremamente válida.

   

Eduardo Scovino

Estuda Engenharia Química na UERJ e é outro economista de coração. Já trabalhou em Operação no meio fabril, mas acabou se rendendo ao jargão “It’s the Economy, stupid!”. Dentre as principais causas que defende, estão a Economia de Mercado, a Destruição Criativa, Finanças Pessoais e Reciclagem. Acredita ainda que é possível uma solução que englobe essas duas últimas. Nas horas vagas, também é remador, frequentador de shows de metal e está sempre pronto para uma roadtrip.
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