13 ideias para entender a política brasileira atual

Aqui estão 13 ideias úteis para entender a política brasileira atual. O engraçado é que não importa quando você está lendo esse artigo, ele continuará atual.

I. democracia

É um método para formar governos e tomar decisões políticas, composto pelos seguintes procedimentos:

  • divisão e independência entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário;
  • submissão dos três poderes à constituição;
  • representantes eleitos pelo povo, especialmente em relação ao poder Legislativo;
  • eleições com reais opções de escolha;
  • direito ao voto limitado somente pela idade;
  • voto livre e secreto, seguindo o princípio de ‘um eleitor, um voto’;
  • liberdade de associação, expressão e imprensa;
  • eleição e tomada de decisão baseada numa regra de maioria;
  • impossibilidade de opressão [suspensão de direitos] da minoria pela maioria;
  • condições reais de alternância de poder entre partidos políticos;

II. fascismo

“[…] é impossível definir satisfatoriamente fascismo sem admitir coisas que nem os próprios fascistas, nem os conservadores, nem socialistas de nenhum matiz querem admitir. Tudo que se pode fazer no momento é usar a palavra com certa medida de circunspecção e não, como em geral se faz, degradá-la ao nível de um palavrão.”

— George Orwell, o que é fascismo?

III. efeito Dunning-Kruger

É um viés cognitivo, originalmente descrito por David Dunning e Justin Kruger. Nele, os indivíduos superestimam a própria competência em determinadas atividades. Isso é, a ignorância acerca da própria incompetência resulta em falsa confiança.

IV. distopia orwelliana

É a realidade do governo totalitário autocrático, limitador de escolhas, repressor e crente na ordem racional-moral. É caracterizada pela vigilância e censura constantes: todos devem se submeter ao governo, todos devem pensar conforme o dito pelo governo. A verdade só emana do governo, só o governo pode nos proteger do ‘outro’.

V. patrimonialismo

É uma forma (tupiniquim, pero no mucho) de administrar o Estado, onde há pouca ou nenhuma distinção entre aquilo que é de natureza pública e de natureza privada.

VI. efeito demonstração

Conceito microeconômico, [o efeito demonstração] é, grosso modo, resultado da decisãopelo consumo baseada nos princípios de imitação, comparação e aprendizado. Essa decisão pode sofrer influência cultural (p. ex.: propaganda).

VII. distopia kafkaesca

É a realidade do governo burocrata. Tudo é gerenciado e documentado a ponto das tarefas se tornarem frustrantes, intermináveis, desumanas e sem sentido. Aquilo que não se adapta ao gerenciamento é desnecessário. Nada existe fora da burocracia.

VIII. lei das consequências não intencionais

É uma regra tácita que define a ação das pessoas ou instituições como possível causa de efeitos não intencionais, imprevistos ou até mesmo contrários ao esperado.

IX. complexo de vira-lata: termo cunhado por Nelson Rodrigues, significa a condição de inferioridade em que o brasileiro se coloca, deliberadamente, em relação ao resto do mundo.

X. sociedade aberta

Uma forma de organização social ideal descrita por Karl Popper sendo suas características: liberdade de expressão, liberdade de pensamento e eleições livres.

XI. profecia autorrealizável

Termo cunhado pelo sociólogo Robert K. Merton em 1948. Descreve o fenômeno onde uma previsão se torna realidade em razão da expectativa sobre a própria previsão, que estabelece uma crença e condiciona o comportamento dos indivíduos causando um ciclo retroativo.

XII.  lei de Gérson

Termo de origem futebolística e midiática, é o típico desejo de levar vantagem em tudo.

XIII. skin in the game

Heurística utilizada por Nassim Taleb tal como um filtro para o juízo dos homens. Nele há uma necessidade intrínseca de simetria, ou seja, equilíbrio entre incentivos e desincentivos. Assim, se a ação de um indivíduo causa dano ao outro, ele deve sofrer as consequências de suas ações. Se um indivíduo almeja benefícios, também deve se expor, primariamente, aos riscos inerentes àquilo que é almejado.

Paulo Silveira

Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e ex-graduando em Economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Trabalha com gestão de produtos digitais em startups brasileiras. Produz conteúdo sobre economia e tecnologia. Foi um dos vencedores do concurso nacional de resenhas organizado pelo Conselho Federal de Economia em 2017, escrevendo sobre a obra 'Princípios de Economia Política e Tributação' de David Ricardo.
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