5 Gráficos para entender quais são os melhores investimentos durante a crise econômica brasileira

O investidor brasileiro tradicionalmente já tem como perfil ser conservador e estável, ou seja, tem baixo apetite para investimentos arrojados e com maior grau de risco.  Com o contexto atual, de crise econômica/política aprofundando as incertezas e aumentando a volatilidade somado a uma taxa SELIC de 14,25% (competindo com Rússia e Turquia para qual será a maior do mundo), os desincentivos para investir em renda variável só aumentam.

Porém, já dizia Gordon Gekko em uma das mais famosas frases do clássico Wall Street: O dinheiro nunca dorme.  E no caso brasileiro, não é em renda fixa ou na caderneta de poupança que ele sofre de insônia.

O investidor que analisou a conjuntura atual e tomou decisões rápidas, superou a média do mercado facilmente e obteve ganhos substanciais.

Vamos apresentar 5 gráficos de investimentos e estratégias que literalmente surfaram no período recente desde as eleições e, principalmente, desde a deflagração da turbulência econômica tupiniquim. E vamos apresentar, sobretudo, qual a grande semelhança entre todos os tipos de estratégias.

OBS: Os leitores mais atentos irão notar que a análise se restringe apenas aos retornos no período, não abordamos análises como indicadores de risco, volatilidade, aplicação mínima, etc, dado o conteúdo didático do artigo.

1) Incialmente, vamos começar com os fundos multimercados, internacionalmente conhecidos com hedge funds. Eles se caracterizam por plataformas de alocação de recursos altamente dinâmicas, seus gestores possuem maior liberdade para investir nos mais diversos mercados e estratégias, tanto em ativos de renda fixa como juros, moedas, títulos públicos, quanto em ativos de renda variável como ações, debêntures e derivativos.

Nesse sentido, selecionamos três grandes fundos brasileiros, o fundo Verde (maior hedge fund fora dos EUA), fundo Galileo (Banco Safra) e Brasil Plural, para demonstrar como a gestão ativa de ativos pode gerar retornos em tempos de volatilidade e incertezas.

Ademais, incluímos o IHFA (Índice de Hedge Funds ANBIMA), índice que pondera a média de retornos dos maiores hedge funds domésticos e em certo sentido demonstra os retornos das várias estratégias.

É nítido que a alocação dinâmica de recursos no longo prazo supera a CDI, no qual a maioria dos investidores costuma investir.

Para maiores informações consultar IHFA

Fonte: ANBIMA, dados até 10/08

2) Investimentos em BDRs (Brazilian Deposit Receipts) são títulos de empresas domiciliadas no exterior emitidos nacionalmente, ou seja, permitem comprar papeis de empresas norte americanas listada na bolsa a partir de uma plataforma brasileira. O volume alocado em tais papeis vem crescendo a cada ano. No movimento recente, alguns bancos e gestoras decidiram iniciar investimentos especializados com esta estratégia, aplicando em diversos títulos de empresas, como por exemplo: Apple, Xerox, Morgan Stanley, Google, LinkedIn, etc… Nesse sentido, dada a possível recuperação da economia americana e da melhora de seus fundamentos, os ativos apresentaram retornos entre 55% a 36%, dependendo da estratégia utilizada.

Fonte: ANBIMA, dados até 10/08

3) A terceira estratégia, muito alinhada com a segunda, visa acompanhar o índice S&P [1], o maior indicador de ações dos EUA, abarcando as maiores e mais líquidas empresas do país. Desde que o FED (Federal Reserve) iniciou o quantative easing [2] e efetuou uma política de injeção de liquidez, o índice vem apresentando desempenho excepcional, superando todos os topos históricos. Então, o investidor que aplicou nesse movimento obteve retornos de aproximadamente 48% em dólares.

Os fundos brasileiros obtiveram retornos absolutos do índice, ou seja, acompanharam linearmente a valorização do índice. Outros efetuavam hedge (proteção na moeda local, no caso o real), então diminuíram sua rentabilidade dada a desvalorização da nossa moeda.

Fonte: ANBIMA, dados até 10/08

4) O quarto gráfico foi praticamente profecia autorrealizável. Depois do término das eleições, as perspectivas de alta da desvalorização do real eram nítidas, porém os agentes não imaginavam o quanto. O fato é que: quem apostou na alta do dólar, por meio de fundos, mercados futuros ou mercado à vista obteve retorno de aproximadamente 40%.

Agora a grande questão é qual será o preço de equilíbrio da moeda e onde os investidores poderão zerar suas posições.

Fonte: ANBIMA, dados até 10/08

5) Praticamente relacionadas com a alta do dólar, as empresas exportadoras do mercado brasileiro apresentaram aumento da sua receita de vendas, fluxo de caixa, lucro esperado e consequentemente no preço de suas ações. Apresentando aproximadamente 80% de retorno, os investidores apostaram nestas como maior ganho de competitividade internacional e expansão de negócios.

Empresas como KLABIN, JBS, SUZANO e FIBRIA possuem ótimos fundamentos, além de operações nos mercados nos externos, então a perspectiva de alta tende a se sustentar.

Fonte: Bloomberg, dados até 10/08

A grande mensagem aqui, caro leitor, é de que os investimentos no exterior são uma realidade muito mais estrutural do que momentânea. Em seu recente artigo, Aquiles Mosca comentou: “curioso ver como a ficha da globalização já caiu na cabeça do brasileiro enquanto consumidor, mas nem se mexeu como investidor” [3]. Ou seja, o movimento atual de internacionalização dos investimentos, mesmo ainda muito incipiente, é cada dia mais uma realidade concreta e se tornaram uma alternativa viável/rentável para o pequeno/grande investidor, dado que as perspectivas de crescimento da economia brasileira para os próximos anos não são as melhores. O recado está dado, vale a pena se aprofundar nesse tema, afinal “greed is good”.

Pedro Lula Mota

Editor Terraço Econômico

    [1] http://www.bloomberg.com/quote/SPX:IND [2] http://www.economist.com/blogs/economist-explains/2015/03/economist-explains-5 [3] http://www.valor.com.br/financas/4175624/vicios-fatais-e-resistencia-investir-no-exterior  
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