Nós, economistas, estamos munidos de diversas ferramentas para a análise do ciclo econômico que um país se encontra. Diversos indicadores antecedentes e coincidentes nos avisaram quando o país estava entrando em recessão, logo no fim de 2013 e início de 2014, assim como estes mesmos indicadores já sinalizaram a reversão do ciclo.
De forma sintetizada, o atual Ministro da Fazenda Henrique Meirelles ilustrou no evento “Bradesco CEO Forum”, realizado em Nova York (EUA), qual é o caminho para a recuperação:
De fato, os mercados financeiros costumam antecipar as mudanças de ciclo, não só no Brasil, mas em diversos países do mundo. A exemplo disto, o IBOVESPA recuou 15,5% em 2013, quando já se desenhava no cenário um ano complicado, de baixo crescimento, para 2014. Por sua vez, o mesmo índice já acumula ganhos de 38% em 2016, até o mês de novembro. Os ativos começam a valorizar quando as perspectivas das empresas são positivas – ou menos negativas.
A situação da confiança é análoga, a grande maioria dos índices de confiança empresariais recuou em 2013 (-6,8%, no caso da indústria), sobretudo a partir das manifestações de junho, um golpe que fragilizou o governo petista e minou a confiança do setor privado na capacidade de o governo conduzir a nova situação econômica de menor crescimento. Tão logo o governo atingiu seu ápice de fragilidade, a partir de fevereiro de 2016, os índices voltaram a subir (15% no caso da indústria, até outubro), juntamente com o processo de redução de volume dos estoques e dos níveis de endividamento, embora estes últimos continuem elevados.
A retomada da confiança é fundamental para destravar o mercado de crédito, que ainda terá um empurrão do novo ciclo de afrouxamento monetário, com queda de juro. Este pilar será fundamental para restaurar o consumo das famílias e os investimentos das empresas e depois, como já explicado no texto “Mesmo com fim da recessão, desemprego continuará subindo”, teremos recuperação do mercado de trabalho, com retomada das contratações.
Só assim atingiremos o nosso potencial de crescimento, que é baixo hoje, mas que pode crescer mediante novos projetos de melhora de infraestrutura, PPPs e reformas burocráticas e tarifárias. Aquela mesma conversa de sempre, mas lembrando que essa sim é a agenda que importa.
Por fim, deixem esse gráfico do ministro sempre em mente, para entenderem como captar os sinais das mudanças de ciclo de uma economia.
Editor do Terraço Econômico