Manifesto de Microeconomia Política

[disclaimer] Passados quase 30 anos do histórico Manifesto de Econometria Política, os econometristas políticos continuam sendo reprimidos pelos “métodos quantitativos burgueses, neoclássicos, ortodoxos, tradicionais, estáticos e reacionários”. Porém, entretanto e todavia, uma outra classe desta ciência vem sofrendo com retrocessos: os Microeconomistas Políticos. Assim, faz-se necessário tal manifesto em prol da conscientização das novas gerações de profissionais do ramo.

Texto irônico, favor não levar a sério

Nós, os microeconomistas políticos, levando o estandarte da nossa profissão, estamos por meio deste manifesto a demonstrar repúdio pela revolução marginalista da nossa área e gostaríamos de retomar a alma dialética da Frente Microeconômica Weberiana.

Queremos uma abordagem mais crítica da Microeconomia Política, voltando a sua origem paleozóica e fundamentada nos princípios listados:

  1. Por que focar no estudo de preferências bem-comportadas, recatadas e do lar? Quem delimitou o que é uma preferência bem-comportada? Adicionado a isto, nos parece um equívoco olhar sua convexidade e não um olhar clínico de sua complexidade, fora a exclusão das minorias côncavas! (ver A. MERCADOR, 2004, pág. 1013);
  2. Qual a necessidade de um axioma de não-saciedade global? A imposição da lógica consumista do capitalismo no estudo das preferências, que nunca devem ser saciadas (monotonicidade), afeta a ideia de sustentabilidade proposta por Luciano Mourinho (2005);
  3. A quem interessa a imposição das curvas de indiferença? Seria um reflexo da indiferença da classe burguesa em relação a classe trabalhadora oprimida? (vide M. POKEMON, 2006, pág. 3118);
  4. Por que a marginalização da produtividade é estudada de forma tão fria? A produtividade marginal decrescente é fruto de uma sociedade de classes, cujas restrições orçamentárias deixam à margem da conscientização de coletividade e do elã vital (para uma compreensão filosófica da marginalização da produtividade checar L. Orvalho, 2016, Gritando Golpe, pág.13, Editora Capital Letter);
  5. Qual a finalidade de se compreender o Equilíbrio Geral? Nos parece mais simples verificar apenas quando há o Desequilíbrio Geral, ou seja, quando a taxa de câmbio está longe do patamar que estimula as economias de escala da velha indústria nascente (L.C. BRECHA, 2008, pág. 2);
  6. Por que o preço deve interferir na igualdade entre Oferta e Demanda? Qual a razão para uma ferramenta estabelecida pelo mercado interferir na igualdade entre quaisquer coisas? Propomos uma métrica de “Likes em Textão de Face” como uma medida ideal de equilíbrio de mercado. (BELLEZA, 2016, pág 123456 – Editora Campineira);
  7. Afinal, qual é o Dilema do Prisioneiro? Fórmulas matemáticas não podem traduzir a real angústia do pobre brasileiro, que vive no dilema da escolha entre trabalhar, estudar ou praticar ilicitudes que lhe seduzem diariamente. Vejam estudo aprofundado de Nelson Marmota (1999) que rebateu Nash e Gibbons (Para maiores referências veja ODEBRECHT. Marcelo – Editora da Papuda)
  8. É necessária toda uma reformulação da nomenclatura e classificação dos bens. Adjetivos como “Normal”, “Inferior”, “Substituto”, “Complementar” só mostra um preconceito e uma discriminação com a CNAE 2.0. Para tanto, propomos apenas uma classificação universal: os Bens Socialmente Compartilhados. Suas propriedades e demonstrações são facilmente verificadas no 13º Anuário de Microcosmologia Política do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Traquinas;
  9. Discriminação de preços: Não precisamos dizer mais nada, né?;
  10. Por que devemos ensinar nossos próximos colegas os Modelos Clássicos que levam nome de europeus colonizadores, a saber Cournot, Bertrand e Edgeworth? Já está na hora de pensarmos em teoremas de Souza, Pereira, e, por que não, Margarina?  (Essa crítica é conhecida como A Crítica de Jessé nos círculos mais especializados na área);
  11. O conceito de Perigo Moral (Moral Hazard) é ensinado por uma classe que não compreende o Perigo Real de ser pobre no Brasil. Propomos um sarau de debates e performances, complementados por uma apresentação do conceito de Perigo Laboral (quando você procura um trabalho e acaba encontrando) com Fernando Malddad;
  12. Por fim, cabe derrubar a disseminação das Barreiras à entrada de Microeconomistas Políticos no mercado de trabalho, bem como no debate sério e nas entrevistas em veículos de comunicação. A revolução marginalista burguesa teve como objetivo alocar esses profissionais não no ramo da economia, mas sim no ramo da comédia (ideia original de C. ROUBADO, 1970).

Assim, como foi demonstrado de forma não-rigorosa os diversos problemas com a fundamental área da microeconomia política, deixamos nosso repúdio. Além disso, achamos importante a não proposta de qualquer solução para a situação, assim como costumamos fazer em outras oportunidades.

Arthur Lula Mota, Pseudo-Microeconomista Político

Editor do Terraço Econômico

_____________________________________________________________ Campinas/Praia Vermelha- 2017 -Pois não existem limites para a microeconomia política

Arthur Lula Mota

Mestre em Economia Aplicada pela Universidade de São Paulo (USP/ESALQ) e Bacharel em Economia pela Universidade Federal de São Paulo. Já trabalhou no mercado financeiro, auxiliando mesa de operações de fundos institucionais e departamento econômico com análises macroeconômicas.
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