A longa depressão brasileira: 2015, 2016 e 2017

Como já esperado e antecipado pelo mercado, o PIB do terceiro trimestre veio negativo, . Também prevista anteriormente, a recessão já está consumada para 2015 e contratada para 2016. Porém, a novidade que surgiu recentemente é a possibilidade de uma nova contração da economia brasileira em 2017.

A última vez que o Brasil mostrou dois anos seguido de queda foi no biênio 1930-31, período da Grande Depressão. Porém, podemos vencer esta barreira e completar três anos seguidos de contração da economia: 2015, 2016 e 2017 – entrando no que podemos chamar de “A Longa Depressão Brasileira”.

Esta bola foi levantada ainda que de forma “tímida” pelo Mercado no último dia 26/11 em apresentação do time de economistas sobre o cenário para 2016/2017. O Banco, além de projetar a queda de 3,6% do PIB para 2015, aposta em uma retração tão intensa quanto para 2016 (-3,5%) e outra, mais fraca, para 2017 (-0,5%).

Diferentemente do início da década de 30, quando o governo brasileiro se utilizou – dentre outras artimanhas – da compra e queima do café (principal produto do país) para amenizar a crise, na depressão atual o governo já queimou suas próprias contas.

O PIB real diminuirá novamente em 2016 e 2017. A contração do PIB será a mais longa e de maior magnitude desde, ao menos, o início do século passado. Como em 2015, o recuo do PIB em 2016 será função da retração generalizada da demanda doméstica, com forte redução dos investimentos e do consumo das famílias. A probabilidade de a recessão de 2016 será ainda maior do que a de 2015 é elevada. (Mercado, 2015)

A entidade foca no pior resultado desde o início do século passado pelo único fato de termos série histórica registrada apenas de tal período. Não duvido que a contração atual da atividade deve ser a pior desde antes da chegada dos portugueses nessas terras, podendo ser superada apenas por alguma crise enviada por Tupã aos índios a alguns séculos atrás, que por algum motivo não lhe enviaram sua oferenda.

Como habitualmente dito pelo nosso velho conhecido: Nunca antes na história desse país vivenciamos uma crise tão intensa e tão longa com essa. De fato, é a Longa Depressão Brasileira. O brasileiro, com a forte alta do dólar e as consecutivas quedas do PIB, fica muito mais pobre.

Abaixo ilustro as projeções do Mercado para os anos de 2015, 2016 e 2017. Para aqueles que acharem muito pessimista, lembrem-se que em 2012 o banco previu o crescimento da economia de 1,5% para aquele ano, sendo taxados como “ridículos” pelo então Ministro da Fazenda Guido Mantega (que apostava em alta superior a 4%). No fechamento do PIB daquele ano, a economia brasileira havia crescido apenas 0,9% – muito pior do que o próprio banco projetou (é bem verdade que esse número foi revisto hoje para 1,9% – ainda próximo do que o banco previu).

Nota importante: A realidade tem a incrível capacidade de frustrar as projeções econômicas. Infelizmente, nos últimos tempos, estas frustrações têm sido mais para baixo, do que para cima.

Arthur Lula Mota, Editor do Terraço Econômico