Uma das relações mais famosas em economia é a chamada Lei de Okun, que mede a relação entre a taxa de variação do PIB real e a variação do desemprego em um país. Ou seja, quanto cai o desemprego quando o PIB cresce ou quanto sobre o desemprego quando o PIB se retrai.
A relação se aplica ao curto prazo, justamente porque numa queda da atividade econômica as empresas cortam a produção e demitem os trabalhadores e numa subida da atividade as empresas ocupam suas capacidades ociosas com mais trabalhadores, o que altera a taxa de desemprego durante o ano, respondendo às flutuações econômicas.
Para o longo prazo, o que vale para o crescimento econômico são outros fatores, mas não vamos nos alongar aqui.
A Lei de Okun não indica causalidade, ou seja não sabemos quem vem primeiro, o ovo ou a galinha. Se é porque o desemprego está caindo que a economia cresce ou se é porque a economia cresce que o desemprego está caindo. Para os mais antigos, o famoso efeito Tostines.
E como o Brasil é um país onde poucas leis são seguidas, fomos verificar se pelo menos a Lei de Okun ainda é respeitada por essas bandas ou se não foi revogada por algum decreto. O gráfico abaixo mostra a Lei de Okun para o Brasil. Cada ponto no gráfico indica um ano observado em que medimos no eixo vertical a taxa de variação do PIB real (os famosos -3,8% que vimos para 2015) e no eixo horizontal temos a diferença entre o desemprego de um ano e do ano anterior.
O único problema aqui: dada a mudança de metodologia no cálculo do desemprego em 2002, temos somente os dados para 14 anos. Mas utilizando os dados trimestrais, a relação se sustenta, fique tranquilo!
[caption id="attachment_6736" align="aligncenter" width="901"]Conforme vemos, pelo menos essa lei é respeitada no Brasil. Quando a variação do desemprego é baixa ou negativa (ou seja, o desemprego de um ano é próximo ou menor que do ano anterior), o PIB real cresce – ou quando o PIB real cresce o desemprego é estável ou cai (Tostines, Tostines, Tostines)!
Com essa relação valendo para o curto prazo, podemos chutar até onde pode subir o desemprego no Brasil em 2016, pelo menos.
Segundo a Lei de Okun calculada para o Brasil (novamente com muito cuidado, dado o número baixo de observações), se em um ano o PIB real crescer 1%, a taxa de desemprego cai 1,5%. Reciprocamente, se o PIB real cai 1%, o desemprego sobe 1,5% (na verdade, sobe 1,5 pontos percentuais em relação ao ano anterior).
Então, com a nossa recessão de 2016 contratada na casa dos 3%-4%, se continuarmos seguindo a Lei de Okun o desemprego em 2016 pode ir para a casa dos 9,5%-10% (medido pela PME). Que é número parecido com o que muitos analistas indicam para o ano vigente.
[caption id="attachment_6735" align="aligncenter" width="888"]