Ao optar por revisar sua jurisprudência e impedir a prisão de condenados após a segunda instância, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode ter determinado os protagonistas das eleições de 2022 com enorme antecipação: Bolsonaro e PT têm tudo para reviver a batalha do ano passado no próximo pleito presidencial.
O bolsonarismo precisa do confronto político para manter a militância coesa e atuante. Com Lula na cadeia, o confronto fica manco, sem uma referência antagônica. Isso muda com a soltura do líder do petista e sua atuação política, que deve ocorrer por meio de viagens e visitas a cidades brasileiras. Desta forma, também, Lula consegue manter a própria base social unida, principalmente na região Nordeste. O ex-presidente, inclusive, cogita se mudar para uma cidade nordestina.
Com Sergio Moro ainda Ministro da Justiça, o casamento entre bolsonarismo e lavajatismo, embora desgastado, perdura. Agora, com o inimigo comum à solta, deve ser fortalecido. É provável que deputados alinhados a Bolsonaro passem a defender com maior entusiasmo e urgência o pacote anti-crime proposto por Moro, no qual há uma Proposta de Emenda à Constituição para garantir a prisão de condenados em segunda instância, o que levaria Lula de volta ao xadrez.
Com o clima de guerra e as bases sociais unidas de lado a lado, cada qual com cerca de 30% do eleitorado brasileiro, sobra pouco espaço para o surgimento de uma candidatura alternativa, que consiga chegar ao segundo turno. Luciano Huck teria chance em um cenário de divórcio entre bolsonarismo e lavajatismo, na qual conseguisse herdar o espólio lavajatista e, com a desorganização da base lulista, buscaria fisgar eleitores com o discurso da inclusão.
Sendo assim, a disputa pela eleição em 2022 deverá ser decidida pelo andamento da economia. Após a aprovação da Reforma da Previdência, Bolsonaro tentará aprovar o mais rápido possível o novo pacote do ministro Paulo Guedes, para que os efeitos na economia sejam sentidos com rapidez e ele chegue à eleição com o PIB crescendo num patamar próximo dos tão desejados 3% ao ano e alta geração de empregos.
Já Lula e o PT farão de tudo para retardar (isso mesmo, retardar) a aprovação dos projetos para 2021 ou até mesmo 2022, para que os efeitos desses durante a eleição sejam limitados. Desta forma, o PT poderia vencer a eleição e assumir o governo já com reformadas econômicas estruturais implementadas e sem a necessidade de promover medidas impopulares: a economia estaria pronta para um crescimento mais robusto.
Por fim, a disputa em 2022 poderá ser ferrenha e passará por diversos pontos e potenciais “surpresas” (lembrem-se, estamos falando de Brasil) com as eleições municipais, grandes protestos populares, além das costumeiras tensões na economia internacional. Durante esse período, é seguro afirmar uma coisa: haja treta no Facebook!