Você com certeza já fez ou já ouviu a seguinte pergunta: para onde vai o Dólar amanhã? E o Euro? Devo comprar agora ou esperar?
Em nosso canal do YouTube já explicamos sobre esse assunto, mas, em um momento de grande desvalorização cambial em relação a essas duas moedas estrangeiras (Dólar e Euro), podemos aprender na prática como isso funciona.
Tanto a moeda americana quanto a europeia subiram bastante recentemente. Numa comparação internacional realizada pelo Estadão/Broadcast, dentre 47 moedas, o Real apenas se desvalorizou menos do que o Rublo russo e o Bolívar venezuelano neste mês de abril.
Em nosso vídeo apontamos que, em vez de “esperar o melhor momento” para comprar, o mais correto é ir comprando aos poucos, para fazer uma média. O que significa isso olhando para o cenário do último ano de Dólar?
Olhando para o dólar, esse foi o caminho percorrido por sua cotação no último ano*:
Observe que, se em vez de seguir valores absolutos (ou seja, comprar toda a moeda estrangeira que você precisa em um só dia) você dividir em compras diárias, a média móvel observada oscila bem menos do que a série em si. Em momentos de queda (como entre 25/07/2017 e 25/08/2017) você perde se estiver fazendo média, mas ainda assim terá suavizado suas compras ao longo do tempo; o contrário ocorre quando o movimento é de alta: fazer média vale a pena.
Muito economês? Ainda está incrédulo? Vamos a um exemplo prático. Suponha que você precisasse de US$ 1.200 para uma viagem que vai realizar nesta próxima semana. Das duas, uma: ou você já comprou essa quantia anteriormente ou vai comprar agora. Vamos imaginar dois cenários: um em que você decidiu fazer uma média móvel comprando uma vez ao mês 100 dólares e outro em que você, em vez disso, fez a compra inteira dos 1200 em cada uma dessas datas.
Consideremos as cotações de cada um dos doze meses nas proximidades do dia 24:
Data |
Cotação |
24/05/2017 | R$ 3,28 |
26/06/2017 | R$ 3,30 |
25/07/2017 | R$ 3,17 |
25/08/2017 | R$ 3,15 |
25/09/2017 | R$ 3,16 |
25/10/2017 | R$ 3,25 |
24/11/2017 | R$ 3,23 |
26/12/2017 | R$ 3,31 |
24/01/2018 | R$ 3,16 |
26/02/2018 | R$ 3,23 |
26/03/2018 | R$ 3,30 |
24/04/2018 | R$ 3,47 |
A partir destas cotações, podemos depreender que a cotação média para o período, considerando estas 12 datas, é de R$3,25.
Sabendo disso, como saber se foi mais vantajoso esperar o “melhor momento” ou fazer a média? Basta multiplicar a quantia total que você precisou adquirir pela cotação do dia e, desta multiplicação, tirar a quantia em dólares necessária vezes a cotação média.
Exemplo: (US$1200 x R$3,47) – (US$1200 x R$3,25) = Diferença entre comprar tudo na data 24/04/2018 e ter feito a média nas doze datas.
Ao longo do tempo, em alguns períodos você irá economizar e em outros irá perder dinheiro. Neste caso, olhando mês a mês, você teria ficado assim:
Considerando este período total, a economia foi de R$19,20. Pode parecer pouco, mas ainda assim é uma economia e, quanto mais dividida essa média, mais protegido das oscilações cambiais você fica – pois torna-se mais suave a cotação em si, como apresentado no primeiro gráfico.
Agora é o momento crucial em que você vai dizer (ou lembrar de alguém que já disse): mas não era mais fácil ter comprado no momento de baixa ou evitado de comprar no momento de alta? É claro que isso é mais fácil. O problema é que estes valores são definidos pela oferta e pela demanda, variando diariamente e, no fim das contas, permitindo que apenas se prevejam cenários, não se acertem. É bem menos arriscado utilizar a lógica da média do que dizer “sei que agora é a hora” pois, no fim das contas, ninguém sabe de verdade qual é a “hora ideal”.
Confie na média, ela deve suavizar qualquer gasto em moeda estrangeira que você pretende realizar. Porque, afinal, como certa vez disse o economista Edmar Bacha:
Caio Augusto – Editor do Terraço Econômico *Foram utilizadas as cotações de venda do período compreendido entre 25/04/2017 e 24/04/2018 https://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/dolar-comercial-estados-unidos/?historico“O câmbio foi inventado por Deus para humilhar os economistas. Nunca se sabe para onde ele vai…”