Como ter rendimentos com criptomoedas?

Existem algumas maneiras de fazer com que suas criptomoedas não fiquem apenas paradas na exchange ou em sua carteira: sim, é possível ter rendimento com criptomoedas! Tudo funciona de maneira bastante próxima ao sistema financeiro tradicional, basta que você ofereça liquidez financeira a outras partes.

Que partes são essas, como tudo isso funciona e como você pode colocar esse conhecimento em ação são os tópicos que trataremos neste artigo! Vamos lá!

O que seria rendimento?

Caso você não tenha familiaridade com esse assunto, rendimento é basicamente a diferença existente entre o valor inicial de uma aplicação e o que você encontra ao final de uma operação, quando decide tirar o dinheiro dela ou quando ela tem seu prazo encerrado por qualquer outro motivo.

Seu cálculo deve considerar, a princípio, três itens: o quanto você aplicou no início, o quanto você obteve ao final e quais os custos (que levam ao rendimento líquido). Levando em conta uma análise um pouco mais complexa, entra na conta também o chamado custo de oportunidade, que é o que você poderia ter feito com aquele recurso caso ele não tivesse sido empenhado ali.

Um exemplo prático

Trazendo para os números, de maneira bastante simplificada, imagine que você aplicou em um título do Tesouro Direto R$10.000,00 em um ano e cinco anos depois, com a operação se fechando, você viu R$18.600,00 caírem na conta da corretora. Inclua nessa simulação que os custos todos entre impostos e corretagem ficaram em R$725,00 e que, se tivesse deixado esse dinheiro em uma outra aplicação de renda fixa específica no mesmo período, teria encontrado o valor líquido de R$17.500,00 na conta.

Dando nomes a todos os itens, o rendimento bruto foi de 86% no período (R$8.600,00 sobre os R$10.000,00 iniciais), os custos fizeram com que esse rendimento fosse reduzido a 78,75% (com a dedução de R$725,00 se chega a R$17.875,00) e o custo de oportunidade teve rendimento de 75% (os R$7.500,00 que você teria ganho caso tivesse deixado o dinheiro naquela outra aplicação que era a alternativa).  

O que seria rendimento com criptomoedas?

A função principal, mais originária das criptomoedas, tem tudo a ver com elas sendo justamente como meios de troca, moedas mesmo – e não investimento. Mas com o desenvolvimento de novos projetos de criptomoeda, novos mercados passam a surgir e possibilitam que funções adicionais comecem a existir.

Existe semelhança entre essa evolução e o sistema financeiro tradicional: quando olhamos a história do dinheiro, tudo começou com trocas de excedentes entre produtores, passando por um período de centralização em metais preciosos, chegando ao papel moeda e que hoje culmina em modelos cada vez mais amplos para transações, como é o caso das criptomoedas.

Liquidez: a grande semelhança com o que já existe

Quando olhamos para os mercados financeiros que existem há muitas décadas, boa parte das possibilidades trazidas por meio de serviços se relacionam diretamente com a oferta de liquidez por parte das pessoas. Se pareceu muito economês, vamos ao português bem claro: do mercado imobiliário mais simples ao mais complexo derivativo financeiro, sempre há a necessidade de termos recursos que “sustentem” essas operações.

Sim, os bancos e demais instituições financeiras podem se alavancar e arriscar um certo número de vezes sobre o próprio dinheiro que têm consigo, mas jamais poderiam fazer isso sem que esse dinheiro estivesse lá disponível. Ter rendimento sobre criptomoedas é parecido nesse sentido: depende também da disponibilidade dessa liquidez.

A diferença, para além do claro fato de que essa liquidez deve estar em criptomoedas, é o fato de que os sistemas funcionam de maneira descentralizada (na ampla gama de possibilidades trazidas pela DeFi), de maneira automática e, na imensa maioria das vezes, com custo consideravelmente menor.

Quais são os meios para se ter rendimento com criptomoedas?

Chegamos então ao ponto em que acreditamos que você mais tinha interesse de ler neste artigo. São basicamente três os meios que você pode ter rendimento com criptomoedas, vamos a eles!

Staking: participando da rede blockchain e ganhando com isso

Possivelmente a maior das inovações que veio com o universo cripto e pavimenta possibilidades dentro dele diariamente é a rede blockchain, em que dados são validados em blocos e “talhados na pedra” para não serem mais esquecidos. Porém, já parou para pensar em quem realiza esse trabalho já que essa rede na imensa maioria das vezes é descentralizada?

Depender das pessoas que utilizam a rede é a grande resposta: staking nada mais é do que participar do processo de validação a partir do momento em que você fornece liquidez em criptomoedas e, dessa forma, recebe por esse serviço. Ou, de maneira bem direta: staking é a participação ativa nas validações de uma rede blockchain.

Você pode colocar suas criptomoedas em disponibilidade para realizar Staking de três maneiras: em grupos de Staking (em que pessoas se juntam para terem uma quantidade maior de criptomoedas e conseguirem ter uma atuação maior), o Cold Staking (em que uma pessoa faz isso deixando suas criptomoedas em uma cold wallet) e ainda por meio de alguma plataforma que permita a realização de Staking (deixando suas criptomoedas nela).

Alguns projetos que permitem que você realize essa atividade são Cardano, Stellar e EOS.

Yield Farming: quando a liquidez é o nome do jogo

Sabe aquilo que comentamos sobre quando você deixa dinheiro no banco e essa instituição empresta para outras pessoas cobrando juros por isso? Yield Farming é quando você consegue fazer essa mesma operação, fornecendo liquidez para que operações sejam realizadas e tragam rendimento, só que com criptomoedas.

Yield Farming é, de maneira bastante direta, como se você fosse plantar e colher liquidez – sim, esse ‘Farming’ vem justamente dessa analogia com o mundo do agro.

São quatro as possibilidades de realizar Yield Farming: promovendo liquidez (nos pools de liquidez), emprestando recursos a uma plataforma, pegando recursos emprestados de uma plataforma ou mesmo realizando Staking. Você não leu errado: sim, Staking é uma das formas de Yield Farming.

É possível realizar Yield Farming por alguns projetos como Curve DAO, Aave e UniSwap.

Interest-Bearing Account (IBA): plataformas específicas para entregar rendimentos em juros

Existem hoje no sistema financeiro tradicional algumas contas que você abre e, mesmo sem movimentar, com os recursos ali parados, você já consegue ter algum rendimento. Quando o assunto é o universo cripto, o nome dado a isso é Interest-bearing Account, ou simplesmente IBA.

Esse tipo de rendimento se parece com os anteriores porque envolve também a troca entre sua liquidez de criptomoedas por certos rendimentos sobre esse montante, mas a diferença é que, enquanto nos dois casos anteriores os projetos são diretamente descentralizados ou com relação direta a essa descentralização, aqui há a exigência de existir uma plataforma para colocar em funcionamento as IBAs.

Um bom exemplo prático de IBA é o Bitso+, serviço disponibilizado pela Bitso em que você deixa seu saldo em Bitcoin ou mesmo em USD stablecoins ter rendimentos apenas deixando com que essas quantidades de moedas digitais fiquem em sua conta. Simples assim.

Vantagens e riscos do rendimento em criptomoedas

Os diferentes modelos de obtenção de rendimentos com criptomoedas têm suas peculiaridades, como já te apresentamos até agora. Mas, olhando essa modalidade como um todo, é hora de apresentar os pontos positivos e os que demandam atenção.

Sobre os pontos positivos:

  • Com esse tipo de mecanismo, criam-se incentivos para que mais pessoas comprem criptomoedas, dado que elas terão rendimentos mesmo que não façam nenhum trade ou não tenham nenhuma estratégia específica nessa direção;
  • Assim como no sistema financeiro tradicional, a liquidez aqui serve para impulsionar novos projetos e novas possibilidades e, ao longo do tempo, mais opções consideradas próximas das pessoas em termos de segurança e facilidade de uso podem surgir;
  • Aproximação das pessoas com o universo cripto e ampliação da discussão sobre tudo que o circunda.

Já em relação aos pontos de atenção, temos os seguintes:

  • Os projetos que receberão recursos em criptomoedas para obter rendimentos podem não ser seguros e, por problemas de liquidez, podem desaparecer ao longo do tempo;
  • As possibilidades são limitadas pela liquidez e, como esses projetos em sua grande maioria são descentralizados, ainda não há ganho de tração suficiente para permitir uma evolução razoavelmente constante dessas possibilidades;
  • Ainda que existam os rendimentos, a volatilidade nas cotações das criptomoedas seguem fazendo diferença – e isso pode impactar justamente no fim dos projetos em função de alguma forte redução de liquidez.

Será que o rendimento em criptomoedas é para mim?

Esse é o tipo de pergunta que fica difícil responder para cada pessoa que nos lê. Mas a grande verdade é que vai depender do perfil de risco que você tenha e também do seu entendimento de cada um dos projetos.

Em ordem de facilidade de compreensão, acreditamos que IBAs são mais fáceis que Yield Farming e que este tipo seja mais tranquilo de lidar que Staking.

Ainda assim, siga a seguinte recomendação: pesquise adequadamente sobre o tipo de rendimento que você procura, sobre o projeto que mais te interessar (ou projetos, não precisa ser apenas um) e, claro: não deixe de acompanhar os conteúdos aqui e no Blog da Bitso sobre o universo das criptomoedas!

Caio Augusto

Formado em Economia Empresarial e Controladoria pela Universidade de São Paulo (FEA-RP), atualmente cursando o MBA de Gestão Empresarial na FGV. Gosta de discutir economia , política e finanças pessoais de maneira descontraída, simples sem ser simplista. Trabalha como diretor financeiro de negócios familiares no interior de São Paulo e arquiva suas publicações no WordPress Questão de Incentivos. É bastante interessado nos campos de políticas públicas e incentivos econômicos.
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