Fundos quantitativos e vieses comportamentais em tempos de pandemia

Tempos malucos no mercado financeiro, fundos e investidores famosos amargando perdas gigantescas, ao passo que fundos quantitativos são destaque da mídia.

Quais lições podemos tirar disso tudo?

Várias! Então vamos lá.

O mercado é feito de compradores e vendedores, tomando decisões a todo tempo.

Por mais que as decisões sejam pautadas em dados, análises e por pessoas ultra-qualificadas, os vieses comportamentais existem por todos os lados.

É a nossa natureza.

Assumir que os mercados são eficientes e que os agentes são racionais são premissas muito difíceis de sustentar quando olhamos para a realidade.

Diversos modelos levam isso em consideração, como a famosa Teoria Moderna de Portfólios, formalizada pelo grande Harry Markowitz.

Mas, quando analisamos as performances dos fundos multimercados geridos por humanos versus os fundos geridos por robôs, fica evidente que algo contribuiu para a diferença.

Em momentos “normais” de mercado tais diferenças podem não ficar tão evidentes.

O Investidor Institucional fez uma matéria muito completa, entrevistando os principais gestores de fundos quantitativos do país, como: Murano, Giant Steps e Kadima.

Por essência, os fundos quants se aproveitam dos momentos de alta volatilidade. Como a própria matéria diz: “O Zarathustra é nosso fundo que busca ganhar em momentos de irracionalidade e pânico no mercado”

Quais são esses vieses, que os fundos quantitativos dizem não ter?

Um viés é um erro sistemático em algum processo de estimação.

Os vieses cognitivos são consequência da dificuldade que o cérebro humano em lidar com todas as informações disponíveis no ambiente.

Por isso a espécie humana desenvolveu atalhos cognitivos que foram selecionados enquanto éramos caçadores-coletores e tendem a funcionar bem na maioria das vezes.

Mas não sempre.

Por serem biológicos, o seus erros são sistemáticos, o que explica o nome.

Exemplos de vieses

Ancoragem: no processo de estimar um número, o valor de onde partimos inicialmente exerce forte influência no resultado.

Mesmo que esse valor inicial não tenha a ver com o que você está estimando. Como o Ibovespa 100mil pontos.

Viés de confirmação: Tender a levar mais em consideração as evidências que corroboram crenças pré-existentes.

É particularmente perigosa para o investidor que quer se convencer que o preço volta.

FOMO: Fear of Missing Out, ou medo de ficar de fora. A sensação de que você não é parte de algum movimento que seus pares participam.

É o que te faz comprar topos. Quando todo mundo que ia ganhar já o fez.

Availability Bias: Viés da disponibilidade.

O que é mais facilmente recordado é tido como mais provável de acontecer no futuro.

Quanto tempo dura a cautela dos investidores após uma crise financeira?

Halo Effect: É a generalização de uma característica positiva para outras que não estão associadas a elas: se a pessoa é bonita, merece ganhar a eleição (sim, existem estudos sobre isso).

Para saber mais e se aprofundar nessa área de finanças comportamentais, recomendamos o ótimo curso do Bruno Giovanneti da FGV.

Além disso, os fundos quantitativos brasileiros foram destaque em matérias internacionais na Bloomberg.

Afinal, fica evidente que em um mercado tão concentrado em estratégias de juros e moedas, a oportunidade para os fundos quantitativos é enorme.

Victor Duran

Cientista de dados da Vérios Investimentos

Pedro Lula Mota

Gestor de portfólios da Vérios Investimentos

 

 

Pedro Lula Mota

Economista pela UNICAMP, como passagem pela Universidade do Porto - Portugal. Admirador da arte da fotografia, principalmente de lugares extremos e excêntricos.
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