Lições de Kyiosaki-Lechter: compre ativos, não passivos (parte 1)

Há um livro no mundo das finanças pessoais que auxilia muitas pessoas ao redor do mundo a mudarem seus hábitos: trata-se do best seller Pai Rico, Pai Pobre, de Robert T. Kyiosaki e Sharon Lechter. O livro conta a história de uma pessoa que teve acesso a duas visões de mundos bem diferentes: de um lado, o tradicionalismo sobre dinheiro (que geralmente é não pensar nisso) e, de outro, a inovação de ser racional sobre esse assunto. São diversos os temas abordados pelo livro e, nesta breve série, abordarei os que, em minha visão, mais podem fazer diferença na sua vida financeira.

O que é ativo? O que é passivo?

Seguindo a lógica contábil, ativo é o conjunto de bens e direitos e, o passivo, a união das obrigações devidas. Porém, na lógica financeira, segundo os autores do livro, a ideia fica um pouco diferente. Ativo passa a ser tudo aquilo que irá te gerar receitas e, passivos, tudo aquilo que irá te gerar despesas.

Diretamente em casos reais, supomos que você tenha um carro, uma casa e uma conta de investimentos em um banco. Teoricamente todos esses seriam ativos, correto? Pela lógica contábil, sim. Mas você já parou para pensar que enquanto sua conta de investimentos lhe traz dinheiro a cada período o mesmo não ocorre com sua casa (você paga o IPTU, por segurança, manutenções, reformas) e nem com seu carro (seguro, troca de pneus, IPVA, revisões)?

A ótica deste livro é o longo prazo. Nenhuma decisão deve ser tomada agora imaginando-se um efeito real para daqui a uma semana, ou mesmo um mês. Porém, o conjunto de decisões tomadas na direção de comprar mais ativos do que passivos pode tornar sua vida financeira bem mais confortável ao longo da vida.

A questão é a seguinte: dada a renda que você tem hoje, advinda de sua profissão, o quanto dela se converte em ativos? E o quanto se converte em passivos?

Trata-se de uma constatação muitas vezes indigesta. Na maioria das vezes tendemos a acreditar que a compra de muitos passivos são, na verdade, ativos ou mesmo investimentos. De fato, não podemos confundir a segurança que algumas aquisições nos trazem com o fato de serem ativos ou passivos. Exemplo: você pode gostar bastante do seu carro e ele deve ser útil a você, assim como sua residência conquistada com tanto esmero; ainda assim, isso não muda o fato de que ambos geram despesas e, sob essa ótica, são passivos.

As mentalidades são divididas entre a pessoa de classe média e a pessoa rica. Note que aqui não se fala do montante financeiro que a pessoa tem, mas das atitudes que ela coloca em prática quando o assunto é dinheiro:

Veja que essa visão é bastante próxima da que já tivemos em outro artigo desta coluna. Mudando o meio como você lida com dinheiro, ao longo do tempo — porque os efeitos são observados assim e não instantaneamente — sua vida financeira fica realmente mais confortável. No fim das contas, trata-se de decidir qual a direção você busca seguir. Parece dura demais, mas uma expressão é bastante verdadeira: dinheiro não leva desaforo para casa.

Caio Augusto

Formado em Economia Empresarial e Controladoria pela Universidade de São Paulo (FEA-RP), atualmente cursando o MBA de Gestão Empresarial na FGV. Gosta de discutir economia , política e finanças pessoais de maneira descontraída, simples sem ser simplista. Trabalha como diretor financeiro de negócios familiares no interior de São Paulo e arquiva suas publicações no WordPress Questão de Incentivos. É bastante interessado nos campos de políticas públicas e incentivos econômicos.

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