A profissão mais honesta é a do político, por que todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir para a rua encarar o povo e pedir voto. O concursado não. Se forma na universidade, faz um concurso, e está com emprego garantido para o resto da vida.
Lula, ex-presidente.
Eu sei, o título é incômodo para os olhos mais sensíveis, mas é um fato. Se você conhece algum funcionário público, tenha em mente: eles têm em média uma baixa produtividade, portanto, exercem uma contribuição menor para o crescimento econômico do país.
No texto “Quão improdutivo é o brasileiro?” tratei da baixa produtividade do trabalhador brasileiro de forma agregada. Neste, abordarei brevemente um tipo específico de trabalhador.
Se você já teve contato com algum tipo de repartição pública, o raciocínio é inegavelmente intuitivo. Mas intuição não é o bastante para nós.
Para fazer tal análise, dividi os trabalhadores brasileiros em quatro setores: Agropecuária, Indústria, além de abrir o setor de serviços em Serviços de baixa performance e Serviços de alta performance, sendo classificadas de acordo com o nível de produtividade dos subsetores de serviços das Contas Nacionais
Pois bem, utilizando os dados fornecidos pelo IBGE, com ajuda de um estudo do Credit Suisse[2], foi possível verificar que 67,7% dos funcionários públicos estão alocados nos setores que compõem os Serviços de baixa performance, conforme ilustrado abaixo, chamando atenção para o fato que eles representam quase 20% do total dos funcionários de tal setor.
Pois é, a grande parcela dos funcionários que pagamos com nossos tributos são de baixa produtividade, lembrando que eles cresceram de forma considerável na última década, muitas vezes de forma parasitária, no processo que inflou a máquina pública, atingindo cerca de 2% da força de trabalho brasileira, apenas no que tange os funcionários da União.
O mais curioso é que apesar da menor produtividade de tais trabalhadores, os salários do setor público são bem superiores aos do setor privado. Injusto, não?
Cerca de 70% dos funcionários públicos ganham acima de R$ 4.501,00, sendo que quase metade disso recebe acima dos R$ 9.501,00. Será que a sociedade recebe o retorno destes altos salários pagos? Pense consigo, eles representam 20% do orçamento anual da união.
O trabalhador do setor privado brasileiro recebe, em média, R$ 1.934,16 (conforme os dados de julho/16 da PNAD do IBGE), não chegando nem a metade do que grande parte dos funcionários públicos recebem. [caption id="attachment_7762" align="alignnone" width="1024"]Os trabalhadores que estão mostrando os maiores ganhos de produtividade nos últimos anos são os da agropecuária, tendendo a alcançar a produtividade dos trabalhadores do setor de baixa performance. Por sua vez, a diferença salarial entre esses dois trabalhadores é exorbitante.
O Estado manter um funcionário com baixa produtividade, mas com elevado salário, é receita para um cenário: baixo crescimento econômico, crise fiscal e inflação (da mão-de-obra). Não é à toa que o setor público do Brasil, conforme o Global Competitiveness Report, está classificado no 28º lugar quando avaliado a eficiência total dos gastos do setor público, na amostra de 39 economias.
[caption id="attachment_7761" align="alignnone" width="1024"]Esse é um dos pontos que o ajuste fiscal tem que atingir: enxugar o funcionalismo público ou torná-lo mais eficiente. O dinheiro do contribuinte não está sendo alocado da melhor forma. Devemos diminuir o incentivo à população a se tornar funcionário do governo, estabilizados e pouco competitivos, e começar a incentivá-la a tornar-se empreendedores.
Editor Terraço Econômico
[1] Para Serviços de baixa performance considerei: comércio, administração pública, saúde e educação públicas e outros serviços. Para os Serviços de alta performance são: transporte, armazenagem e correio, serviços de informação, intermediação financeira, seguros e serviços relacionados e atividades imobiliárias. Todas as classificações são das Contas Nacionais do IBGE.
[2] Credit Suisse: Maior eficiência nos gastos públicos aumentaria o crescimento potencial do País (2016)