O futuro de Temer

Esta semana o país completará o terceiro mês da interinidade do presidente Michel Temer. Esses praticamente 90 dias se aproximam daquela velha marca simbólica dos 100 dias de “trégua” que os agentes da sociedade tendem a dar a um novo governo (embora este tenha sofrido manifestos desde o primeiro dia). Muita coisa já mudou, principalmente na composição do governo e muita coisa ainda está por mudar. Dito isto, acredito que valha a pena avaliarmos qual é o cenário para o possível presidente encarar nos meses seguintes.

Há vários riscos considerados de natureza política no horizonte que podem muito atrapalhar o (lento) andamento das medidas fiscais, podendo – no jargão comum – dar aquela “azedada” nas expectativas e reverter todo o lento processo atual de mudança de ciclo recessivo para um de estabilização-expansão. Dentre tais riscos políticos, podemos elencar alguns:

Juntamente com este cenário político ainda repleto de incertezas, o país está situado num contexto global de grandes turbulências, fator que irá impactar de forma tão decisiva aqui quanto a consolidação ou não do processo de afastamento da Presidente. Podemos destacar:

Embora um cenário político nacional e econômico internacional de vetores positivos e negativos, os mercados, por ora, parecem confiar na capacidade do novo governo de acomodar os riscos e avançar com uma agenda mínima de reformas que devem mirar a reversão no médio prazo da trajetória de deterioração fiscal. Outro fator que também tem ajudado a consolidar as melhores expectativas nos mercados é a recuperação (ainda que lenta) da atividade, assunto que já tratei em outro texto (Começou a retomada da economia brasileira?)

Tudo isso é relevante, ainda mais agora quando começar a pipocar boatos de uma possível reeleição de Michel Temer. O fato é que a reeleição e o fracasso do ajuste fiscal estão em barcos diferentes. Em outras palavras, caso falhe no campo fiscal, será muito difícil criar um ambiente favorável à reeleição.

Portanto, o governo Temer está condenado a perseguir o ajuste fiscal. Caso falhe, entrará na história para uma parcela da sociedade como um governo fraco e incompetente, ao passo que para outra será lembrada como golpista, seja qual for o resultado.

Arthur, editor do Terraço Econômico

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