O mercado de maconhas nos EUA e as oportunidades com a legalização

Além de inesperada eleição do Donald Trump uma das notícias que mais chamaram a atenção na eleição norte-americana foi a aprovação do uso recreacional e medicinal da maconha em alguns Estados. Para quem não conhece o sistema americano, além de votar para os representantes do executivo e legislativo,os eleitores são chamados a opinar sobre uma série de projetos de lei durante as eleições. São medidas que podem ir desde regras sobre aluguel, planos de saúde até, como foi o caso, legalização de drogas.

 

Apesar de continuar ilegal a nível federal o número de estados que aprovaram o uso recreacional da maconha para adultos praticamente dobrou: passou de 4 para 7. O mais populoso estado da federação, a Califórnia, aprovou a medida e com isso 20% dos norte-americanos agora vivem em regiões onde o uso recreacional da maconha é permitido. O uso medicinal da droga também cresceu e hoje mais da metade dos estados americanos, 28, permite o uso da droga sob prescrição médica. 

 

Na prática, como as recomendações médicas podem ser realizadas para tratar problemas comuns como ansiedade, dificuldade de sono e dores crônicas, então é bem fácil conseguir uma receita para o uso medicinal, o que pode ser feito inclusive sem sair de casa, usando um aplicativo de telemedicina no celular. O mesmo vale para a compra da droga: tem um apppra isso também.

 

Em termos econômicos é um mercado que está crescendo em média 30% ao ano. Estima-se que em 2016 o mercado legal de maconha nos EUA será de 6.7 bilhões de dólares e a expectativa é que atinja o montante de 21.8 bilhões em 2020. Para comparar, a NFL (liga de futebol americano) movimenta hoje 12 bilhões de dólares.

 

Com esse crescimento gigantesco obviamente os investidores estão começando a sair de uma posição passiva de “vamos acompanhar e ver no que isso vai dar” e passando para “sacandoa mão do bolso”. O bilionário Peter Thiel, por exemplo,um dos fundadores da paypal, está investindo $ 75 milhões de dólares na Privateer Holdings, uma empresa de private equity que investe exclusivamente em startups do setor de cannabis. Já a empresa de San Diego IPP, que atua no setor de imóveis para plantação de maconha medicinal, está pronta para abrir o capital na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYES) e deve se tornar a primeira empresa pública do setor.

 

Os negócios envolvendo a maconha só crescem e claro, criatividade não falta. Hoje já é possível encontrar hotéis, aulas de pintura e até passeios de bicicleta temáticos. Aceleradoras, consultorias e escritórios de advocacia especializados também estão surgindo e crescendo.

 

Culturalmente o estigma também está perdendo força. Hoje 89% dos americanos aprovam o uso medicinal da maconha quando prescrito por médicos e 71% da população entre 18-34 anos é a favor da legalização do uso recreacional.

 

A ONU estimava em 2014 que cerca de 3.8% da população mundial ou 183 milhões de pessoas eram usuários da droga. Com a legalização da maconha nos EUA esse número tende a crescer exponencialmente. Com isso, a planta que já era usada na China há cerca de 4.000 anos deve se popularizar e gerar oportunidades de negócios no mundo todo.

Renata K. Velloso Médica, formada em administração pública, vive e trabalha na Califórnia.

Sair da versão mobile