Após uma semana conturbada, com o alvoroço no “caucus” de Iowa, presidente da Câmara rasgando o discurso do SOTU (State of The Union Address) e Trump sendo absolvido no moroso e político processo de impeachment, sete pré-candidatos à presidência pelo Partido Democrata ainda tiveram que se encontrar na última sexta-feira (7 de fevereiro) em New Hampshire, para debater suas respectivas propostas, a princípio.
A primária em New Hampshire acontecerá na próxima terça-feira (11) e, como esperado, após a vitória apertada de Pete Buttigieg em Iowa, com uma diferença de apenas 0,01% do segundo colocado, o atual senador pelo estado de Vermont, Bernie Sanders. Buttigieg foi o grande alvo de ataques nesse debate.
As propostas populistas de sempre e ataques ao presidente Donald Trump foram apenas mais do mesmo visto em debates anteriores, a diferença neste último foi a mudança na postura de alguns candidatos. Joe Biden iniciou sua fala em tom de frustração: “Não venci em Iowa e provavelmente não vencerei aqui também.” O tom de derrota é compreensível dado que as pesquisas no estado apontavam Biden em segundo lugar, tecnicamente empatado com o primeiro colocado Sanders. Surpresa foi ao longo do evento Biden começar a levantar sua voz, em tom histriônico, parecendo estar realmente “jogando a toalha” para a corrida eleitoral.
Enquanto isso, Buttigieg se manteve tranquilo, sorridente e seguro durante todo embate, parecendo treinado e preparado para a quantidade de ataques que viriam em função de sua vitória anterior, mesmo após insistentes investidas de Sanders. Bernie mais uma vez falou para seu nicho eleitoral “progressista” como se estivesse num palanque discursando apenas para seus apoiadores de campanha.
Amy Klobuchar continuou em sua linha pragmática, apresentando propostas e reforçando suas ações em seus anos de mandato como senadora por Minnesota. Elizabeth Warren parecia visivelmente estafada, em oposição aos encontros anteriores, manteve-se mais calma que o de costume, não entrou em brigas e quando precisou se posicionar foi firme, sem histeria.
Já Tom Steyer e Andrew Yang, ambos empresários e os únicos no palco sem carreira política, adotaram uma postura quase que pró-Trump, chamando a atenção dos oponentes para levantar uma pauta realmente passível de enfrentar o atual presidente: o crescimento da economia americana!
É inegável que os números apontam melhora nos índices de emprego, o report de janeiro apresenta mais 225 mil postos de trabalho gerados e, como já dizia o ex-presidente Ronald Reagan: “o melhor programa social que existe é a geração de empregos!”.
Neste sentido, Steyer e Yang sem perceber (ou talvez de caso pensado mesmo) levantaram a bola para Mike Bloomberg, o qual mesmo não tendo participado do debate, esteve presente e foi alvo de discussão por quase oito minutos.
Não é novidade que um embate entre Trump e Bloomberg seria um duelo de “iguais” nas eleições de novembro e, ao que tudo indica, os dirigentes do alto escalão do Partido Democrata já visualizaram que esta seria a única chance do partido voltar ao poder.
Dúvidas rondam a respeito do “boicote” a Sanders em Iowa, mas em meio a inconsistências de aplicativos e processos de impeachment fracassados, a economia americana, na liderança de Trump, vai muito bem e com os menores índices de desemprego, acordos internacionais com a China e a assinatura do USMCA substituindo o antigo NAFTA.
O desespero do partido é compreensível, contudo a solução está ali presente: Mike Bloomberg é tipo o Romário do Partido Democrata, não aparece pro treino, mas está pronto pra marcar quando o jogo for pra valer.
Maria Fernanda
Entusiasta de política americana e marketing político, cursou economia pelo Ibmec, mas gostaria mesmo era de estar sala de imprensa da Casa Branca. Prefere cerveja a gin e é colunista no Boletim da Liberdade.