Nos últimos dias, o aumento do preço da carne tem tomado as manchetes dos jornais brasileiros. Junto com essa notícia, vem embutido todo um aparato de justificativas que tentam vincular o fato – a elevação do preço da carne – ao governo de Jair Bolsonaro. Mas não, isso não é culpa do Bolsonaro, como boa parte da imprensa gostaria que fosse . A culpa é, na verdade, do mercado chinês.
Há aproximadamente 8 meses, chegou ao noticiário nacional a informação de que um vírus altamente contagioso estava devastando a pecuária chinesa. Esse vírus, além de ser altamente contagioso, também apresenta uma elevadíssima taxa de letalidade. Ou seja, um porquinho que tenha contraído esse vírus, fatalmente morrerá. A China, que possui o maior mercado exportador e consumidor de carne suína do planeta, quando sofre com um fenômeno dessa magnitude, por consequência, acaba prejudicando o mercado doméstico dos seus parceiros comerciais.
Como a oferta de carne suína diminuiu devido ao ataque do vírus, naturalmente a China elevou as importações desse alimento. Quando falamos de um mercado doméstico de quase 1.5 bilhão de habitantes, qualquer bem que venha faltar no país é um estímulo para que os outros países façam comércio com ele. Aí entra o Brasil, juntamente com outro agravante: a alta do Dólar.
Como a moeda norte-americana está valorizada perante o real, devido a uma série de fatores como a guerra comercial entre EUA e China, repercussões institucionais e políticas (com a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e até mesmo a declaração infeliz do nosso Ministro da Fazenda – sim, até os grandes heróis falam besteira – dizendo para nos acostumar com o Dólar alto). Assim, os nossos exportadores preferem comercializar com a China ao invés de abastecer o mercado doméstico brasileiro, dado que obterão maiores lucros.
Devido a isso, há uma carestia de carne suína no nosso mercado. E quando isso acontece, o preço desse bem sobe (lei da oferta e demanda). Com o preço da carne de porco mais alta, o consumidor busca outro tipo de carne para o churrascão de domingo. Picanha, alcatra, frango, entre outras, todas visando substituir a carne suína, acarretando no aumento da demanda por essas carnes no mercado doméstico. No momento que isso acontece, o preço delas também sobe.
Para que o mercado volte com o seu preço de equilíbrio antigo, é necessário que a oferta de carne suína volte ao normal na China (ou seja, antes do vírus). O que provavelmente deve acontecer, é a criação de uma vacina que diminua ou erradique esse vírus.
Essa explicação, que dificilmente alguém encontrará no mainstream jornalístico, me parece ser a mais racional do fato. Muitos veículos de notícias deixam-se levar por suas paixões políticas, aplicando uma espécie de ciência da lacração, ao invés de abrirem um bom livro de Microeconomia. Mas independente de qualquer coisa, o povo precisa saber da verdadeira causalidade dos fatos.
Maxwell Marcos
Estudante de graduação do curso de Economia pela Universidade de Taubaté. Apreciador das obras de Nelson Rodrigues e Theodore Dalrymple, acredita que o papel de uma Universidade é criar uma elite intelectual que discuta os problemas do país ou se possível da humanidade.