Com um cenário recente de desemprego a níveis catastróficos, e a maior busca pelo empreendedorismo como solução para questões financeiras, a necessidade de profissionais independentes que possam ajudar microempreendimentos em suas administrações tornou-se relevante para compreender o porquê da criação de cooperativas de profissionais de assessoria ser algo tão importante.
Em pesquisa divulgada pelo IBGE em 2019, o desemprego batia a casa dos 13,1 milhões. Ainda tem-se a questão dos 23,8 milhões que trabalham por conta própria, ou seja, sem emprego formal. Dentre esses, existem 8.154.678 microempreendedores individuais. Para ser um MEI é necessário faturar até R$ 81.000,00 por ano, não ter participação em outra empresa como sócio ou titular e ter no máximo um empregado contratado que receba o salário-mínimo ou o piso da categoria.
Um processo que vem se ampliando de maneira muito rápida, é o incentivo ao empreendedorismo. O indivíduo identifica a sua melhor área de atuação – as suas aptidões -, e a partir disso, passa a oferecer determinado produto ou serviço para o mercado.
Contudo, isso ocorre, muitas vezes, sem nenhum tipo de assessoria organizacional. Falta uma estruturação dos recursos para alcançar os objetivos propostos e uma assessoria para promover um planejamento estratégico que defina objetivos de longo prazo, organizando os recursos para o médio prazo, de forma a exercer as atividades operacionais de curto prazo que tenham relação com a atividade fim do empreendimento. Essa situação pode vim a ser resolvida a partir das cooperativas de trabalho.
Uma cooperativa de trabalho é integrada por uma categoria específica de profissionais, como: cooperativa de economistas, cooperativa de administradores, cooperativa de secretários executivos, entre outras. O objetivo dessas cooperativas consiste na obtenção de melhores condições de trabalho (espaço, insumos, formação, etc) e de valores superiores na contratação dos seus serviços, mas com especificidades na formação de preços e custos que podem levar a oportunidade de cobrar preços mais atrativos e acessíveis.
Geralmente, empreendimentos pequenos não têm remuneração suficiente dentro do período mensal, para proporcionar condições físicas, recursos humanos e financeiros para montar departamentos que assessorem atividades contábeis, jurídicas, entre tantas outras demandadas, tanto do ponto de vista organizacional quanto do ponto de vista legal. Mas as cooperativas de trabalho, reunindo profissionais liberais da área de economia e administração, podem ser uma excelente solução para sanar esse tipo de problema, visto que, no geral, a demanda por atividades de gestão dentro de pequenos empreendimentos é reduzida, permitindo que vários empreendedores possam contratar uma mesma cooperativa.
Já existem empresas que fazem esse tipo de serviço, são as chamadas Empresas de Consultoria. Entretanto, essas empresas, geralmente, têm custos muito altos que inviabilizam a contratação por parte dos pequenos empreendedores que necessitam desses serviços. Mas as cooperativas são formadas somente por profissionais da atividade fim, sem um proprietário ou “patrão” que demande de uma geração de receita, para a partir desta pagar os custos, despesas e depois disso retirar o seu lucro. Como as cooperativas reúnem somente colaboradores, a margem de lucro paga ao proprietário pode ser extinta dos cálculos, de forma que a empresa gere somente receita capaz de cobrir os custos e despesas (dentro desses o salário dos colaboradores), o que abre espaço para a possibilidade de redução de preço.
Com o preço mais atrativo dessas cooperativas de trabalho, aliado a necessidade de uma assessoria profissional que gerencie as atividades de seu negócio, abre-se espaço para que os microempreendedores e proprietários de pequenas empresas possam ter departamentos administrativos de forma terceirizada à empresa. As cooperativas de trabalho poderão atender várias empresas de forma simultânea, profissionalizando e diversificando cada vez mais as suas atividades, e consequentemente, auxiliando diversos trabalhadores que recorreram ao empreendedorismo, tornando possível a realização de uma série de análises de mercado, de custos e de outras questões relacionadas a administração de uma organização. Por isso, entre outros motivos, é importante incentivar as cooperativas de trabalho.
Júnio Matheus da Silva Cruz
É estagiário do Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Ribeirão das Neves, graduado em Gestão Pública, estudante de Administração no IFMG – Campus Ribeirão das Neves e graduando de Ciências Econômicas na UNICESUMAR – Justinópolis.
