No último dia 10, o IBGE divulgou o IPCA de abril, que, além de mais uma vez ter ficado abaixo de boa parte das expectativas do mercado, no acumulado em 12 meses atingiu o menor nível em quase dez anos, com 4,08%. É comum elencar a recessão atual como a causa desta descompressão forte dos preços ao consumidor; entretanto, tal avaliação é incompleta.
É bem verdade que a queda da atividade tem ajudado na forte desaceleração dos preços, sobretudo do setor de serviços, mais sensíveis ao ciclo econômico e que vinham crescendo a taxas de 8% desde 2011. Eles já se encontram abaixo dos 6%. Por outro lado, devemos destacar outros fatores que, somados, são tão (ou mais) importantes que a recessão, a saber: o fim do choque dos preços administrados; a favorável inflação de alimentos advinda de safras recordes; a valorização cambial; o retorno da credibilidade do Banco Central; e a dinâmica atual de reformas.
Os preços administrados, antes represados entre 2012 e 2014, viram sua taxa desacelerar de 18,06% ao fim de 2015 para 4,25% nesta última leitura, o que implica numa queda de contribuição para o IPCA: de mais de 4 pontos porcentuais para apenas 1 ponto porcentual, sendo que eles não sofrem influência do nível de atividade. O fim do choque de tal classe tem ajudado muito para um menor nível inercial da inflação nos últimos meses.
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Arthur Lula Mota, editor do Terraço Econômico
Devido a um acordo com o Jornal Gazeta do Povo, periódico de maior circulação no estado do Paraná, o Terraço Econômico publica apenas um trecho do artigo.