Você no Terraço | por Alex Corrêa
Em 2011, as empresas que faturavam até R$ 2,4 milhões anuais representavam 99% dos empreendimentos e 52% dos empregos. O crescimento e desenvolvimento destas empresas cria a possibilidade de uma profunda mudança positiva na economia. Estas empresas estão inseridas na cadeia produtiva como compradores de produtos e serviços de microempresas e também como fornecedoras para médias e grandes empresas (As Pequenas Empresas do Simples Nacional, Sebrae 2011).
O alto nível de falência das empresas é consequência de uma série de questões estruturais. A ilustração demonstra o fluxo dos processos de interação em todas as fases. Abrir uma empresa é o terceiro sonho mais representativo dos brasileiros, o que demonstra seu perfil empreendedor.
Analisando o nível de qualificação e técnica que acompanha este sonho, verifica-se que, em relação ao grau de escolaridade, 75,8% dos empreendedores iniciais possuem até o Ensino Médio completo e os outros 24,2% estão na faixa entre Superior incompleto e Pós-graduação completa. Este baixo nível de conhecimento acaba refletindo nas tomadas de decisões do empresário. O empreendedorismo por necessidade[i], aliado ao baixo nível de escolaridade, faz com que estes empresários iniciem seus negócios com risco mais elevado quando comparado aos outros com maior grau de conhecimento e motivados por oportunidade[ii], considerando-se ainda a alta necessidade de retorno no curto prazo.
Entre os anos de 2007 e 2011, 3.112.275 novas empresas (uma média de 622.455 empresas/ano) iniciaram suas atividades, representando 45% do total de empresas ativas e novas ao longo deste período (6.989.729). Este indicador, que demonstra a grande quantidade de entrantes no mercado, revela a necessidade de conhecimentos estratégicos, financeiros, de marketing e de gestão para que o empresário possa não só permanecer no mercado, também aumentar seu Market share perante os concorrentes. Uma das soluções pode ser a procura por apoio técnico de órgãos, governamentais ou consultorias especializadas. No entanto, apenas 17,8% do empresariado procura apoio técnico para auxiliá-lo a minimizar seu risco de mercado. Como 75,8% dos novos empresários detêm baixo nível de escolaridade, temos um número muito alto de empresários com pouco conhecimento, sem apoio técnico e com alta necessidade de retorno no curto prazo.
Identificar as vantagens competitivas e as fraquezas internas é crucial para explorar o potencial da empresa e reduzir ou eliminar suas fragilidades. No estudo do Global Entrepreneurship Monitor 2012 (GEM), especialistas apontam como principal fator favorável ao empreendedorismo o clima econômico (percepção de oportunidades) e, como fator limitante, as políticas governamentais (burocracia e impostos, suporte, promoção de feiras, cursos, etc.). Ressalte-se que o clima econômico pode ser um grande limitador, se o empresário não estiver preparado para se adaptar às restrições e adversidades de uma estagnação ou recessão da economia.
Ter em mente que o processo de desenvolvimento técnico, com o apoio de órgãos ou consultorias, e as vantagens competitivas irão propiciar as condições para superar um cenário de recessão, contribuirá para a expansão e fortalecimento da empresa, pois neste momento diversas oportunidades surgem para as empresas sadias financeiramente e com competências acima da média.
A pesquisa do GEM indica que 61,3% dos empreendedores iniciantes apontaram o seu mercado com alto número de concorrentes. É razoável este resultado, pois em um mercado com poucos concorrentes e que gera lucro, a tendência é o aumento constante até o limite do equilíbrio perfeito[iii]. O aumento de concorrentes impõe ao empresário o melhor aproveitamento das oportunidades e a correta tomada de decisões. Na tabela “Empresas saídas de atividade”, pode-se verificar que 48% (2.937.860) das empresas sobreviventes e nascentes entre 2007 e 2011 encerraram suas atividades.
Para conquistar seu espaço no mercado, o empresário deve agregar as seguintes características: maior nível de conhecimento (técnico, estratégico, financeiro, etc.); abrir uma empresa por oportunidade (com baixa necessidade de retorno no curto prazo); ter uma equipe capaz de desenvolver forte vantagem competitiva e minimizar suas fraquezas, investi r em instituições especializadas (órgãos ou consultorias) para lhe dar apoio técnico em áreas específicas. Embora devido à dinâmica contínua do mercado, os resultados não sejam garantidos, este conjunto de características torna factível alcançar o sucesso no curto, médio e longo prazos.
Alex Corrêa Diretor Executivo da EQUILIBRIUM GESTÃO DE EMPRESAS Conselheiro Comércio de Bens e Serviços da ACRJ Membro Comissão Especial CRA-RJ
[i] Empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções de trabalho, abrindo um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. [ii] Os empreendedores por oportunidade optam por iniciar um novo negócio mesmo quando possuem alternativas de emprego e renda, ou ainda, para manter ou aumentar sua renda pelo desejo de independência no trabalho. [iii] Termo utilizado em economia que descreve uma competição entre empresas que não possuem lucro devido à redução da margem pelos empresários para competir e permanecer no mercado.