O capitalismo, com todos os seus defeitos, tem um meio bastante eficaz de levar recursos para os lugares que tem mais demanda, o preço.
O sistema de preços é importante porque ele sinaliza onde está a demanda por determinado produto e serviço. Dessa forma, ele transmite a informação sobre qual é o desejo, interesse ou necessidade de um determinado grupo da sociedade.
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A informação que o sistema de preços carrega, é extremamente confiável. A não ser que haja interferência externa, ninguém duvida que o preço de determinado recurso numa localidade, está subindo devido à grande procura pelo mesmo. Ou seja, o preço representa a incontestável vontade de um grupo de pessoas e isso, aliado ao interesse de outros em ganhar mais dinheiro, faz com que os recursos cheguem até onde tem que chegar.
Mas, sem o sistema de preços, em que parâmetro poderíamos confiar para alocar um determinado recurso onde há mais demanda?
A pergunta pode parecer boba, mas existem muitas pessoas que advogam pelo fim da precificação livre das coisas, argumentando que isso causa toda sorte de injustiças e desigualdade que temos no mundo.
O que vale lembrar é que eliminar o sistema de preços já foi tentado ao longo do século XX por dezenas de nações socialistas e todos os experimentos se mostraram miseravelmente comprovadamente fracassados. E isso ocorreu porque, na prática, se abandonou a vontade de milhões de pessoas – que se guiavam por meio do preço – e se optou pelo planejamento de meia dúzia de seres abençoados que achavam saber onde os recursos deveriam ser alocados.
Thomas Sowell, em muitos dos seus livros, se refere a esses abençoados planejadores centrais como os “ungidos”, isso porque só um ser imaculado dotado de uma onipresença intelectual sobrenatural seria capaz de determinar todas as variáveis envolvidas nos bilhões de processos diários de escolha que os cidadãos fazem diariamente.
Ignorar a informação de que o preço está apresentando e deixar a esse grupo de “ungidos” a tarefa de determinar qual grupo da sociedade deve ter acesso a um determinado recurso é desastroso, pois o ser humano carrega consigo o vício da falha, independentemente de quanta boa vontade ele tenha.
Politicagem, interesses, corrupção, erros, vaidades, omissão… essas são apenas algumas das diversas falhas que contagiam as decisões de todos os envolvidos em escolhas que podem afetar a vida de milhões de pessoas. Técnicos, políticos, burocratas, funcionários públicos, a lista de envolvidos é enorme e a chance de alguém tomar uma decisão negligente é muito grande, praticamente de 100%.
O preço, por outro lado, agindo de forma livre consegue sinalizar claramente onde a demanda por um produto/serviço está crescendo e, dessa forma, estimula o surgimento de novos fornecedores o que tende a gerar mais produtividade, qualidade e diminuição do no custo de produção. Esse é o coração do capitalismo de livre mercado.
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Compreendendo a função central que o sistema de preços tem no capitalismo de livre mercado, fica mais claro perceber por que nações mais livres economicamente tendem a ter mercados mais eficientes e por que, o Brasil, com todo seu intervencionismo e excesso regulatório, nada tem de capitalismo de livre mercado, limitando-se apenas a ser um paraíso para empresas amigas do governo, o que só gera corporativismo e ineficiência.
Sempre que algum governo se mete em um mercado, seja controlando preços, limitando acesso a determinado recurso ou até mesmo impedindo que um profissional ofereça seu trabalho da forma que achar conveniente, interfere na vontade de milhões de pessoas. Nas entrelinhas, fica implícito que os cidadãos não sabem ou não podem arcar com as consequências das suas próprias escolhas.
O maior problema é que a máquina estatal nada tem de sobrenatural, ela é apenas uma entidade controlada por burocratas que tendem a tomar suas decisões sempre acompanhadas pelos vícios da política.
O sistema de preços pode não ser perfeito, e até certo momento, injusto, mas esse sistema reflete a vontade de muitos, na maior parte do tempo. E o melhor de tudo, não requer a instalação de nenhum gabinete burocrático para funcionar. É de graça!
Marcos Rondinelli Formado em Licenciatura em Física pela USP no ano de 2008. Atua profissionalmente na área de TI, e possui grande interesse no estudo de economia e política.