Eu sou uma exceção nas casas legislativas que confirma a regra da exclusão das mulheres pretas do espaço da política. Nascida e criada na Maré, sou uma feminista preta, defensora dos direitos humanos, jornalista e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, com pós doc na UFF. Atuei com centralidade na cassação do governador bolsonarista Wilson Witzel, a quem denunciei à ONU pelo extermínio do povo negro, com o uso de helicópteros como plataforma de tiros contra favelas. Eleita deputada estadual em 2018, presidi as comissões de Direitos Humanos e de Combate à Miséria, e sou presidente da Frente Parlamentar de Combate à Fome. Em 2020, concorri à Prefeitura do Rio.
Trabalhei com Marcelo Freixo e fui chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco, de quem era amiga pessoal e companheira de lutas desde a adolescência. Sou autora de 37 leis atualmente em vigor contra a violência do Estado e em defesa da vida, dos direitos das crianças, das mulheres, da juventude negra, das pessoas LGBTQIA+, do povo de axé e do povo da favela.
No enfrentamento diário dos bolsonaristas, racistas e machistas, tenho conquistado vitórias importantes. Mas há muito a ser feito. A minha reeleição com ainda mais força é o desafio. Os difamadores de Marielle Franco, que quebraram a placa em homenagem a nossa companheira e a emolduraram para expor na parede de seus gabinetes, não podem voltar a ser os mais votados pelo eleitorado fluminense, como ocorreu em 2018. Quanto mais votada for, mais peso político terei e assim melhor conseguirei avançar no enfrentamento do bolsonarismo em seu próprio berço.
O combate à miséria e à fome é demanda central da população do Rio de Janeiro, que concentra 10% dos 33 milhões de brasileiros em situação de fome. O estado, que é o terceiro com maior índice de desemprego no país, concentra 1,3 milhão de desempregados. A alma da fome é política, costumava dizer Betinho. Para acabar com esse mal, consegui a aprovação de relatório com 25 propostas de solução, entre as quais, a garantia de renda básica universal no estado e um programa de geração de empregos. Pretendo voltar ao Parlamento para lutar para que essas propostas saiam do papel e se tornem ações concretas contra o desemprego e a fome.
O enfrentamento à violência racista do Estado contra a população negra e favelada é outra prioridade nossa. O extermínio e a violência policial nunca foram e jamais serão tolerados por mim, que atuo coletivamente, articulada com os movimentos sociais negros, feministas e de favelas. Preciso seguir na luta, por exemplo, pela aprovação da Lei Kathlen Romeu, para proibir o uso de casas de moradores para emboscadas policiais como a que matou a jovem modelo e o bebê que ela esperava. Voltar ao Parlamento estadual vai me permitir agir com toda força para garantir o direito à vida e à segurança do povo preto e favelado.
A favela precisa ser respeitada como todo espaço da cidade, com a garantia do direito à vida e aos serviços públicos, como o fornecimento de água potável, saneamento básico, saúde, educação, lazer, acessibilidade e cultura. Marielle Franco foi uma das principais articuladoras dessa luta à qual vou prosseguir com ainda mais força.
Outra pauta central na minha atuação parlamentar é a defesa da vida e dos direitos das mulheres. O governo estadual e o federal não têm priorizado as políticas públicas para mulheres. Quanto maior for a minha votação mais força vou ter para pressionar os governos para que destinem os recursos necessários para a saúde da mulher, para o combate à violência obstétrica, à violência de gênero e aos feminicídios, com especial olhar para a saúde das mulheres negras, trans, lésbicas e bissexuais, assim como das mulheres com deficiência. Como presidente da CPI da Violência Obstétrica de Cabo Frio, pude conferir a urgência de políticas para a humanização do parto e contra a violência obstétrica, que mata mães e bebês. Já há projetos de lei nesse sentido de minha autoria em tramitação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Fui a deputada estadual que mais fez proposições sobre a pauta de gênero e LGBTs na legislatura 2019-2023. Essas propostas contemplaram muitas das demandas históricas do movimento sobre educação, saúde, emprego e renda, moradia e dignidade. Estou dedicada à tarefa de voltar para lutar pela aprovação e realização dessas iniciativas.
No que se refere à educação, em especial, a nossa luta é em defesa da educação pública, laica, universal e emancipadora; por uma educação que valorize as questões de gênero, raça, classe e liberdade religiosa. A escola é o lugar de educar para o respeito à igualdade na diversidade. Racismo, lgbtfobia e machismo não são apenas ideias, são violências e isso não cabe em nenhuma pedagogia democrática. Uma educação inclusiva, laica, pública e de qualidade é o que vou batalhar para tornar possível a formação de pessoas livres, emancipadas, críticas e solidárias.
Em especial, desenvolvi no pós doc o conceito de feminicídio político, em referência ao asassinato de mulheres como Marielle, a juíza Patrícia Accioly, que condenou e determinou a prisão de milicianos de São Gonçalo, e Dorothy Stang, cuja vida foi tirada na luta em defesa dos povos da floresta. A luta contra a violência política de gênero é urgente para garantir a ocupação da política por mulheres. Não somos vistas com naturalidade nos espaços políticos, ainda mais se somos pretas e da favela, como eu. Mas nunca me acovardei frente aos ataques de parlamentares machistas e racistas. Pelo contrário, faço questão de enfrentar tudo de cabeça erguida. É uma necessidade voltar ainda mais forte para derrotar a violência política de gênero. Faço parte de um movimento de mulheres negras que vêm num ascenso da luta para ocupar a política. Como dizia a minha querida Marielle, não serei interrompida. Não seremos.
Mais informações sobre a candidata Renata Souza no site do TSE: Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (tse.jus.br)
Disclaimer:
O Terraço Econômico abriu uma oportunidade para que candidatos aos cargos de deputado estadual e federal em 2022 em TODO o país e de QUALQUER partido político enviassem argumentos e ideias do que planejam fazer em seus mandatos nas Assembleias Legislativas nos estados ou no Câmara dos Deputados em Brasília.