A baixíssima taxa de desemprego americana: até quando ela dura?

[1]. O fato é que um dos principais indicadores da economia americana tem mostrado valor baixo mesmo se comparado em um período de tempo bastante grande. Vamos aos dados:  

A taxa atual – 3,8% – é equivalente ao índice de 18 anos atrás. Se procurarmos nessa longuíssima série histórica disponibilizada no BLS algum valor menor que isso, teríamos que voltar até dez/1969, no qual o índice foi de 3,5% e o homem chegou à lua.

Mas até onde vamos? Um dos motivos alegados pelos especialistas para essa baixa taxa de desemprego ainda não ter gerado inflação é que os salários têm crescido bem pouquinho acima da inflação no período recente. Cruzando os dados de desemprego com o de rendimentos por hora nos EUA, essa informação parece fazer sentido: O crescimento nominal dos salários nesse período (2006 – 2018) foi de 34,3%. A inflação no mesmo período foi de 24,28%. O que resulta num ganho real de 8,16%. Só para se ter uma ideia de como esse ganho real em um período de 12 / 13 anos foi baixo, o ganho real do salário mínimo brasileiro em 2012 foi de 7,59%. Se acumularmos 2006 a 2017, o ganho real foi de 59,8%. Beeeeem maior, graças a uma lei que garante que o salário mínimo seja reajustado pela inflação do ano anterior + variação do PIB de dois anos antes, garantido, dessa forma, uma ganho real sempre maior ou igual a zero. Mas há uma pedra no sapato dos otimistas: a subida dos juros que está prestes a ocorrer, capitaneada pelo FED (banco central americano). Se olharmos sobre a perspectiva histórica, sempre que há um movimento de subida dos juros americanos, a taxa de desemprego é afetada[2]. Vamos ao gráfico: Esse é um dos motivos das comunicações e ações do FED estarem tão cautelosas nos últimos meses. Se o mercado ouve dizer pela rádio peão que o FED está pensando em aumentar os juros, as taxas de balcão disparam, trazendo impacto para a Bolsa, por exemplo. Quem disser que sabe o timing das coisas e quando o bom momento do mercado de trabalho americano vai reverter ou como será a subida dos juros na terra do Tio Sam provavelmente está te enganando, porque essa é uma das perguntas mais valiosas do mundo hoje em dia.

Alô, FED! Tem alguma dica aí?

Arthur Solow Editor do Terraço Econômico Notas [1] Note que no final do governo Obama a taxa de desemprego já estava na casa dos 5%, em franco declínio. Mas não pode-se tirar o mérito de Trump por manter a redução, chegando a um dos valores mais baixos da série histórica. [2] Aqui não estou falando de causalidade, apenas de correlação entre as variáveis, e ainda com certa defasagem (notem que o desemprego responde com atraso a subida de juros). Para afirmar que movimentos da taxa de juros causam oscilações na taxa de desemprego, seria necessário uma análise estatística muito mais aprofundada, o que não aqui. foi feito

Arthur Solow

Economista nato da Escola de Economia de São Paulo da FGV. Parente distante - diz ele - do prêmio Nobel de Economia Robert Solow, que, segundo rumores, utilizava um nome artístico haja vista a complexidade do sobrenome. Pós graduado na FGV em Business Analytics e Big Data, pois, afinal, a verdade encontra-se nos dados. Fez de tudo um pouco: foi analista de crédito e carteiras para FIDCs; depois trabalhou com planejamento estratégico e análise de dados; em seguida uma experiência em assessoria política na ALESP e atualmente é especialista em Educação Financeira em uma fintech. E no meio do caminho ainda arrumou tempo para fundar o Terraço Econômico em 2014 =)
Yogh - Especialistas em WordPress