A Copa do Mundo e as eleições

Image Fonte: DomTotal[/caption]

Alvo de discórdia em muitas rodas de discussão, o debate a respeito da influência da Copa do Mundo – mais especificamente a colocação final da seleção brasileira na Copa do Mundo FIFA 2014 – sobre os resultados eleitorais a serem conhecidos em outubro de 2014 estão a todo vapor. Afinal, se o Brasil levar o caneco a chance de reeleição de Dilma Rousseff seria mais provável?

Em um mundo ideal, a resposta seria um contundente não. Deveria haver certo bom-senso por parte da sociedade de separar a avaliação política dos eventos esportivos, como é o caso da Copa do Mundo. Em 2002, última Copa vencida pela seleção canarinho, o candidato da situação José Serra – PSDB, foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva – PT por 61,3% dos votos válidos. Ou seja, o desfecho positivo nas quatro linhas não foram suficientes para que o PSDB permanecesse no governo, após o fim dos dois mandatos de FHC. Tampouco o resultado adverso nas quatro linhas em 2010 impactaram na eleição de Dilma pouco depois, ou seja, a permanência do governo petista, após os oito anos de Lula.

[caption id="" align="aligncenter" width="650"]Image Não há indícios que a Copa do Mundo de futebol altere a percepção política do eleitor. Fonte: Itaú.[/caption]

Não precisamos voltar muito no túnel do tempo para encontrar indícios da utilização da emoção futebolística a fim de apaziguar movimentos político-sociais no Brasil. No auge do autoritarismo militar, a seleção de 70, centrada na figura do craque Pelé, reduziu mesmo que momentaneamente o descontentamento social com as políticas impositivas do governo militar. Só se falava da taça Jules Rimet e o AI-5 desapareceu do noticiário por alguns meses, mesmo que boa parte desse movimento fosse derivado do aumento da censura nesse período.

Considerando a competição que se iniciará em pouco menos de um mês, o cenário é inédito. A imagem da Presidente vem se deteriorando nos últimos meses. A avaliação do governo federal junto à população só não caiu mais que o nível do sistema Cantareira. Os protestos populares e as greves se multiplicam no país. Pelo lado futebolístico, vivemos um jejum de 12 anos sem o título mundial. Tentamos acabar com esse desconfortável jejum justamente quando recebemos o Mundial de Seleções no nosso território, após 64 anos.

[caption id="attachment_725" align="aligncenter" width="620"]Fonte: Sidney Rezende - SRZD Fonte: Sidney Rezende – SRZD[/caption]

Nesse cenário, a utilização da nossa maior paixão nacional como combustível para alavancar a candidatura sem dúvidas está na pauta do atual governo. Ou alguém duvida que, caso o Brasil seja hexacampeão mundial, os programas eleitorais serão verde e amarelos? Mas e se os protestos ocorrerem em plena Copa? E se algum evento manchar de alguma forma a competição? Será que a realização destes eventos (incluindo as Olimpíadas em 2016) trará algum prestígio junto ao eleitorado brasileiro?

Tenho a percepção que alguns aspectos emocionais e pouco relacionados com a razão são determinantes para a escolha de um candidato. Não deveria ser assim, mas é o que acontece. Por essa razão, o resultado da Copa do Mundo exercerá influência significativa sobre o resultado a ser conhecido nas urnas, em outubro de 2014.

Arthur Solow 10170219_10203335365288648_276252663_o

 

Arthur Solow

Economista nato da Escola de Economia de São Paulo da FGV. Parente distante - diz ele - do prêmio Nobel de Economia Robert Solow, que, segundo rumores, utilizava um nome artístico haja vista a complexidade do sobrenome. Pós graduado na FGV em Business Analytics e Big Data, pois, afinal, a verdade encontra-se nos dados. Fez de tudo um pouco: foi analista de crédito e carteiras para FIDCs; depois trabalhou com planejamento estratégico e análise de dados; em seguida uma experiência em assessoria política na ALESP e atualmente é especialista em Educação Financeira em uma fintech. E no meio do caminho ainda arrumou tempo para fundar o Terraço Econômico em 2014 =)

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