Cartão de crédito: vilão ou mocinho? 

Em pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi revelado que 65,1% das famílias brasileiras relatam possuir alguma dívida. Dentre essas dívidas, a do cartão de crédito correspondeu a 79,5%, ou seja, a maior parte das organizações familiares estão endividadas por causa do cartão de crédito. 

Nesse momento, tomamos um choque de realidade, ao percebemos que a maioria das pessoas utilizam o crédito de forma errada. O crédito que de maneira alguma pode ser considerado como problema, pois pode ser nosso aliado, trazendo inúmeros benefícios. Porém, a maior parte dos usuários usam o crédito de forma deliberada, e esse é o verdadeiro problema. 

O primeiro ponto que podemos elencar como uma das possíveis causas para o endividamento por meio do cartão de crédito, é a sua utilização sem haver planejamento prévio ou a ausência do próprio dinheiro para o pagamento posterior da fatura. O limite de crédito disponível nos dá uma sensação de que estamos mais ricos, ou seja, que podemos consumir mais. Nesse momento é que deveria se fazer presente algumas lições de educação financeira. 

Mesmo com limite disponível, devemos nos atentar ao nosso limite de consumo, dado que, na maioria das vezes, a nossa renda não nos permite consumir no mesmo patamar do crédito ao qual temos acesso. Anotar e controlar seus gastos e o quanto você destina para o consumo, é uma boa alternativa para evitar entrar na famosa “bola de neve”.

Além disso, outro fator que podemos elencar para o efeito do endividamento através do cartão de crédito, é o consumo imediatista e sem reflexão. Um dos objetivos da ciência econômica é o de estudar a melhor alocação dos recursos escassos, fazendo um link com as finanças pessoais. Nós não consumimos tudo o que queremos, porque nossa renda é um recurso escasso, ou seja, nossa renda é limitada. 

Dessa forma, devemos buscar fazer mais com menos, de forma que nos traga um nível de satisfação, de bem-estar e ao mesmo tempo que não prejudique nossa saúde financeira. Um dos caminhos para isso são as seguintes perguntas: Eu devo comprar? Esse bem é útil para mim? Eu posso pagar? 

Somente depois de avaliarmos a necessidade e a viabilidade em adquirir determinado produto, é que partimos para a compra.. Por exemplo, se seu sonho é possuir uma roupa de determinada marca, o que fazer? Bem, você pode realizar esse sonho, desde que se planeje para isso.

Geralmente não damos atenção aos juros cobrados pelas emissoras de cartões de crédito. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) verificou que 30% das pessoas não analisam as taxas de juros e tarifas praticadas pelas emissoras de cartões de crédito. Isso é um ponto importante, uma vez que você pode estar pagando uma taxa de juros maior enquanto poderia estar pagando juros menores em outro cartão. 

Mais quais os benefícios de utilizar o cartão de crédito? 

O cartão de crédito quando utilizado conscientemente, pode nos trazer benefícios. Quando da opção de pagamento à vista ou no débito não decorre nenhum desconto, podemos comprar no cartão de crédito e acumular benefícios em programas de pontuação, por exemplo. Além disso, quando nessa mesma situação em que não há desconto pelo pagamento à vista, podemos aplicar o dinheiro em um investimento em renda fixa com liquidez, uma vez que você precisará do dinheiro para pagar a fatura. Logo, você satisfaz seu desejo comprando aquele determinado produto ou serviço e ainda pode conseguir  algum rendimento extra.

Como eu faço para não ficar endividado com o cartão de crédito?

NÃO consuma desenfreadamente, pois uma hora a conta chega. Lembre-se: “Não existe almoço grátis!”. Outra dica é concentrar todos os seus gastos em um único cartão, se possível. Quando você compra em diversos cartões fica mais difícil controlar seus gastos. 

Além disso, lembre-se também de fazer sua reserva de emergência. Nos últimos anos vimos o número de desempregados aumentar, o que gera, por consequência, perda da renda. Mas com uma reserva de emergência, é possível manter suas despesas em dia. 

Vitor Nayron Moreira de Araújo Marques

É graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

 

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