Como evitar golpes com criptomoedas?

Junto de toda tecnologia inovadora que traz avanços positivos vêm junto as ideias mal intencionadas e, quando falamos das criptomoedas, não é diferente. Mas, afinal de contas, é possível evitar golpes envolvendo as moedas digitais? Esse é o assunto desse artigo, no qual te apresentaremos algumas dicas que reduzem os riscos de cair em verdadeiras armadilhas.

Tão rápido quanto a velocidade das inovações no universo cripto é a criatividade de quem pensa em cometer ilícitos com as criptomoedas. Mas existem dicas quase tão atemporais que parecem estar sempre disponíveis para serem utilizadas – e, inclusive, não apenas quando falamos de criptoativos, mas de várias outras classes de ativos.

O que pode ser chamado de golpe com criptomoedas?

A pior parte de passar por algum golpe é admitir que isso aconteceu. Ninguém é fã de contar pras pessoas que passou por alguma situação do tipo, mas mais relevante do que se frustrar com um ocorrido assim é aprender com a ocasião (e passar adiante o meio de evitar o erro novamente, se possível for). Fica um pouco mais complicado quando acontece com algo que já é, na média, “complicado de explicar”.

Golpe, por si só, é aquela situação em que você acaba recebendo algo muito aquém ou deixa de receber em sua totalidade o que estava esperando em uma transação financeira ou comercial. 

Se isso pode parecer vago, pense na situação por exemplo de uma pessoa que entra em uma pirâmide financeira: a ideia é aplicar uma certa quantia ao início e vê-la ser multiplicada, mas no fim das contas pode ser que nem aquela quantia inicial seja recebida de volta.

O que torna um golpe financeiro mais danoso é o fato de que ele não envolve apenas quebra de expectativa: pode virar uma questão muito complicada e patrimonial. Pessoas podem literalmente perder tudo se caírem em golpes financeiros.

Podemos chamar de golpe com criptomoedas esse misto de quebra de expectativas com cotações (que vai de “vou ficar rico” a “perdi tudo” em poucos meses) e até mesmo a possibilidade de ver os ativos desaparecerem, o que vai além de simplesmente observar uma desvalorização.

Assim sendo, os golpes com criptomoedas podem ser divididos em dois tipos: rendimento diverso do prometido e sumiço dos ativos. A seguir apresentaremos esses dois em situações hipotéticas (que talvez te lembrem alguma pessoa ou até mesmo alguma situação vivida), o que muito provavelmente veio a acontecer e como seria possível evitar entrar nessa armadilha.

Rendimento diverso: promessa que não se cumpre

Imagine que alguém chega até você com uma proposta extraordinária: duplicar um investimento feito hoje em um prazo inferior a um ano. Tudo isso sempre com aquele ar de “oportunidade única, imperdível e que logo irá passar”. Então você pega alguns recursos que tinha investidos – ou, mais arriscado ainda, pega alguma poupança da sua família – e coloca tudo nesse tal investimento. 

“Dobrar em menos de um ano parece uma baita ideia!”.

No começo tudo parece maravilhoso. Diante de uma tela você observa rendimentos muito superiores ao do mercado e, mesmo se não souber sequer como aqueles retornos são formados, você já se sente muito mais inteligente do que pessoas que estudam por anos as melhores decisões sobre o próprio dinheiro. E, afinal de contas, a pessoa que te ofereceu tal oportunidade não pode estar mentindo: a criptomoeda que ela falou subiu tanto ultimamente…

Até que se aproxima um momento muito esquisito: os rendimentos param de ser tão atraentes assim ou, pior ainda, você sequer consegue ter acesso aos recursos, que ficam congelados e cada vez mais inacessíveis. Em casos ainda mais complicados, nem aquela pessoa que chegou até você no começo te oferecendo aquela oportunidade consegue ser encontrada mais. 

Chega-se a um estágio de ressaca: “como foi que eu caí nessa?”.

Verificando que você realmente não terá mais acesso ao dinheiro, talvez nem ao que aplicou inicialmente, entra para um dos dois seguintes clubes: o “vou processar vocês até ter meu dinheiro de volta” ou o “a vergonha me consumiu, nunca mais quero falar nisso”. Mas inevitavelmente em algum momento vem o pensamento: “como eu poderia ter feito diferente?”

Tem como fugir de uma oferta de “rendimento irrecusável”?

Sim, é possível não cair nesse tipo de arapuca. Basicamente são necessárias duas perguntas a serem feitas e um pensamento clássico de finanças para evitar problemas desse tipo.

A primeira pergunta: quanto é esse rendimento em relação ao livre de risco da economia? Nessa primeira pergunta, procure saber qual a taxa de mercado para aplicações do tipo e, se não for possível, qual é a taxa mínima mais racional da economia – por exemplo a Taxa Selic. Como é possível dobrar o capital em um ano (aumentá-lo em 100%) se a taxa básica de juros é apenas uma fração pequena desse percentual?

O segundo questionamento é: por qual motivo essa oferta incrível chegou até mim? Aqui vale pensar na boa e velha sabedoria popular de que “quando a esmola é demais, até o santo desconfia”. 

Sim, é possível que você tenha muitos contatos e amigos confiáveis que te ofereçam caminhos tão interessantes, mas sempre busque se basear na pergunta feita a seguir e também no pensamento clássico de finanças que te contaremos a seguir.

Esse pensamento, que recomendamos que você não se esqueça jamais, é: rendimentos passados não significam promessa de rendimentos futuros, servem apenas de referência do caminho que aquele ativo percorreu até ali. Quando falamos de mercados voláteis e que nunca dormem, como é o caso do mercado cripto, é preciso ter ainda mais atenção a esse ponto.

Cadê a criptomoeda que tava aqui?

O começo desse golpe é bem parecido: alguém chega até você com uma oportunidade imperdível e que vai durar muito pouco. Mas agora há um adicional: você precisa não apenas comprar aquela criptomoeda, mas depositá-la em uma carteira específica, porque é nela que “a mágica irá acontecer”.

Algum sistema muito interessante, interativo e chamativo é entregue para que você verifique os ganhos. Sua alegria é cada dia mais contagiante, você chega a pensar em se mudar de casa e dar aquela volta ao mundo que sempre sonhou. Até que um dia abre a plataforma e… Tudo que você tinha lá sumiu. E agora?

Como fugir do sumiço de criptomoedas?

Uma das maiores inovações trazidas pela tecnologia blockchain é o fato de que as transações ficam “marcadas na pedra”: uma vez feitas, não podem ser alteradas numa “volta ao passado”, permanecem registradas ali. 

É importante lembrar disso porque, uma vez que você transfere recursos de uma carteira em seu nome para outra sobre a qual você não tem controle, por mais óbvio e direto que seja isso, o controle será exercido por outra pessoa e você pode ter nada a fazer para evitar isso.

Ao comprar ativos em uma exchange ou mesmo aplicar em algum projeto de rendimento com criptomoedas, lembre-se sempre de verificar em qual nome os ativos ficarão. E não estamos falando aqui do nome que aparece na plataforma que te passarem, mas na propriedade real daqueles ativos.

Um jeito muito bom de não cair nesse golpe é: ao perguntar sob o controle de quem ficarão os ativos, caso a pessoa que te ofereceu a oportunidade não saiba responder ou aponte de bate-pronto “da plataforma mágica, claro!”, saiba que é hora de seguir adiante e deixar esse “cavalo selado” passar, beleza?

Como aumentar a segurança dos ativos digitais?

Como você tem percebido neste artigo, tão importante quanto selecionar o projeto que você pretende ter na carteira é verificar os meios pelos quais você o manterá em sua propriedade. Visando aumentar a segurança, vale parar para pensar um pouco sobre o tipo de carteira na qual você mantém seus criptoativos.

São basicamente três os tipos disponíveis das chamadas wallets: hot, cold e warm. Tudo irá depender da conexão que o local que você escolher para guardar suas criptomoedas tem com a possibilidade de movimentação dentro de uma rede. A temperatura dá a resposta dessa conexão. Não se assuste, vamos te explicar agora o que isso significa.

Hot, cold e warm wallets: a temperatura da conexão da sua carteira!

Hot wallets são aquelas carteiras diretamente conectadas a internet, na qual você consegue acessar sua carteira de qualquer lugar, pois ela está on-line. Se por um lado existe facilidade no acesso, por outro os ativos ficam disponíveis o tempo todo – e isso pode aumentar a chance de golpes. A maior dica de segurança aqui está em controlar bem o meio de acesso a essa carteira: ampliar muito as possibilidades pode aumentar o risco de roubo de ativos.

Cold wallets são as carteiras inteiramente desconectadas de uma rede: você compra e vende os ativos e os guarda quase como em sua carteira física quando coloca notas de dinheiro. Aqui o risco está em perder o meio como você acessa essa carteira e a parte boa é reduzir riscos de sofrer com alguma tentativa de roubo de ativos. A grande dica aqui também é de saber muito bem seu acesso pessoal, mas não para evitar algum ataque, para evitar que você mesmo perca o acesso.

Warm wallets estão em um verdadeiro meio-termo: você consegue tanto guardar os ativos de maneira separada (com chaves privadas) quanto se conectar com a rede para comprar e vender novas unidades. Nesse campo são diversas as possibilidades, mas quanto mais essa carteira se aproximar de uma hot ou cold, mais vale se atentar sobre as dicas dadas a cada um dos tipos.

Em uma analogia com o sistema bancário tradicional, funciona assim: hot wallet é o internet banking, cold wallet é sacar dinheiro na boca do caixa e warm wallet são os investimentos feitos que estão lá no banco mas “congelados” com algum prazo de carência ou minimamente dependentes de alguma autorização mais complexa para saírem de lá.

Zerar risco não dá, mas diminuir muito é possível

Nesse momento você pode se perguntar: qual a melhor pedida? A resposta, como toda dúvida levantada a algum economista, é o clássico “depende”. Aqui, depende das suas preferências e do que você acha mais útil ter entre acesso e segurança. O único conselho a respeito disso é de não se esquecer jamais da propriedade de acesso a sua carteira, como já te contamos.

Infelizmente as possibilidades de eventos mal intencionados são múltiplas e a cada dia novas ideias mais mirabolantes são desenvolvidas com esse péssimo objetivo. Mas, se atentando aos pontos que te apresentamos aqui, dificilmente você cairá no limbo que tantas pessoas caem de dizer “criptomoeda é tudo golpe, não há segurança”. Isso é bobagem.

Entenda do projeto que você pensa em ter na carteira e também de aspectos de segurança que envolvem sua custódia. E, claro, para além de tudo isso, continue acompanhando essa coluna e também o Blog da Bitso para ficar por dentro de aspectos relevantes ao universo cripto!

Caio Augusto

Formado em Economia Empresarial e Controladoria pela Universidade de São Paulo (FEA-RP), atualmente cursando o MBA de Gestão Empresarial na FGV. Gosta de discutir economia , política e finanças pessoais de maneira descontraída, simples sem ser simplista. Trabalha como diretor financeiro de negócios familiares no interior de São Paulo e arquiva suas publicações no WordPress Questão de Incentivos. É bastante interessado nos campos de políticas públicas e incentivos econômicos.
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