É a economia!

Gerson Caner

Para quem tem paciência e curiosidade de transitar entre blogueiros e articulistas dos extremos que se digladiam por suas “verdades”, não é difícil se divertir um pouco: você se depara com os perigos iminentes de um golpe comunista que quer transformar o Brasil em uma nova Cuba ou, por outro lado, se assusta com o que a mídia e em especial a Globo é capaz de fazer, inclusive “criando” os fatos e influenciando decisivamente todos os estúpidos e ingênuos brasileiros. Enfim, tem gosto pra tudo.

O fato é que, assim como em vários outros países nessa turbulenta segunda década do século XXI, as massas se rebelam no Brasil contra o status quo, se revoltam contra o establishment.

Na minha humilde opinião, a maior parte disso se deve a um único e principal motivo: a economia. Durante os primeiros seis anos de mandato do presidente Lula, o Brasil viveu um momento abençoado. Sem promover qualquer alteração significativa sequer na politica econômica de seu antecessor FHC, ele viu o valor das commodities das quais o Brasil baseava seu comércio exterior, explodir. A economia chinesa crescia mais de 10% e levando junto seus emergentes congêneres (lembram-se dos antigos BRICs?). O governo brasileiro incentivava o aumento do consumo de forma desenfreada, retirando alíquotas como o IPI da compra de eletrodomésticos, produzindo o sonho de uma classe baixa média emergente, que se afundava sem se importar, em parcelamentos e financiamentos a perder de vista.

Nessa época de vacas gordas ninguém se revoltava contra o crescimento econômico e a inserção social das classes menos favorecidas. A tal da teoria da “luta de classes” que alguns ainda apregoam não se aplicou quando todos estavam se dando bem. Ninguém ia às ruas protestar contra o que quer que seja, todos felizes e comprando geladeiras, passagens pra Disney, etc, etc.

O milagre chinês arrefeceu, o governo brasileiro não promoveu absolutamente nenhuma reforma em políticas industriais, reformas estruturais, previdência, tributária, educacional, agrária, ambiental, nada; simplesmente não fez nada a não ser se preocupar em vencer as eleições novamente e disseminar bravatas demagógicas e populistas.

Uma queda no PIB de 4% ao ano não acontece nem em economias em guerra, é algo surreal e devastador para as pessoas. O governo Dilma é, claramente, um desastre completo.

Talvez por isso as massas se joguem as ruas, mas principalmente por ver seus negócios encolhendo e fechando, por verem amigos e a si próprios perderem emprego e terem sua renda achatada, por verem cada vez menos perspectivas de terem melhores condições de vida. Baseados no velho mantra contra a corrupção, os brasileiros querem punir aqueles que lhe fizeram desparecer a renda e o consumo.

Portanto, Dilma, Temer ou quem quer que seja, lembre-se das palavras do velho cientista politico e marqueteiro (tão bom quanto João Santana) americano, James Carville: é a economia, estúpido!

Gerson Caner Economista pela FEA/USP, MBA em Finanças, 20 anos de experiência no mercado financeiro, atuou como diretor de empresas de consultoria (Ernst Young) e é palestrante de Educação Financeira e Finanças Pessoais, além de Gestor de Investimentos

Gerson Caner

Mestre em Administração com ênfase em Finanças Comportamentais e graduado em Economia pela Universidade de São Paulo (FEA-USP, 1992). Possui MBA em Finanças (USP) e diversos cursos de especialização realizados no Brasil e Exterior (FGV, Insper, Universidade Nova de Lisboa, London School of Economics). Atuou como economista do Grupo Votorantim e como diretor de Fusões e Aquisições e Mercados Emergentes na consultoria Ernst & Young, onde foi responsável pelo programa Empreendedor do Ano. Atualmente é professor de Finanças Corporativas, palestrante de Educação Financeira e Finanças Pessoais e consultor de Investimentos (possui certificação ANCORD). Também é pai do pequeno Theo, o que só aumentou seu interesse por Educação Financeira e Finanças Pessoais.

2 Comentários

  1. Vocês foram capazes de resumir uma mistura de pensamentos que me atormentava: Não usarei as palavras do “nefasto” mandatário desse país mas, MANDARAM BEM!

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