Estamos próximos do fim do banco tradicional?

Você se lembra da ultima vez que precisou ir ao banco para pagar uma conta? Ou de ficar uma, duas ou até três horas em uma fila para realizar um saque no caixa? Não sei o seu caso, mas já faz algum tempo que não é preciso se preocupar com tais problemas. Isso porque tudo o que for relacionado a pagamentos e dinheiro pode ser feito na palma da mão, sem demora ou longas filas.

Nesse mundo de facilidades, as instituições financeiras digitais estão cada vez mais à frente que seus concorrentes, os bancos tradicionais. Os bancos digitais estão se impondo, ditando as tendências e, por isso, obrigando instituições tradicionais a adaptarem, caso contrário podem vir a morrer. Paralelo a isso, os bancos digitais, como as fintechs, ampliam serviços com taxas menores, investindo mais em inovação, tecnologia e na experiência do usuário, conquistando cada vez mais clientes. 

Ao entendermos este cenário, a pergunta que fica é: até quando o banco tradicional estará presente em nossas vidas e por quanto tempo esse modelo irá durar? O mercado está se adaptando rapidamente a um novo perfil de cliente que exige agilidade, atendimento de excelência e tarifas mais baixas. 

Exemplo disso é que, uma  norma aprovada pelo Bacen (Banco Central do Brasil) legitimou o uso do boleto bancário como forma de depósito para contas digitais. Esta mudança permitiu a emissão de boletos no próprio nome do titular, facilitando a transferência de dinheiro entre contas e, assim, barateando o custo da operação — muito mais barata do que a taxa cobrada por DOC ou TED. Esse método de “depósito” já era usado antes, mas informalmente por instituições financeiras digitais e fintechs.

Bancos digitais não possuem agências físicas, o que dificultava depósitos na própria conta do titular. Agora, a nova norma coloca em xeque até mesmo a necessidade da existência de algumas instituições bancárias que precisaram “abandonar” parte das filiais por falta de movimento, o que gerava um alto custo. Para as fintechs, esta mudança agrega mais um serviço, sem necessidade de uma reestruturação tão custosa quanto fechar uma agência. 

Afinal, com a possibilidade de emitir um boleto para fazer uma transferência ou depósito, o consumidor tem a facilidade de poder quitá-lo em uma farmácia, lotérica ou supermercado, por exemplo. Essa possibilidade permite que os bancos digitais possam utilizar uma rede de correspondentes bancários, para o recebimento de depósitos, aumentando também a competitividade no mercado.

Vendo o cenário como um todo, várias questões surgem. Ao passo que o mercado evolui, aparece a pergunta: a digitalização dos bancos tradicionais é uma tendência passageira? Quem realmente está colocando as cartas na mesa? Ou esse efeito arrebatador veio para mudar de vez o modelo de negócio atual? Só o tempo dirá. A única certeza é que a adaptação é urgente e inevitável. As fintechs estão na frente. Será que os bancos acompanharão este passo?

Piero Contezini

CEO do Asaas

Terraço Econômico

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