Guerra ambiental: por que não internacionalizar as usinas nucleares francesas?

Interesses econômicos ocultos e a ameaça nuclear da França ao meio ambiente

É óbvio que a questão ambiental, para além das posições ideológicas, mascara interesses econômicos ocultos; porém, o governo tem se equivocado um pouco na construção do discurso oficial.

À luz dos acontecimentos nas últimas semanas, em que a pauta ambiental vem gradativamente tomando espaço nos fóruns de debate, seja por eventuais tropeços do governo, ou por intermédio de golpes desferidos pelo ativismo, a questão das queimadas na Amazônia vem ganhando manchetes, a ponto tal, que abriu margem para a ingerência internacional em nossos assuntos domésticos.

Curiosamente, a postura oficial do governo tem sido negar a ciência, descreditando números de agências estatais e perenizando, por consequência, teorias da conspiração e patrulhamento ideológico. Todavia, ainda que por isto falte certa precisão na condução das temáticas, o posicionamento ideológico do governo segue uma linha estratégica coesa, pecando somente na forma de se expressar e na construção de um discurso oficial panfletário, tendo como escudo a difusão do retrocesso.

Deste modo, o problema enfrentado pelo executivo não repousa sobre a abordagem estratégica adotada, que segue no caminho correto do pragmatismo, mas na construção mesquinha de um retórica diplomática estridente, mesmo diante de uma vastidão de argumentos técnicos e sérios para se combater nossos adversários comerciais.

De fato, o desmatamento predatório, as queimadas, bem como todo o enredo dramático ao qual a Amazônia se vê acometida, consiste numa equação que historicamente jamais fora solucionada. Entretanto, nosso problema ambiental representa uma variável dada, que não será solucionada da noite para o dia com simples canetadas, ou, mesmo, com um caminhão de recursos públicos como os que figuravam na conta do fundo da Amazônia.

Ainda que haja quem pense ao contrário, o debate acadêmico não nega que a ação humana seja nociva para o planeta, apenas diverge na dimensão que este risco pode representar. Deste modo, seria difícil fecharmos os olhos para o aquecimento global, vez que consenso entre cientistas em todo planeta, bem como é gritantemente evidente o risco que implica para as próximas gerações.

A solução destas questões ambientais, então, será possível somente por intermédio de boas práticas, controle, fiscalização e políticas fundiárias que coíbam os grileiros, o que poderá ocorrer mediante uma atenção legislativa persistente e políticas públicas que sejam contínuas a longo prazo, ou seja, que ultrapassem os mandatos dos governantes. Trata-se de um exercício hercúleo de persistência e paciência… muita paciência!

Diante destes fatos, fica cristalino que as pautas ambientais, não raramente, antagonizam as pautas econômicas, vez que, frequentemente, são dotadas de ações excludentes. Fiscalizar matas, proteger o ecossistema ou mesmo gerar energia limpa e renovável são iniciativas caras, e que conflitam diretamente com interesses econômicos de diversas ordens e matizes.

Desta sorte, o grande dilema aqui suscitado é que, pelo menos num primeiro momento, sustentabilidade ambiental se opõe fortemente à sustentabilidade econômica, ainda que haja vastos estudos que aleguem que, ao cuidar do meio ambiente, a longo prazo, as sociedades também se tornam sustentáveis do ponto de vista econômico, principalmente em virtude dos recursos renováveis.

Mas o fato é que, a curto prazo, a implementação de uma política ambiental rigorosa é uma conta deficitária, gera custo e prejuízo monetário para a sociedade!

Grosso modo, tendo em vista um governo que fundou alicerces tendo como base de apoio a bancada ruralista, diferente da esquerda, cuja militância ativista ambiental se encontra em suas vísceras de forma quase umbilical, dificilmente uma pauta muito centrada na defesa do meio ambiente, e que cause obstáculos à produtividade, florescerá pela via do executivo, que manejará tais temáticas mais pelo ponto de vista econômico e estratégico do que pelo “ambientalmente correto”.

Ocorre que, considerando o contemporâneo posicionamento estratégico global mais pragmático, nos parece haver uma certa legitimidade do palácio do planalto em afastar-se do discurso ideológico ambientalista, optando por uma abordagem mais centrada nesta perspectiva econômica e estratégica.

Não, o Brasil não está se alienando ao adotar menos preciosismo e mais pragmatismo no campo ambiental, está muito bem acompanhado pelo mainstream, muito embora, todos os países desenvolvidos escondam massivamente suas verdadeiras intenções, na fumaça de um discurso ambiental politicamente correto e uma retórica artificial, epidérmica e de porcelana, ou seja, meramente concebida para “inglês ver”.

Ora, pensar em ambiente como instrumento de pressão econômica e estratégica sempre foi a tendência global, a diferença, é que falta aqui no Brasil o que sobra nos franceses: a boa e velha perfumaria!

Os países europeus sempre bradaram aos sete ventos um posicionamento protocolar e discursos espetaculosos de colaboração global, mas que escondiam, em seu teor, falácias teratológicas e gigantescos tons de hipocrisia, cinismo, e dissimulação, convenientemente ignorando o que se passa, ou o que se passou em suas próprias cozinhas.

Ostentam uma retórica de picadeiro, com recheios de rempli de soi-même!

Boa parte do desenvolvimento e da criação de valor desses países foi fundida, a ferro e fogo, em prejuízo e detrimento do meio ambiente, não havendo como se negar que a edificação econômica e industrial europeia fora talhada cumulativamente com a criação de um passivo ambiental descomunal e sem precedentes na história da humanidade!

Fortunas foram esculpidas vergastando a mata, a terra, explorando colônias, extraindo metais e extinguindo espécies, ao passo que no Brasil, os índios, coitados, ainda aravam a terra de maneira sustentável. Por séculos, assim, a Europa e seus grandes impérios colonizadores usufruíram dos recursos naturais e poluíram o meio ambiente, sem que houvesse “ecochatos” que os questionassem.

Considerando isto, historicamente, quem são os grandes e verdadeiros credores de carbono?

No campo ambiental, os países desenvolvidos não possuem qualquer moral para apontar dedos; pelo contrário, possuem é uma dívida histórica com a humanidade, bem como com os índios e para com os países subdesenvolvidos.

Neste sentido, é muito conveniente para os países europeus, desenvolvidos e detentores de diversos avanços tecnológicos, bem como uma quase milenar tradição ambiental legislativa, defenderem o verde, a baleia, os passarinhos, vez que já passaram por todo um passivo ambiental historicamente erigido, queimaram carvão, desmataram grandes selvas e poluíram os rios para edificarem a condição de riqueza atual que usufruem.

Agora, na vez da China, do Brasil e de países subdesenvolvidos, essa turma europeia vem falar em protocolo de Kyoto? Acordo de Paris? Sério?

É isso que o discurso oficial do planalto tenta balbuciar, mas creio que ainda o faz de maneira acanhada e incorreta. Por que, ao invés de negar a ciência, o aquecimento, o desmatamento e afins, não buscamos admiti-los, mas, em igual passo, ampliamos a pauta para interesses ambientais que nos beneficiem?

Querem discutir Amazônia? Não vejo problema! Nesta ribalta, por que não ampliar a pauta e trazer a baila seriamente, bem como em igual passo e na mesma moeda, o passivo histórico ambiental dos países europeus?!

Enfim, nesta cadência há o risco de que venha um engraçadinho e diga que isso tudo é passado, que temos que parar de “mimimi” e que as regras são novas, logo, temos que nivelar o jogo começando do zero.

Humm… Ok, tudo bem! Vamos, então, esquecer que eles, europeus, enriqueceram prejudicando as gerações porvindouras poluindo o meio ambiente e comecemos do zero! É esse o desafio? Desafio aceito!

Poderíamos, então, discutir a matriz elétrica e os perigos das gerações nucleares e a base da queima de carvão, não?  Sim nós temos problemas, mas nestes pontos,  podemos afirmar, com certeza inexorável, que somos credores de primeira ordem!

Há inúmeros argumentos no quesito matriz elétrica que, em confronto à diversos países europeus, deixarão todos de cabelos em pé e farão o Brasil ganhar, “de lavada”, principalmente daqueles que ostentam bravatas, mediante uma retórica panfletária, embusteira e eleitoreira, como a perpetrada pelo presidente da França.

O que não se pode aqui, sem parecer ridículo, é permitir a cena burlesca e caricata do “sujo falando do mal lavado”!

Bâtir des châteaux en Espagne!!

Se o presidente francês deseja se intrometer em assuntos domésticos brasileiros, levando a pauta das queimadas na Amazônia para o G7, por que não levantemos o debate sobre a geração de energia elétrica atômica? Afinal de contas, depois que acabar a humanidade, a terra ainda levará séculos para se livrar da “sujeirada” francesa neste campo, vez que sua matriz elétrica é majoritariamente baseada em energia atômica.

Sim ! A maior parte da energia elétrica na França de Macron é gerada por usinas nucleares! Shame on you !

Neste ponto, vamos à alguns dados interessantes: no que tange ao acidente em Chernobyl na Ucrânia, segundo artigo publicado, a usina liberou material radioativo “quatrocentas vezes maior que o das bombas utilizadas , em Hiroshima e Nagasaki”.

Além disso, usinas nucleares são um grande risco para segurança nacional em tempos de terrorismo, sendo certo que, se a planta de uma usina atômica for atingida por um Boing, assim como Jihadistas fizeram com o World Trade Center, a pulverização da poluição radioativa, ou até mesmo a ignição explosiva que pode eventualmente vir a ocorrer, equivalem a uma bomba atômica de 3 megatons, tornando inabitável, mesmo para roedores, no mínimo, uma faixa de mais de 200 km de extensão!

Assim, um ataque terrorista contra a usina nuclear de Gravelines, no norte francês (e a França tem sido vítima de alguns ataques nos últimos tempos, o que torna isso plausível), inviabilizaria a vida na Bélgica!

Ataques terroristas a apenas algumas usinas nucleares na França inviabilizariam todo o continente europeu! Quer perigo maior ao meio ambiente?

Quer maior ameaça a humanidade? Sim, os franceses são historicamente e incomensuravelmente irresponsáveis ao manejar, de forma desmedida e em larguíssima escala, tal tecnologia para meros fins econômicos.

Por outro lado, diferente dos franceses, o Brasil tem a matriz elétrica mais limpa do mundo! Isto sim é responsabilidade ambiental !

Neste diapasão, se fechássemos as nossas duas únicas usinas nucleares, provavelmente teríamos apagões, mas ainda assim sobreviveríamos ao caos.

Já a França, republiqueta atômica totalmente dependentes da energia nuclear, se fechasse todas as suas usinas nucleares, regrediria para a era medieval, sendo certo que as mesmas representam algo equivalente à 75% da geração elétrica francesa.

Seria muito compensador assistir o seu presidente, sob luz de velas, dando entrevistas montado em seu cavalo. Principalmente, se ouvirmos uma criança gritar: “― O rei está nu!”

Noutra monta, a matriz mundial de geração de energia elétrica é ainda pior, eis que majoritariamente baseada na geração de termoelétricas a carvão! Isso mesmo! 38,3% da geração elétrica global é baseada na queima de carvão, que, de longe, é a geração mais utilizada no mundo para estes fins.

Por que não fazermos, então, uma campanha mundial para fechar todas as termoelétricas a carvão, grandes vilãs do efeito estufa? Neste caso, é o mundo que regrediria ao período paleolítico!

Mais uma vez, para o Brasil isso seria apenas um mero inconveniente do dia a dia, sendo certo que não possuímos uma geração dependente do carvão. Nossa produção seguiria, assim, firme e forte, fundada em nossa louvável matriz hidrológica.

Senão, vejamos os gráficos:

MATRIZ ELÉTRICA MUNDIAL

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética – EPE.

No Brasil não há significativos parques eólicos ou solares, todavia, nosso parque hídrico consiste em 65,2% da nossa matriz elétrica. Somados estes parques hídricos à gerações a base de biomassa, solar e eólica, chegamos a 80% de geração elétrica limpa e renovável nacional!

Touché!

Nesse quesito, somos o que há de mais avançado em sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, havendo poucos países europeus que possam competir neste quesito!

Aliás, somos credores de créditos de carbono desde o acordo de Kyoto!

MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética – EPE.

Deste modo, é imperioso que a questão ambiental seja debatida com argumentos técnicos, posicionamento estratégico e um pouco de cinismo como fazem, principalmente, os países europeus.

Na verdade, precisamos confrontar, com galhardia, a ridícula viralização de óleos de peroba que vem ocorrendo com alguns líderes mundiais, a exemplo da França, terra da radiatividade, e do Canadá, este último, campeão em geração a base de carvão! É muito cinismo e cara-de-pau!

A bem da verdade, a humanidade ainda não acordou para os perigos colossais da geração elétrica nuclear, herança, caduca e senil, do período pós-guerra.

Fala-se muito em efeito estufa, mas as catástrofes nucleares que se avizinham são perigos reais e imediatos um milhão de vezes mais dramáticos!

E olhe que não estou trazendo à baila a probabilidade de uma eventual guerra nuclear, refiro-me, exclusivamente, à fragilidade das usinas nucleares para acidentes ou ataques terroristas que poderão causar impactos de dimensões globais.

Ocorre que a geração elétrica em usinas nucleares consiste numa tecnologia que recrudesceu e consolidou-se na era da guerra fria, momento em que imperava uma lógica completamente diferente da atual.

No início, apenas alguns poucos países figuravam nessa fronteira tecnológica atômica e, por se tratar de uma tecnologia dual, o enriquecimento de urânio poderia ser usado, tanto para a geração de energia elétrica, como para a confecção de artefatos nucleares de uso militar.

Assim, os países que desenvolviam usinas nucleares para gerar energia, majoritariamente, detinham poderio bélico atômico, e vice e versa. Nesta esteira, as usinas de geração elétrica nucleares possuíam um “escudo”, digamos, “subjetivo”, que as protegiam de ataques das nações adversárias.

Ora, a lógica é simples: nenhuma nação, nem tampouco um estadista, por mais lunático que fosse, seria louco o bastante para bombardear, por mais fácil que possa parecer, por ataque aéreo ou terrestre, uma usina nuclear de um país com poderio atômico, sem que sofresse o risco de uma hecatombe nuclear de proporções apocalípticas.

Desta sorte, o “escudo subjetivo”, então, era este: o risco de uma guerra nuclear de proporções bíblicas!

Afinal de contas, como já colocado só é preciso um Boing, um bombardeiro tático ou um míssil de curto alcance, para realizar tal proeza e contaminar um continente inteiro.

Todavia, a guerra fria passou e muitos países acabaram desenvolvendo a tecnologia de geração elétrica nuclear. Entretanto, esse tal “escudo subjetivo” vem se esvaindo gradativamente com um castelo de cartas, em face de uma nova configuração de ataques, os chamados ataques terroristas celulares autônomos!

O inimigo agora não é mais uma nação, com uma sede de governo geograficamente definida, tropas aquarteladas, bases ou instalações militares. São, de fato, grupos organizados em células autônomas paramilitares, que promovem o terror contra todo o ocidente, mediante ataques suicidas, sem que possamos prever de onde virá o perigo.

Por sorte, nenhum grupo radical islâmico descobriu, ainda, a fragilidade das usinas nucleares, bem como o seu potencial de destruição massiva.

São verdadeiras bombas nucleares sujas, estabelecidas em diversas áreas críticas urbanas dos países que utilizam tal tecnologia. Na França, então, estão espalhadas por todo território, podendo atingir o continente nos vários flancos fronteiriços que o país possui.

Não há nada mais ameaçador para a humanidade e para o meio ambiente do que essas relíquias da era atômica! E não há fragilidade maior na segurança nacional, que países que as possuem em larga escala, como a França.

Sim! Infelizmente, o ideal seria a União Europeia fazer uma “vaquinha” para fechar a França por completo! Um verdadeiro Francexit!

Neste ponto, insta mencionar que o Brasil vive uma grande fragilidade, se considerarmos a configuração geopolítica e a retórica estratégica contemporânea utilizada pela França, que, com sutileza diplomática, ameaçou o Brasil de uma intervenção na Amazônia.

O fato é que, diferente das nações atômicas, o Brasil tem uma tradição pacifista e nunca possuiu qualquer “escudo subjetivo” que o protegesse de investidas de países atómicos, principalmente quando declarações se travestem de interesses comerciais ilegítimos.

Isso nos torna uma nação frágil e impotente, sujeita à uma escalada no aumento do tom diplomático deste adversários comerciais.

Um bom exemplo, foram as declarações do presidente francês  Emmanuel Jean-Michel Frédéric Macron de intervenção territorial no Brasil, ao falar em “status internacional da Amazônia”, em face do aumento das queimadas:

“Isso não está na discussão das iniciativas apresentadas hoje. É realmente uma questão que se colocaria: [e] se um Estado soberano tomasse de maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta? Então, aí haveria todo um trabalho jurídico e político a ser feito, mas creio poder dizer que as conversas que o presidente [do Chile] Sebastián Piñera teve com o presidente Jair Bolsonaro não vão nesse sentido.”

Tais afirmações escondiam, capciosamente, interesses econômicos mesquinhos e escusos, referentes ao acordo comercial da União Europeia com o Mercosul, bem como a pressão do agronegócio francês, que temia a importação predatória da carne Brasileira.

Precisamos, assim, de um “escudo subjetivo” que impeça tais agressões com fito econômico, embusteiro e oportunista.

Esse escudo subjetivo poderia ser, desde uma aliança militar com uma nação nuclear, ou o mero domínio do enriquecimento do Uranio, deixado para trás desde o governo do Fernando Henrique Cardozo.

Os tempos eram outros, a paz e o desarmamento reinavam, assim como o combate à energia nuclear. Contudo, a geopolítica mundial mudou radicalmente, assim,  se o Brasil desejar ter o mínimo de representação internacional, precisa possuir as mesmas armas que seus “coleguinhas” de planeta, de modo a não sofrer bulling.

A França jamais falaria em “internacionalizar territórios” de países com poderio atômico, sem sofrer as consequências destas declarações levianas.

Ora, se falasse em “internacionalizar a palestina”, provavelmente teria que conviver com misseis nucleares apontados de Israel para o seu território. Se falasse em internacionalizar a Caxemira, certamente a França se poria na mira de misseis da Índia e do Paquistão.

Se falasse, então, neste mesmo tom de intervenção em território com a Coreia do Norte, alguém tem dúvida do que aconteceria?

Não, jamais um chanceler Frances teria esta audácia, não é verdade?

Pode até se tratar de um oportunista barato, mas de bobo, o presidente francês não tem nada!

Seu tom leviano só foi possível em face da fragilidade nuclear brasileira, a falta de um “escudo subjetivo” que proteja nossa soberania.

Exerce subjetivamente, desta sorte o francês, da prerrogativa do seu poder bélico!

Contra o Brasil, e somente contra ele, o vigarista se vê confortável em perpetrar seu oportunismo barato com insinuações de intervenção no território nacional!

Pelo protocolo diplomático, um chefe de Estado falar em internacionalizar um território alheio de um país soberano é praticamente um ato de guerra, significa que: ‘― como tenho poderio atômico, e você não, logo, eu posso fazer e dizer o que eu bem entender!’ .

Destarte, vale trazer à colação que, nesta seara, reside o maior dilema enfrentado por nossa nação: se por um lado estimular a geração elétrica atômica consiste em alcançar uma fonte de energia barata, bem como o domínio de uma tecnologia crítica e vantagem competitiva global no campo geopolítico, por outro, volto a dizer que usinas nucleares nos expõe à mesma fragilidade que outros países já estão sujeitos, eis que como colocado, são gigantescas janelas de vidro e perigos para o meio ambiente e para a humanidade!

Na verdade, o recomendável seria que o Brasil abandonasse a geração nuclear, o que nem faria tanta falta em nossa matriz elétrica, como forma de pressionar economicamente países a buscar energias alternativas, ainda que caras, porem ecologicamente mais corretas.

A pauta da desnuclarização mundial consiste numa grande moeda de barganha para países  que não são dependentes da energia nuclear, como é o caso brasileiro, consistindo numa grande vantagem competitiva.

Por outro lado, pela perspectiva estratégica e geopolítica, o Brasil deveria enriquecer urânio, como forma de retórica diplomática que o coloque “a altura” do debate global, ou seja, que lhe forneça, por corolário, um “escudo subjetivo” apropriado!

Infelizmente, as armas nucleares ainda consistem, evidentemente, numa forma subjetiva e sutil de coerção, uma ferramenta de legitimação diplomática. Ao entender esse tipo de interlocução, o Brasil teria fundamentos para um posicionamento geopoliticamente competitivo no âmbito geopolítico internacional.

Pragmaticamente, o Brasil deveria defender a redução da geração elétrica nuclear no mundo, para coibir acidentes ambientais, ao passo que, como contraponto, deveria finalmente se inserir na geopolítica global com o enriquecimento de urânio.

Fica a dica, ministro Augusto Heleno!

Arthur Valle

É mestre em Administração Pública pela EBAPE/FGV, MBA do IBMEC e autor das obras: “Fortuna Imperatrix Mundi – Um alerta para a crise global, Muiraquitã, 1999. e A revolução do gás não convencional nos EUA: uma nova corrida do ouro?, TereArt Editora, 2015.”

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