A liberação do FGTS: pouco impacto na economia

Quarenta e um bilhões de reais. Ou R$ 41.000.000.000,00.

Este é o valor estimado pelo governo que será liberado das contas inativas do FGTS neste ano. Um excelente movimento, já que coloca em circulação recursos mal investidos para que as famílias que possam sacar o benefício e usarem como bem entenderem

Mas não se engane. A pirotecnia que será feita dizendo que o montante vai estimular a economia é exatamente e somente isso: pirotecnia!

Apesar de o montante parecer grande quando colocamos em números absolutos, se considerarmos seu valor em relação ao PIB do Brasil projetado para 2017, ele representa somente 0,63%. E, obviamente, isso não seria adicionado ao PIB prontamente. E há outros efeitos dinâmicos na economia – menor funding para o FGTS financiar habitação, por exemplo.

Mas a título de curiosidade, colocamos no gráfico abaixo como seria o consumo projetado das famílias para 2017 sem o FGTS ou caso elas gastem 100% do FGTS sacado ou somente uma parcela dele.

[caption id="attachment_9047" align="alignnone" width="967"] Fonte: IBGE. Elaboração e projeções próprias.[/caption]

Difícil de ver no gráfico o impacto para 2017? Sim! Pois a diferença é bem pequena mesmo.

E esse impacto deve ser ainda menor que a nossa rudimentar projeção, pois as famílias brasileiras estão muito endividadas. Assim, boa parte do FGTS sacado deve ser direcionado para pagamento de dívidas. Segundo o banco Santander, mesmo que a totalidade dos saques do FGTS fosse gasto para abater dívidas, o impacto tanto no estoque de dívidas quanto na inadimplência ainda assim seria bem baixo.

Novamente: para quem tem contas inativas do Fundo de Garantia, a medida é muito boa. Existe a oportunidade de sacar um dinheiro com baixa rentabilidade para aplicá-lo de forma mais eficiente, seja para reduzir dívida, seja para consumir ou investir.

Mas o impacto na economia brasileira – que será bradado pelo governo no anúncio do calendário de saques – será extremamente reduzido.

     

Leonardo Palhuca

Doutorando em Economia pela Albert-Ludwigs-Universität Freiburg. Interessado em macroeconomia - política monetária e política fiscal - e no buraco negro das instituições. Escreveu para o Terraço Econômico entre 2014 e 2018.
Yogh - Especialistas em WordPress